Dizer de quem diz mal e a quem mal se perdoa que mal diga.
Viva a língua portuguesa!
. Clara Ferreira
Alves, licenciada em Direito, jornalista, escritora
[Nada como
começar pelas estrelas. Em artigo de há dois meses, bastante recomendável, de
que ninguém falou e a que talvez volte por causa de uma tralha que trago a
levedar, diz Francisco Pinto Balsemão de Clara Ferreira Alves, sua dilecta
assalariada no Expresso:
«(…) A própria Clara
Ferreira Alves é uma marca/estrela que muito valoriza a constelação
jornalística do Grupo Impresa. (…)»
Clara Ferreira
Alves está envelhecida (eu, que nasci três anos antes, acompanho e aprecio a
sua prestação escrita e televisiva desde que ela trabalha em público, vivo ciente de que cada segundo na idade dela representa um segundo a mais na
minha), prenhe de si, tem-se em himalaica conta e exprime-se infestada de
tiques — e portanto, dito isto, etc.— e de meneios de sobranceria*. Ninguém a
contrarie, que ela grita mais.
Mas, tirando os
defeitos de expressão, alguns rombos no rigor**, e não obstante a idolatria cega
por Mário Soares e o alinhamento
fascinado por Ricardo Sá Fernandes,
apóstolo de Camarate e da inocência de Carlos Cruz***, tenho CFA por boa de pena; sem ironia, das melhores. Tanto me encanita quanto a admiro,
concordando frequentemente com ela.
Mas vejamos três
ou quatro amostras do eloquente falar de CFA, que é isso que aqui me traz.
Eu andei em
Coimbra, a inventora desta obnóchia tradição., referindo-se às praxes académicas.
A doutora de
Coimbra que me desculpe mas, na frequência instruída em que gosta de
emitir, obnóchia soa a enormidade ridícula numa boca culta.
A licenciada em
Direito e comunicadora de TV Clara Ferreira Alves diz recorrentemente, e sempre mal, acòrdos, pèrda, èconoclastia, pzeudo-, alèrgias, pâtético.
Não diferencia "melhor" de "mais bem". Exemplo: Acho que estou melhor preparada.
Atente-se no
solecismo que assenta particularmente mal numa auto-reclamada queirosófila: Vão começar a haver na Europa
movimentos destes., referindo-se ao Tea Party.
Etc., como, e portanto, ela diz.
. Vítor Ramalho, licenciado em
Direito
Vão haver agora eleições
para o Parlamento Europeu.
. Aníbal Cavaco
Silva, doutorado em Economia, professor universitário, Presidente da
República
Vamos ver aqui
este belo trofeu...
Palácio
de Belém, 20.Jan.2014
. Maria João
Avillez, tia, jornalista, escritora
Ó Mário, quando é
criada uma situação que tem que ser debelada, o remédio é amarguérrimo, o remédio foi amarguérrimo.
. Henrique
Cayatte, professor universitário, designer
plàtaforma, gèração, gèracional
Gosto de Henrique
Cayatte.
. Luís Represas, músico
Gravou e anda a
cantar há 30 anos um enorme dislate gramatical e um desrespeito menor ao
original de Carlos de Oliveira [poema "Xácara das bruxas dançando",
do livro "Mãe Pobre", publicado em
1945]:
«[…]
Ó castelos
moiros, armas e tesoiros / Quem vos escondeu?
Ó laranjas de
oiro que
ventos de agoiro / vos apodreceu?
Há choros,
ganidos, / à luz das cavernas / onde as bruxas moram,
onde as bruxas
dançam
/ quando os mochos amam / e as pedras choram.
[…]»
«[…]
Ó castelos moiros, / armas e
tesoiros, / quem vos escondeu?
Ó laranjas de
oiro, / que vento
de agoiro / vos apodreceu?
Há choros,
ganidos, / à luz da caverna / onde as bruxas
moram,
onde as bruxas
dançam / quando os mochos amam / e as pedras
choram.
[…]»
Para rimar com escondeu
teria de ser vento o que apodreceu as laranjas. Por outro
lado, as bruxas do poeta moravam todas na mesma caverna. Luís Represas
dispersou-as.
- Declamação de Maria Barroso. Ela
diz bem, "vento", ainda que a letra aqui apresentada contenha os "ventos" espúrios. O
que a doutora diz mal, inventa, é «as unhas podres de nojo». Carlos de Oliveira
escrevera «podres de tojo».
- Mas quem, apesar
dos "ventos", afinal virais na transcrição do poema, recita
"Xácara das bruxas dançando" esmerada e impecavelmente é João
Grosso.
. Pedro
Vieira, licenciado em Publicidade e Marketing, ilustrador, apresentador de
TV, blogger
drògados
Canal
Q, "Inferno"
. O patusco
Fernando Seara, licenciado em Direito, benfiquista
Há passeios em
Lisboa cheios de buracos. … As pessoas caem, magoam-se, trocem o pé.
as consequências
resultantes daquilo que eu chamo os swaps
Eu diria mais: as
consequentes, decorrentes e advindas consequências resultantes e supervenientes
. Pedro Passos
Coelho, licenciado em Economia, Primeiro-Ministro, pinículo
«Hoje,
na Assembleia da República, o primeiro-ministro disse claramente estejemos.
Esperemos que tenha dúvidas e que procure rapidamente saber como é.»
Mas não procurou:
Isso não
significa que estejemos alheados das muitíssimas dificuldades que estamos a viver.
Desde que nós
tenhamos os pés assentes na terra e sejemos realistas
. Assunção
Cristas, licenciada em Direito, ministra, pinícula
Isto não quer
dizer que sejemos fracos com os fortes.
. João Perry, actor,
declamador, encenador
Levávamos pacotes
de papel pardo com feijão, grão e outras virtualhas.
. Jorge Barreto
Xavier, licenciado em Direito, Secretário de Estado da Cultura,
pinículo
Isso foi uma enfabulação de uma
circunstância., ...
… quem sabe se
sob influência remota da cultivadíssima
. Maria
Filomena Mónica, licenciada em Filosofia, doutorada em Sociologia,
investigadora,
. Mário Crespo, nessa zona,
jornalista
Eu vou começar
por citar um filósofo norte-americano, John Dewey, que diz que a arte é uma experiência de vida que
combina espontaniedade com um sentido de forma.,
à conversa com
. Miguel
Arruda, licenciado em Arquitectura, escultor, designer,
que do outro lado
explicava:
aquilo que nós
hoje, à distância, chamamos de 25 de Abril, tinha de facto uma certa áurea … E isso perspassou a toda a gente.
O nome
exacto daquilo, "25 de Abril", esqueceu-se Arruda de
explicar e Crespo, aqui fica, de lhe perguntar.
. Mário David,
licenciado em Medicina, eurodeputado pelo PSD
Vitali Klitcshko, do partido Udar, ex-campeão mundial de
boxe, e esse, sim, com toda a
áurea de um herói nacional.
. Catarina
Martins, sempre em iminente asfixia, licenciada em Línguas e
Literaturas Modernas, mestre em Linguística, actriz, dirigente e deputada do BE, que
não só está preocupada com os ucranianos como também está preocupada com as
ucranianas [SIC Notícias, "Jornal das 9", 18.Fev.2014, minuto 02:35]
O Estado ficou
com as imparidades que têm a ver com o lixo tóchico.
. Helena Sacadura
Cabral, licenciada em Economia, jornalista, escritora
Havia na borda da
estrada o cabo coachial
. Paulo Portas,
homem, licenciado em Direito, jornalista, Vice-Primeiro-Ministro, pinículo
Obrigadíssima!
. Adriano Moreira, doutorado em
Direito, professor catedrático
Espero que a
democracia cristã se revigore em Portugal, quanto muito com a intervenção
do actual patriarca de Lisboa, que é um sujeito muito inteligente, muito
informado, muito devotado e com grande fé.
. Eduardo Paz
Ferreira, doutorado em Direito, professor catedrático
… filhos de dignatários do regime …
. Pedro Marques
Lopes, e com isto termino, licenciado em Direito, empresário,
Não podem haver debates, nas
televisões nem nas rádios, não podem!
a maneira como o
euro foi incorporado nas nossas economias, de uma maneira que eu acho abesolutamente nigligente … foi abesolutamente nigligente nós impormos uma
moeda.
A procissão dos
swaps ainda vai no adro. Era capaz de apostar singelo contra dobrado que durante os
próximos tempos mais casos surgirão.
Era capaz de apostar singelo
contra dobrado que o acordo com o PSD era total.
Apostar nesta modalidade, até eu, que nasci pobre e hei-de morrer miserável.
PML, belo e trauliteiro espécime-produto do excelente ensino da Católica, continua a ir de encontro a quando quer ir ao encontro de [SIC/Eixo do Mal,
DN]. Mas não deprima, caro doutor Pedro, que não está só:
. Marcelo Rebelo de Sousa, professor catedrático de Direito,
quando quer ir ao encontro também vai de encontro:
Quanto à ideia de
que quem paga impostos é beneficiado, eu não sei o que é que ele [Vítor Gaspar] tem
na cabeça, se é fazer aquilo que Portas Pediu, ir de encontro ao que Portas
pediu, ou se é uma coisa mais modesta, tipo as facturas.,
TVI, 30.Jun.2013, minuto 21:20
tal como, de resto, outro ilustre e opinativo professor universitário,
. Rui Ramos, licenciado em História, doutorado em Ciência Política,
porque o historiador procura audiência para aquilo que escreve e, nesse sentido, estuda o que vai de encontro àquilo que são as preocupações do seu tempo.
DN/Q, 07.Dez.2013
. Luís Pedro Nunes, licenciado em
Comunicação Social, jornalista
E há tipos que
são um pouco irrascíveis, como eu e outros.
Pedro Mexia, que
muito admiro, observa em "Erros
de pronúncia" — recensão
a Pnin, de
Vladimir Nabokov —, no Expresso/Atual de 07.Dez.2013, que o narrador
dedica uma atenção maníaca aos detalhes.
Só não estou
inteiramente certo de ser também esse o meu mal porque a minha atenção é mais
aos pormenores. Onde mora o diabo.
- O sr.
demarco diz: obnóxio . acordos
. perda . iconoclastia . pseudo- alergia . patético . troféu
. verosímil, inverosímil . idiossincrasia . plataforma . geração . geracional . drogado . torcer
. estejamos . sejamos .
vitualhas . efabulação . espontaneidade
. aura . perpassar . tóxico
. coaxial . dignitário . absolutamente
. negligente . irascível .
cócegas
__________________________________________
* Clara Ferreira
Alves no Canal Q, "O que fica do que passa", 07.Mar.2014 – minuto
10:18 [quando disponibilizarem o vídeo, conecto], comentando a manifestação dos
polícias de 05.Mar.2014 frente a S. Bento:
Os polícias não
são arruaceiros e portanto não tapam a cara. … Uma coisa é reivindicar
e negociar, outra coisa invadir as escadarias e meter um, um, um, um, um, um passe-partout, e
lançar petardos.
Movida pelo seu
idiossincrático empertigamento cultural, a doutora Clara em vez de, agradecida,
pegar com simplicidade no passa-montanhas com que o
excelente LGM veio acudir ao seu engasgue,
não resiste, antes de prosseguir, a uma explicação errática e bacoca de má
perdedora:
É isso, um
passa-montanhas. Há quem lhe chame passe-partout. Aqui nós chamamos passe-partout
às molduras, incluindo as montanhas. Dá para passar por todo o lado porque
ninguém sabe quem lá está dentro.
Nova ilustração:
«Estava sentada
numa cadeira ao sol, à beira de uma piscina pública de Coimbra. Sol de Junho.
Nos altifalantes, a voz do Sérgio Godinho: 'Este é o primeiro dia do resto da
tua vida'. […] Um dia quente de um Verão quente, estávamos em 75.»
Três anos antes,
em 1975, e a fiarmo-nos no jornalismo sério escoado pelo Expresso, a promissora e jovem caloira de
Direito, Clara Ferreira Alves, «sentada numa cadeira ao sol, à beira de uma
piscina pública de Coimbra», escutava Sérgio Godinho a cantar "Este é o
primeiro dia do resto da tua vida", decerto acometida por prodigioso
transe proléptico e quem sabe se trauteando a letra ela própria também.
Investigação mais
cuidadosa do episódio permitiu-me detectar uma pequeníssima e irrelevante
inconformidade tudo indicando que devida a deficiência técnica dos altifalantes
da piscina: de facto, Sérgio Godinho sempre cantou e tem cantado "Hoje é o primeiro dia" e não "Este é o primeiro
dia". Não será, contudo, de tal minudência que o jornalismo sério sai
infirmado.
Clara Ferreira
Alves, excitadíssima- Sobre a Casa Pia, queria dizer que, retomando tudo o que
já foi dito, que é um processo que assenta em prova testemunhal [cara de enjoo] numa falabilidade [sic] absoluta e que,
sem querer de maneira nenhuma minorar o sofrimento das vítimas … As vítimas e as
alegadas vítimas também se enganam às vezes nessa prova testemunhal; e repito
apenas aquilo que o Daniel disse: "e se estiverem inocentes?" Há um princípio
básico no Direito Penal; chama-se “in dubio, pro reo” [batendo, furiosa, com a mão na mesa]. Se houver
dúvida!, temos que absolver. Se houver dúvida, temos que absolver. E eu tenho
muitas dúvidas neste 'caso Casa Pia', muitas dúvidas.
Clara Ferreira
Alves, assanhada e gritante, expondo à câmara o livro "Inocente para além de qualquer dúvida", brandindo-o e
propagandeando-o com veemência de megafone típica dos feirantes de
banha-da-cobra- Queria falar deste
livro, do Carlos Cruz, cujo julgamento está neste momento em recurso e a ser
avaliado pelos tribunais, e é impossível — o livro tem
o prefácio do Miguel Esteves Cardoso —, é impossível ler este livro sem ficar com
enormes dúvidas, não sobre a inocência de Carlos Cruz, que essa tem sido a base
de tudo isto, mas sobre a culpabilidade de Carlos Cruz. Este processo [CFA com ar de troça] não deixa qualquer dúvidas [sic] de que há dúvida sobre a culpabilidade de Carlos Cruz e
há um princípio-base no Direito Penal: chama-se “in dubio, pro reo” — em caso de dúvida, absolve-se; em caso de dúvida,
absolve-se. Não é um juízo subjectivo, é um juízo objectivo, é a base de todo o
Direito Penal [CFA gesticula,
sentenciosa]. Além de que, como dizia um
amigo meu, não é só da liberdade de Carlos Cruz que estamos a tratar; é da
nossa própria liberdade. Este processo é terrível. É dreyfusiano e deixa-me assustada.
Que ele tenha sido conduzido, investigado e tenha chegado a este ponto deixa-me
muito assustada sobre a democracia portuguesa e sobre as instituições de defesa
em Portugal.
Pedro Marques
Lopes- … quanto a Carlos Cruz e em relação àquele livro que eu li… É
assustador ler aquele livro. Eu não precisava de ter lido o
livro — sou muito franco — para saber ou
julgar saber o que se passou dentro deste processo. Foi um processo
que eu acompanhei de perto, por muitas razões. É… eu senti-me, não houve página
que eu não tivesse passado em que eu não me sentisse arrepiado, como já
me tinha sentido ao conhecer os procedimentos. E, antes do “in dubio, pro reo”,
se me permites, há uma coisa vital, que é a presunção da inocência. E o que se
passou neste processo, aquilo que está naquele livro; muitas das coisas que
estão ali naquele livro, que são baseadas em peças processuais, os testemunhos,
são de nós nos assustarmos porque … eu faço minhas as palavras, salvo erro, do
Miguel Esteves Cardoso, no prefácio, que diz “Isto podia-nos acontecer a cada um
de nós”.
E este processo vai ser um processo de que daqui a 20 anos ainda vamos falar
mas que me faz ter muito medo, muito medo de sair à rua.
Aparte de CFA– É
o nosso caso Dreyfus, é o nosso caso Dreyfus!
Daniel Oliveira- Eu quando falo com alguém sobre o 'caso Casa Pia', que deve ser o
caso que mais insultos me mereceu até hoje …
Nuno Artur Silva-
A
todos …
DO- … a todos,
provavelmente, as pessoas têm convicções — "Mas tu achas que ele é culpado?" […] Muitas
pessoas não têm claro para que é que serve a justiça. A questão não é — para mim
nunca foi — se Carlos Cruz é culpado ou inocente; não sei. Para
mim, a questão é simples. Eu comecei a ler este livro, acompanhei
bastante o processo, comecei a ler este livro, ainda não acabei, e o que digo
é que há uma convicção que eu tenho: o 'processo casa Pia', como foi julgado e
feito, é assustador.
PML,
corroborando- Assustador!
DO - … e isso é o que me
interessa e independentemente e para lá de Carlos Cruz.
Com Carlos Cruz e os outros entretanto na cadeia, condenados e recondenados — crimes de abuso sexual de menores — por uma legião de profissionais
da Justiça incompetentes e mancomunados em obscuro propósito mefistofélico,
nunca mais Clara Ferreira Alves, Pedro Marques Lopes, Daniel Oliveira e Nuno Artur Silva,
borrados de medo, terão saído à rua sem escolta, mas parece que o livro foi um
sucesso editorial.