terça-feira, 19 de abril de 2016

Três vozes distintas numa terra de Antónios

. Elísio Estanque
o Brasil tem obviamente como todos sabemos

. Desidério Murcho
as verdades necessárias para começar por aí

. Possidónio Cachapa
por uma razão simples
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Perdão pelo atraso
DN, 19.Abr.2016, p. 24

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Oh exactidão das coisas! Oh língua, minha pátria!

Esta manhã, em Paris.

Diga-nos, doutor António Costa [AC], quantos, exactamente, são os bancos com estatutos blindados?
AC Há cerca de oito inchtuições financeiras em Portugal que têm os estatutos com restrição dos direitos de voto.

Mas não se pode fazer nada quanto a isso, senhor Primeiro-Ministro? 

Tá.

sábado, 16 de abril de 2016

Rui Massena, em português vernáculo com 13 links e reticências

Vai escarcéu no mercado musical em torno do disco "Ensemble" que Rui Massena gravou com a — clicar, s.f.f. — Orquestra Sinfónica Nacional Checa.
Que dizer? Pouco, quase nada.
Rui Massena ter-se-á por um génio. 
Com todo o respeito pelo ofício para que afanadamente se adestrou na escola, o compositor Rui Massena vale pouco. 
Não esperava dizer isto, mas as criações soporíferas e óbvias de Rui Massena transformam o maçudo redundante Ludovico Einaudi num genial colibri de espanto e inquietude.
Rui Massena está para as pianadas como Rão Kyao para os pífaros. São falhos de rasgo, os deuses ignoraram-nos descaradamente na caprichosa e avara distribuição a certas criaturas do dom raro e precioso … ai como se chama? … aquilo, porra, … parecido com passevite … …, isso, eureka!, do dom raro a que chamamos wit. Já Camões, E vós, Tágides minhas ..., não era senão wit ao que aludia.
Por exemplo, estas modulações em Ré maior/Si menor... **  Piroseira rançosa a fazer o menino da lágrima * soarRubens  vintage.
Oh inefável, oh imorredouro peiderman!...
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* Excurso breve pela História da Arte.
** Houslisté jsou pěknéEu não dizia?...

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Recomendação ao senhor padre poeta comendador Tolentino

Ponha os professores e alunos da universidade de que é vice-reitor, mormente dos cursos de Economia, Gestão, Marketing e Direito, a ler, a reflectir e a debater sobre as últimas 10 linhas de "Os inimputáveis", crónica de Miguel Sousa Tavares no Expresso de 09.Abr.2016.

Isso mesmo: ganância, escrúpulo, ética.
Semana sim, semana sim, sabatina na Católica. Para aquilatar o avanço das consciências. Alguns irão para o governo, muitos para o empresariado.

Não se brinca com a tropa nem se acirra o lóbi guei

Depois de em apenas 35 dias de consulado ter intervindo em todos os azimutes, do Vaticano ao Barreiro, ter estado em todos os velórios, patrocinado todos os acontecimentos políticos, económico-financeiros, culturais, sociais, religiosos, desportivos, recreativos — talvez falte uma corrida de toiros… —, ter sentenciado e botado faladura sobre tudo e mais um par de botas [botado botas?], eis que o nosso presidente-arlequim aos costumes diz nada.
Pudera! Sabido, cartilagíneo e flutuante como ninguém, ia lá Marcelo alguma vez opinar publicamente contra ou tão-só desalinhado dos que verdadeiramente determinam a engrenagem e timonam a opinião e a comunicação de massas? Marcelo tudo fez e fará para ganhar e se manter nas boas graças do futebol, da religião, de Cristina Ferreira, da maçonaria, do jugular, dos prosélitos e sequazes de todas as confrarias do politicamente correcto, da paneleiragem e do fufedo, que são quem condiciona o episódio  em causa, organizados com perpétuo «orgulho» — assim falam, assim se proclamam — sob o diktat incontrariável [banido da sanidade social quem se atreva] de presuntiva superioridade antropológica ó Plúvio e se te calasses já que o presidente se calou?
Marcelo Rebelo de Sousa é um incontinente frenético estonteante; tonto, jamais. Mas, não tarda, terá O Eixo do Mal a pedir-lhe gravitas
Não, não tenho saudades de Cavaco; muito menos de Mário Soares.
Ai de mim.

TVI na morte dos Nicos

Pareceu-me escorreito e justo o modo como José Alberto Carvalho — minuto 00:32 do "Jornal das 8" de 12.Abr.2016 — informou sobre a morte de Francisco Nicholson.

Já cinco semanas antes, achei um cagarim esparvoado o modo como, a abrir — minuto zero do "Jornal das 8" de 14.Mar.2016 —, Pedro Pinto noticiara a morte de Nicolau Breyner que, já agora e ao contrário do Nicholson, mal escrever sabia:
«Boa noite. Um dia triste para a cultura portuguesa. Morreu Nicolai (sic) Breyner.»

Pensando eu que depois da morte do chefe Silva dificilmente alguém voltaria a deixar triste a «cultura portuguesa»…

Com o devido e repartido respeito.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Primeiro levaram... não sei quem, e outros gorjeios do sapiens sapiens

Sabe-se, os comunistas adoram Brecht. Os de sensibilidade lírica mais ateada chegam a vir-se à simples invocação do seu nome. É gosto, é liberdade, estão no seu direito, nada contra.
Apanhei ontem um panfleto do SITAVA [Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos] — "E QUANDO FOR EU ???" — que adapta a um ocorrente, sério e respeitável problema laboral os famosos e decantados versos, libelo contra a indiferença, que começam por «Primeiro levaramEm seguida levaram …».
Nove em cada dez adultos medianamente cultos, nuns aliterantes mas rigorosos cálculos ultos ultos a que acabo de proceder de outiva, estão [foram] convencidos de que o pai do poema é Bertolt Brecht. Sem surpresa e com alento do oxigénio puro que lhes sopra de um leste prístino, os escribas deste sindicato comunista não hesitam: Bertolt Brecht [eles escrevem "Bertold"; por via das teimas fui espreitar como está na campa], claro!, há dúvidas?
Há. Muitas. Todas.

Para mim, espécime proto-adulto da microminoria sofrivelmente informada, o autor é Martin Niemöller. Por mais que tal desconvenha à inflamada Cipe Lincovsky.  
Estribo-me, e chega, no trabalho generoso de dois estudiosos:
- Harold Marcuse [Hello, I am a professor of German history a the University of California, Santa Barbara...]
Que tal?

Portanto, a Niemöller o que pertença a Niemöller; e a Brecht o que for de Brecht, mas só o que for, porra! O fervor em manobras não deixa de me entreter. A maior parte das vezes cansa-me. E enerva. 
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Na net junta-se amiúde o nome de Vladimir Maiakovski, mas isso é história ainda mais mal contada.

Tiros ao lado do destino e a polissemia das coisas

Joshua Ruah, a propósito de Joshua Benoliel, para Catarina Guerreiro, na Notícias Magazine de domingo, 10.Abr.2016:
«O meu avô estava no Terreiro do Paço a fotografar o desembarque da família real, que regressava de Vila Viçosa. Sabendo que iam para as Necessidades, meteu-se na tipóia para lá estar antes e fotografá-los a chegar. Mas, na esquina, quase ao pé do destino, o rei e o príncipe herdeiro foram mortos com tiros.»

De facto, o Palácio das Necessidades não fica longe do Terreiro do Paço e sabemos que Ruah diz «destino» no sentido idêntico ao do «comboio procedente de Lamarosa com destino a Tomar».
Mas, co'a breca!, morrer-se quase ao pé do destino não é todos os dias nem para toda a gente. Caso para pensar — fiquei a pensar — que talvez Carlos e o filho Luís Filipe não tenham cumprido o seu. Por um triz, por dois tiros. Ou mais.
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Ai destino, ai dest, ups!, Zingarela romantica...
É, não é?

quarta-feira, 13 de abril de 2016

1950 — Mais minuto, menos minuto

"La mala hora", romance de Gabriel García Márquez [06.Mar.1927-17.Abr.2014], foi publicado pela primeira vez em 1962, em Madrid, à revelia do autor. Só em 1966, no México, haveria de ser publicada a 1.ª edição "autorizada".

«[...]
El alcalde caminó hacia la puerta ajustándose la funda del revólver. Viéndolo alejarse, el juez Arcadio pensó que la vida no es más que una continua sucesión de oportunidades para sobrevivir.
[...]»

2016, em Lisboa, "cidade de acolhimento": 
«A vida é uma contínua
sucessão de oportunidades
para sobreviver.»
Gabriel Garcia Marquez
1950
PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL»

Espera-se que Lisboa trate os refugiados que acolhe com mais cuidado e atenção do que trata as pessoas que julgam aprender coisas certas na propaganda medínica que afixa nos passeios.
No mupi,
- faltam dois acentos no nome do autor da frase – desleixo desrespeitoso e feio; 
- em 1950 faltavam, no mínimo, 12 anos para a frase de Gabriel García Márquez ser citável.
Ou seja, pelas minhas contas o doutor Fernando Medina anda a pagar a burros.

Ainda assim, nem tudo está mal no cartaz: em 1950, a Segunda Guerra Mundial já tinha terminado — mas não a terceira e seguintes, havendo seguintes — e a tradução da frase afigura-se fiel.
Ah, e a iniciativa da câmara parece bonita e socialmente estimável.
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Então, Plúvio, e o corpo de delito?

terça-feira, 12 de abril de 2016

Vitrúvio nos elevadores alemães

«Sabia que as primeiras
referências aos elevadores
foram feitas pelo arquitecto
Romano Vitrúvio que construiu
o seu primeiro elevador em 236 a.c. (wikipedia).»

Sucede que
- Vitrúvio não se chamava Romano;
- o romano em causa chamava-se Marco;
- "Sabia que…", interrogativo, tem de rematar com "?" e não com ".";
- etc.
Se a tecnologia for tão fiável como a informação e a gramática com que a ThyssenKrupp contribui para a cultura geral dos portugueses que sobem e descem nas suas cabinas, mais prudente será ir pela escada.

Quanto às obras de beneficiação deste macho vitruviano, manifestamente apócrifas, não se vê outro propósito que não seja o de elevar o moral dos frequentadores do edifício do Claustro do hospital de Santa Marta.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

O combate

de Vitório Rei.

domingo, 10 de abril de 2016

Rescaldo do congresso

[...] por exemplo, a educação [...]
Espinho, domingo, 03.Abr.2016

sexta-feira, 8 de abril de 2016

O mar do jornalista e o mar do pescador

«[…]
O facto é que Susan foi encontrada e salva por pescadores, a 500 metros da costa, era meia-noite e tal, mar bravio e lua cheia. Nadava ou, melhor, exausta agarrava-se à malinha de mão que nunca largou.
[…]»

Leonardo Correia, pescador:
«O mar por acaso estava calmo. Foi a sorte dela.»

Tenho o jornalista Ferreira Fernandes, que acompanho vai para 40 anos, por um dos melhores.
Decepciona-me vê-lo desmentido num facto.

Negritos meus.
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* Inclui o famoso mutatis mutandis ferreirafernandino. Mas isso, «mudando o que há para mudar», é mais forte do que ele.