terça-feira, 31 de março de 2020

Henrique Manuel Bento Fialho

acordar  adormecer  arrepiar-se  arrotar  assoar-se  beber  bocejar  cagar  chorar  coçar-se  comer  espirrar  espreguiçar-se  foder  fungar  gargarejar  masturbar-se  mijar   peidar-se  pestanejar  respirar  rir  soluçar  suar  tossir  tremer  vir-se ... 
Gosto disto.*

Caldas da Rainha, terça-feira, 18.Fev.2020 - HMBF recebe em sua casa Cláudia Novais e José Carlos Tinoco,  numa conversa para o programa “3 Formam um Perfeito Par” da Rádio Transforma.
Atente-se, a partir daqui, em como HMBF vai ler — alguém conseguiria ler melhor? — um, como ele diz, «fragmento do Alberto»:
Quando era criança ouvi contar que Deus se escondia por todo o lado...
«De tirar a respiração.» - Cláudia Novais.
Concordo.

Nem sempre acompanhando as escolhas e opiniões de HMBF e com muita frequência concordando com ele**, é-me impossível não simpatizar deveras com Henrique Manuel Bento Fialho, decassílabo perfeito.
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* Ele não diz de que livro está a ler. Digo eu: "Antologia da Poesia Erótica Brasileira" organizada por Eliane Robert Moraes, Tinta da China, Nov.2017.

** Por exemplo, referindo-se a José Sócrates em 21.Out.2017:
«um tipo que cada vez mais se confirma ser um pulha sem vergonha na cara.»

domingo, 29 de março de 2020

De que galáxia vem este puto?

Diz-me alguém que "Off the Wall", de Michael Jackson, comparado com isto é um álbum de cantigas de embalar.
Também me parece. 

Cinco anos depois, calculo que terá ainda menos palavras para o descrever. Será exagero meu mas sinto que Jacob Collier, nascido em 1994, progride e distancia-se dos animais comuns todos os dias.
Venho de 1953 e já pedi às minhas filhas Carolina e Júlia que me tragam notícias de JC e amostras da sua música daqui a 40 anos. Fica pela paga de lhes ter dado a conhecer Johann Sebastian Bach e Antônio Carlos Jobim. Depois mando-lhes o meu e-mail.
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Tudo principia num Dó maior simples e limpo.
Quem entenda alguma coisa de harmonia só pode comover-se ante este génio.
Muito obrigado e os deuses te protejam, puto.

sábado, 28 de março de 2020

Pensar impensável

«É impensável pensarmos que os campeonatos não vão ser concluídos...»

Nada como, vez por outra, uma incursão nos areópagos do futebol para aspersões do mais refinado pensamento.

Lembro-me da password "socrates2009"...
É isso. De um amigo dilecto, fâmulo de serviço, homem de mão, não será temerário supor que frequente as mesmas escolas filosóficas de seu amo e ídolo.
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"O engenheiro e os filósofos [2]"

sexta-feira, 27 de março de 2020

Virtuosismo

«O estudante de Medicina tornou mais leve o dia de todos porque é também um virtuoso do saxofone.»
Maria Nobre | RTP 3, 26.Mar.2020

Se este jordano é saxofonista virtuoso — escangalho-me de estupefacção —, que adjectivo aplicaria a jornalista Nobre, por exemplo, a este puto tridentino?

Distanciamento social

Até dias atrás, este blogue recebia uma média diária de cinco/seis visitantes, o que, para a misantropia do locatário, raiava multidão pouco suportável.
Com a eclosão do vírus, seria de esperar, para tranquilidade do sobredito Plúvio, que a média decaísse para perto de zero.
Eis que, com atordoante surpresa e levemente estarrecido, acabo de verificar a presença de dois visitantes em simultâneo. 
Vejo-me, pois, em nome da sanidade pública e sob pena de cominação severa, forçado a determinar a proibição de permanência no Chove de mais do que uma pessoa de cada vez.
E por favor, nada de exaspero; chuva é o que não falta na internete. Da molha-parvos e da outra.
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quarta-feira, 25 de março de 2020

Relatório da virose

Quarta, 18 de Março
Com um bom discurso de João Oliveira, o Partido Comunista Português abstém-se no estado de emergência; a "Festa do Avante!" (ainda) não foi cancelada. Faz sentido.

1.ª Descontaminação das ruas de Bobadela, por José operário.

Quinta, 19
Dia do pai
A minha filha mais velha deu-me "A Sociedade do Cansaço", de Byung-Chul Han, de 2010, editado em Portugal em 2014, que começa deste modo, negrito meu:
«Cada época tem as a suas doenças paradigmáticas. Podemos, assim, dizer que existe uma época bacteriana que só durou, porém, quando muito, até à descoberta dos antibióticos. Apesar do medo descomunal de uma pandemia gripal, não vivemos presentemente na época viral. Graças ao desenvolvimento da técnica imunológica, já a conseguimos ultrapassar. [...]» - Página 9 
Se calhar piou cedo demais. *

«Quando se tratam de casos isolados, obviamente tudo se torna mais complicado. Até agora já assegurámos o repatriamento de cerca de 408 portugueses vindos de mais de quatro continentes.» -António Costa
Nada como um primeiro-ministro rigoroso e exacto. Ficamos mais descansados.
Já agora, «se trata de casos isolados», s.f.f.

Sábado, 21
Dia Mundial da Poesia
Não me atrevo a dizer que José Jorge Letria é melhor poeta do que Manuel Alegre. Não nutrindo especial estima por qualquer deles — tenho-lhes a poesia por igualmente sofrível e a eles por diversamente videirinhos —, acho que os versos de JJL, "A vida triunfa em casa", dão uma cabazada de qualidade e de carpintaria aos do impante cagão de Águeda, "Lisboa ainda". Do poema do Letria ninguém falou; as redes emprenharam com o do Alegre. É do share.

«[...] Vivemos a céu aberto como garimpeiros depois dos aluviões [...]»
Alguém avise sua eminência reverendíssima de que aluvião é um substantivo feminino. 

Assisti na RTP 2 a "Linhas Tortas", financiado pelo ICA, produzido por Paulo Branco, escrito por Carmo Afonso, realizado por Rita Nunes, com cameo da guionista acompanhada de Fernanda Câncio na plateia, felizes. 
A advogada Carmo Afonso, autora da história, que até nem escreve mal, veste António Almeida, protagonista, de escritor e jornalista. É em tal conformidade e tendo em conta a porrada de gente culta envolvida na urdidura da fita que se torna indesculpável aquele «Tenho de ir Luísa» sem a obrigatória vírgula na Luísa. Cambada de disléxicos!
Nunca falha. O putedo é coeso e solidário, raramente deslassa. Comem e dançam nos mesmos sítios.**

Domingo, 22
«nossas desculpas», o caralho!

Terça, 24
«Sei que isto não é apenas geracional, é também “de grupo”, mas a mim, quando estou distraído e oiço “segundo a DGS”, toca-me ainda uma certa “campaínha” histórica.»
Com tantos e lustrosos leitores, espanta que ainda ninguém tenha alertado o doutor Francisco Seixas da Costa para o acento espúrio com que de há muito faz tinir as campainhas.

Entre as 15h11 e as 15h15, durante exactamente 3 minutos e 54 segundos, a CMTV, a propósito da Covid-19, manteve em oráculo «2362 mortos em Portugal».
Tratava-se, claro, do número de infectados - mortos eram 33, mas insistiram sem corrigir. Distracção e incompetência intoleráveis. Mesmo sem querer, a CMTV não engana: sangue e morte pecarão sempre por defeito.

Quarta, 25
2.ª Descontaminação das ruas de Bobadela, pela Senhora da limpeza.

Entretanto, o doutor André Gonçalves Pereira, falecido em 09.Set.2019, continua a pontificar no Conselho Consultivo do Público e o doutor Miguel Esteves Cardoso, casado com Maria João Pinheiro há 20 anos, continua a viver com a Maria João «há quase 13 anos».

É do corona.
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* Acompanhemos Byung-Chul Han:
«[...]
Na China e noutros Estados asiáticos como a Coreia do Sul, Hong Kong, Singapura, Taiwan e Japão, não existe uma consciência crítica diante da vigilância digital e do big data. A digitalização embriaga-os directamente. Isso obedece também a um motivo cultural. Na Ásia impera o colectivismo. Não há um individualismo acentuado. O individualismo não é a mesma coisa que o egoísmo, que evidentemente também está muito propagado na Ásia.
Ao que parece o big data é mais eficaz para combater o vírus do que os absurdos fechamentos de fronteiras que hoje estão a ser feitos na Europa. Graças à protecção de dados, entretanto, não é possível na Europa um combate digital do vírus comparável ao asiático. Os fornecedores chineses de telemóveis e de Internet compartilham os dados sensíveis de seus clientes com os serviços de segurança e com os ministérios de saúde. O Estado sabe, portanto, onde estou, com quem me encontro, o que faço, o que procuro, em que penso, o que como, o que compro, aonde me dirijo. É possível que no futuro o Estado controle também a temperatura corporal, o peso, o nível de açúcar no sangue, etc. Uma biopolítica digital que acompanha a psicopolítica digital que controla activamente as pessoas. [...]
Na verdade, vivemos durante muito tempo sem inimigos. A Guerra Fria terminou há muito tempo. Ultimamente até o terrorismo islâmico parecia ter-se deslocado para áreas distantes. Há exactamente dez anos sustentei no meu ensaio "Sociedade do Cansaço" a tese de que vivemos numa época em que o paradigma imunológico perdeu a sua vigência, baseada na negatividade do inimigo. Como nos tempos da Guerra Fria, a sociedade organizada imunologicamente caracteriza-se por viver cercada de fronteiras e de vedações que impedem a circulação acelerada de mercadorias e de capital. A globalização suprime todos esses limites imunitários para dar caminho livre ao capital. Até mesmo a promiscuidade e a permissividade generalizadas, que hoje se propagam por todos os âmbitos vitais, eliminam a negatividade do desconhecido e do inimigo. Os perigos não espreitam hoje da negatividade do inimigo, e sim do excesso de positividade, que se expressa como excesso de rendimento, excesso de produção e excesso de comunicação. A negatividade do inimigo não tem lugar na nossa sociedade ilimitadamente permissiva. A repressão a cargo de outros abre espaço à depressão, a exploração por outros abre espaço à auto-exploração voluntária e à auto-optimização. Na sociedade do rendimento guerreia-se sobretudo contra si mesmo. [...]
O vírus não vencerá o capitalismo. A revolução viral não chegará a ocorrer. Nenhum vírus é capaz de fazer a revolução. O vírus isola-nos e individualiza-nos. Não gera nenhum sentimento colectivo forte. De alguma maneira, cada um preocupa-se somente com a sua própria sobrevivência. A solidariedade que consiste em guardar distâncias mútuas não é uma solidariedade que permita sonhar com uma sociedade diferente, mais pacífica, mais justa. Não podemos deixar a revolução nas mãos do vírus. Precisamos de acreditar que após o vírus virá uma revolução humana. Somos NÓS, PESSOAS dotadas de RAZÃO, que precisamos de repensar e de restringir radicalmente o capitalismo destrutivo, e também a nossa ilimitada e destrutiva mobilidade, para nos salvarmos, para salvar o clima e o nosso belo planeta.»
"A emergência viral e o mundo de amanhã" | El País, 22.Mar.2020

** A propósito e a despropósito, faz hoje dois anos...
Aqui se repristina o memorial.

quinta-feira, 19 de março de 2020

Por favor, pessoas,

desinfectem bem esse botão que diz “OK”.
OK?

Nós e os outros

«batalha em que ... combatemos, sem espectáculo e sem alianças, orgulhosamente sós.»

«Nascemos antes de muitos outros, existiremos ainda quando eles já tiverem deixado de ser o que eram e como eram.»

Pergunto-me: por que esperam eles, o resto da Humanidade, para cortar relações com Portugal?
Não me lembro de pronunciamento tão inamistoso, por parte de um dirigente nacional, para com os nossos irmãos no planeta.

Fanfarronice cósmica insana, a deste pelotiqueiro ubíquo e frenético de Cascais. Ninguém o pára.

É por insolências destas que se calhar merecemos que o vírus coiso nos dizime. Antes de (a) muitos outros
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segunda-feira, 16 de março de 2020

Comandante supremo, mais alto magistrado

Pobre República Portuguesa, entregue a um palhacito frenético de Cascais.
Sebastião Bugalho, insuspeito de delírios esquerdóides.
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Arlequim, arlequim aos molhos...