Perder-se dos pais e vice-versa. Dor, cinza.
«Encenador de ópera, Michel Rostain
enfrentou, em Outubro de 2003, o mais inconcebível dos sofrimentos: a morte do
filho único, Lion. Aos 21 anos, o jovem sucumbiu em poucas horas a uma
meningite fulminante. “O filho” é o relato detalhado de como um casal
atravessou o caos da dor e o longo processo do luto, encontrando no fim do
caminho motivos para dar sentido à vida e para gritar, como o pai em lágrimas à
saída da morgue, “Viva o sol! Viva o sol, apesar de tudo!” […] O narrador não é
o pai destroçado; é antes o filho, o morto [as cinzas foram enterradas no
flanco do Eyjafjallajökull] uma espécie de fantasma que o texto inventa e
reclama.
[…]
Em
certos dias, os meus pais inspiram fundo as minúsculas partículas de cinza que descem do Grande Norte até ao sul da
Europa, como se elas viessem de propósito carregadas de mim.*»
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PS - Sorrir no vulcão da dor é sabedoria rara a
que não raro aspiro. Ignorante e frágil, o mais que consigo é quase sempre chorar.
E tossir.