quinta-feira, 20 de julho de 2017

Cadáver-cidadão

José Saramago e Clara Ferreira Alves, a mesma desonestidade.
Desonestidade agravada, no caso de Clara Ferreira Alves. 

«há um ou dois anos, numa esquadra da polícia em Portugal, um sargento, ou cabo ou lá o que era, decapitou um homem […] Se a imprensa internacional fizesse eco desse caso, facilmente se daria de Portugal uma imagem terrível: "Aqui decapitam as pessoas!

Factos
«Cerca da 01h30 de 7 de Maio de 1996, o militar encostou uma arma ao pescoço de Carlos Rosa, suspeito de furto, para o intimidar e disparou, matando o jovem no interior do posto da GNR de Sacavém. Depois o corpo foi escondido e viria a ser encontrado decapitado. O Tribunal da Boa-Hora deu como provados os vários crimes de que estava acusado o sargento e condenou o militar a 17 anos de cadeia. O posto da GNR de Sacavém foi extinto e substituído por uma esquadra da PSP.»

Clara Ferreira Alves, desonesta
«[…]
Ali, nas esquadras, são simplesmente coisas que acontecem. Um tipo passa-se e bumba, dá uma tareia no preto. Ou decapita um tipo, como aconteceu há uns anos [...] A decapitação foi abafada e a coisa esquecida, para variar. Tudo coisas que acontecem. Nas esquadras. 
[…]»

«Há uns anos atrás [sic], eu lembro que houve uma decapitação numa esquadra. Estas coisas tendem a dissolver-se na nossa consciência colectiva e nós não ligamos muito a isso.»

Fique claro:
- ninguém foi decapitado;
- foi um cadáver e não foi na esquadra;
- a decapitação não foi abafada.  

Quando dispuser de pachorra e tempo, trarei mais exemplos, quantitativos e objectivos, da fraca fiabilidade desta bem-conceituada jornalista e portanto, dito isto, não tenho a menor dúvida que acompanho há mais de 30 anos com atenção e, amiúde, com admiração. Mas nem tudo vale, doutora Clara Ferreira Alves.