O Diário de Notícias de quarta-feira passada, 15, traz duas "cartas dos leitores". Uma é do «Porta-voz da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa» reagindo às, cito, «considerações sobre o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Dr. Pedro Santana Lopes» expendidas pelo vereador dos Direitos Sociais da Câmara Municipal de Lisboa, João Afonso, na entrevista publicada na véspera.
Revi a entrevista. Quase no fim, a jornalista Valentina Marcelino pergunta ao arquitecto João Afonso, eleito pelo Movimento dos Cidadãos por Lisboa:
- Preocupa-vos a possibilidade de Santana Lopes ser candidato e poder voltar à Câmara de Lisboa?
João Afonso- Se os lisboetas pensarem o que foi o mandato de Pedro Santana Lopes e o estado em que deixou a câmara, no que diz respeito ao endividamento, com certeza não o vão querer de volta. E que obras fez? Um túnel que serve essencialmente para pessoas que vêm de fora de Lisboa e piscinas que não estavam a funcionar e que foi o António Costa que teve de pagar as contas para as abrir. Essas foram as obras do Santana Lopes. Acabou. Não há mais nada. Do ponto de vista social não vejo também resultados do seu mandato e, do ponto de vista da gestão, a imagem da câmara estava completamente debilitada. Sinceramente, acho que já passou o seu tempo. Foi presidente de câmara, foi primeiro-ministro, mas já passou o seu tempo. As coisas não voltam para trás...
Essa, a única passagem em que se fala de Pedro Santana Lopes, possível próximo candidato à câmara de Lisboa e antigo presidente dela. Não há na conversa nenhuma alusão directa ou indirecta à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa ou quaisquer «considerações sobre o provedor».
O autor da carta entendeu importante esclarecer que não lhe «compete o papel de analista político ou de defensor oficioso do senhor provedor». Nesse caso, porque vem o leitor do DN, António Carneiro Jacinto*, inundar o jornal, na condição de «Porta-voz da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa», com a aluvião diluviana das magníficas benfeitorias à cidade de um dos políticos mais medíocres, vaidosos, videirinhos e sobrestimados de Portugal?