domingo, 29 de julho de 2012

Cães ao fim-de-semana

«Freud lembrava que a devoção de um cão ao dono é o único amor incondicional. Por definição, a inversa não é obviamente verdadeira. De resto, e a benefício da clareza, não reivindico leis que castiguem quem larga bichos por conveniência: a decência não se alcança por decreto. Só gostaria que, se me perdoarem nova citação, a certeza de Milan Kundera de que o cão é o elo do homem com o Paraíso estivesse realmente certa, e que aqueles que quebram o elo acabassem no lugar que merecem.»
- x -
"Dois cães matam idosa que os alimentava"

sábado, 28 de julho de 2012

Que se lixem as eleições e a virgindade perdida

«Mesmo que consideremos que o conceito de democracia está contaminado por um mal-entendido fundamental e deu lugar a uma conversa inócua que esvazia a política de conteúdo, dizer “que se lixem as eleições, o que interessa é Portugal”, como fez esta semana o primeiro-ministro, é um lapso terrível, porque a verdade que nele surge, como um sintoma, é da ordem do irreparável. Tão irreparável como a virgindade perdida, que nem Deus consegue tornar reversível, porque entre os seus poderes, segundo uma discussão teológica vinda da Idade Média, não está o de fazer com que aquilo que aconteceu deixe de ter acontecido.
[…]
O “que se lixem as eleições" é uma resposta demófoba de quem tem dos cidadãos a ideia de que eles não atingiram o estado de maioridade e são incapazes de agir e pensar por si mesmos.
[…]»

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Real time

Finalmente umas olimpíadas na hora de Lisboa.

O João Lopes não é o Nuno Rogeiro

«assiste-se a coisas extraordinárias como um especialista em agricultura biológica a tecer espantosos considerandos sobre a venda de armas dos soviéticos ao regime sírio.»
João Lopes, "Revista de imprensa???" | Notícias TV, 27.Jul.2012
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Pelas minhas contas, o excelente João Lopes [Caldas da Rainha, 1954] foi durante 37 anos contemporâneo do regime soviético. Isso marca qualquer um.

Filomena Naves trabalha onde trabalha,

Teresa Firmino trabalha no Público.
Esta urticária à concorrência, sonegando-a, torna o DN - "O livro de ciência para todas as idades", 27.Jul.2012 - mesquinho, ridículo, ligeiramente miserável.

O Vasco a meter-se com a Mena

«o protesto hipócrita e pequeno-burguês por ele se atrever a usar, numa espécie de comício, a terrível palavra "lixem". Isto que, em formas bem mais duras, se tornou habitual na imprensa inglesa ou americana ainda ofende o ouvido de certas damas da academia e da sociedade, que por aí despejam opiniões sem sentido.»

«Embora não tenha acessso a casas de banho masculinas, imagino que seja esta a linguagem – que injustamente atribuímos apenas a taxistas – que os homens portugueses utilizam quando ninguém os ouve.»

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Competências, valências e sevilhas

«[…]
A veneração rústica do canudo, que por exemplo leva milhares de enfermeiros e de professores a exigir uma “colocação” dentro do Estado, impede milhares de doutores avulsos de compreender a indiferença que suscitam fora do Estado. Durante anos, o equívoco justificou a “certificação de competências”, excentricidade pretensiosa que gerou as Novas Oportunidades e esqueceu que no mundo real as competências não precisam de ser certificadas: as incompetências, conforme demonstrado no apetite de alguns políticos pelo diploma, sim. Sob as regras da oferta e da procura, importa bastante menos o papel que diz o que as pessoas podem fazer do que aquilo que as pessoas podem verdadeiramente fazer.
Acima de tudo, importa que se façam à vida, nem que seja à revelia das habilitações formais e, como se verifica, frequentemente redundantes. Pelo amor de Deus: há sociólogos que se sustentam a assinar crónicas na imprensa. É triste desperdiçar tempo a acumular competências (e valências. E sevilhas) sem utilidade especial na posterior carreira? No caso da sociologia, acreditem que é uma bênção.

Exactidão dos nomes

Pinto e Balsemão, dono do Expresso; Ricardo da Costa, director do Expresso; Nicolau dos Santos, director-adjunto do Expresso...
Há qualquer coisa que não soa, não há? Pois há: os nomes não são exactamente assim e aposto em como nenhum plumitivo do Expresso passaria sem reparo do editor se os grafasse assim, nenhum copydesk do Expresso deixaria passar tal criatividade na escrita daqueles nomes; e parece-me bem que não deixasse.
Ora ainda recentemente, na Revista do Expresso de 07.Jul.2012, sobre os “Portugueses com mais influência em 2012”, o advogado Marinho e Pinto foi tratado por Marinho Pinto, a jornalista Judite Sousa tratada por Judite de Sousa, e o padre Tolentino Mendonça tratado por Tolentino de Mendonça; os três, com os nomes invariavelmente mal escritos nos títulos e nos desenvolvimentos. Isto é incompetência, incúria, desleixo; no limite, desconsideração pelas pessoas.

É assim que ao amável leitor que veio ao algeroz chamar-me picuinhas e burocrata zeloso – sem que nisso me ofenda, bem pelo contrário -  por implicar com ninharias que tais não desejarei que, se algum dia lhe calhar ter o cérebro aberto numa bancada de neurocirurgia, aconteça por ali um qualquer diálogo, entre profissionais de bisturis nas mãos, do tipo “Eh pá, deixa-te de minúcias e perfeccionismos, isto é mais neurónio menos neurónio, que se foda, são é  horas de irmos jantar…”.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A jornalista Clara Ferreira Alves nem sempre é de fiar

Na crónica “É a falta de cultura, estúpido” *, de sábado passado - Expresso/Revista, 21.Jul.2012 - Clara Ferreira Alves profere o seguinte dislate, a meu ver muito grave e sem aparente desculpa:
«num tempo em que o partido comunista tinha uma elite intelectual e de resistência inspirada por um chefe que, aos 80 anos, quase cego, resolveu traduzir Shakespeare. Cunhal traduzindo o "Rei Lear" [...]».
Sucede que
1-  aos 80 anos, em 1993, Álvaro Cunhal [1913-2005] não estava quase cego coisa nenhuma; via lindamente; à maneira dele mas via. Aliás, é vê-lo aqui, em 1997, com 84 anos, ainda vivaço e de olhar aquilino [parte II], pronto a dizer as horas lidas no seu pulso esquerdo assim a preClara entrevistadora lhas perguntasse;
2-  a tradução em causa fê-la Cunhal, sim, mas por volta dos 40 anos, na cadeia. Viria a ser publicada em fascículos, sob pseudónimo, na década de 60 do século XX, já o tradutor escapara de Peniche e de Portugal. Nem a eventualidade de CFA se ter baralhado com  2002, ano em que a Caminho publicou uma 2.ª edição da obra, serve de desculpa ou atenuante, antes pelo contrário: nessa altura, Cunhal ia nos 89 anos.
Em suma, um imperdoável e clamoroso espalhanço de leviandade jornalística em que qualquer bom revisor, dos que dantes havia mas que os jornais entretanto dispensaram em nome duma poupança nas suas tesourarias inversamente proporcional ao desrespeito para com os leitores, poderia ter acudido à doutora Clara Ferreira Alves.

Mais diz a doutora Clara:
«John Carlin, o sul-africano autor do livro que foi adaptado ao cinema por Clint Eastwood, "Invictus", [...]»
Sucede que, para desgraça da cronista,
1- John Carlin é cidadão britânico, filho de mãe espanhola e de pai escocês, nascido em Londres em 1956 [curiosamente na mesma colheita de CFA];
2- o título do livro de John Carlin em que Clint Eastwood se baseou para fazer o “Invictus” é "Playing the Enemy: Nelson Mandela and the Game that Made a Nation".
Assim, a frase certa seria «John Carlin, o autor inglês do livro que foi adaptado ao cinema por Clint Eastwood, "Playing the Enemy: Nelson Mandela and the Game that Made a Nation", [...]».

Diz, a terminar, a doutora Clara Ferreira Alves:
«Como bem disse Vargas Ilosa, em vez de discutirmos ideias discutimos comida.»
e ainda:
«A gastronomia é uma nova filosofia. Ferran Adriá é o sucessor de Cervantes e de Ortega Y Gasset.»
Quanto ao acento no Adrià [grave é como pertence] e ao y maiúsculo no Ortega y Gasset, fiquem essas por conta de distracção simples ou de revisor burro supondo, sei lá, que Ortega tenha sido um espanhol e Gasset outro. [Por que raio me está a vir à lembrança o Valter Hugo Mãe?]
No que me custa fiar, embora sem condições de o poder taxativamente infirmar, é, dadas as inexactidões que precedem, no dito atribuído ao Vargas Llosa tal como CFA o reproduz. Não sei porquê, cheira-me a mais uma contrafacção adaptada e simplificada pelo ouvido ligeiro da jornalista. Com efeito, numa entrevista publicada em 13.Abr.2012 no El Cultural, suplemento semanal do El Mundo, achava o Nobel peruano:
«En un mundo en el que las pasarelas de la moda o las cocinas son los referentes centrales de la vida cultural y están suplantando al arte y la filosofía, no se tiene la misma idea de cultura que entonces: hay una frivolización y un facilismo que ha desnaturalizado el concepto mismo de cultura, y hemos perdido los valores que la sostenían: lo verdadero se confunde con los fraudes, y hay, hemos sufrido, a demasiados impostores.»
Não cheira?

Outra passagem da pluma caprichosa em apreço:
«O artista trabalha para o 'mercado', tal como o jornalista, sujeito ao rating das audiências e dos comentários online.»
Com desempenhos destes, mais do que se justificaria um rebaixamento do trabalho jornalístico da doutora Clara Ferreira Alves de Grau médio elevado para Risco substancial. Não lhes parece?

Citando pela última vez Clara Ferreira Alves:
«quando digo nós digo o jornalismo na sua decadência e euforia suicidária [...]»
Quod erat demonstrandum.
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* Caso para dizer que, com este título inadvertidamente irónico e masoquista, julgando que se benzia a criatura partiu a testa.
De resto e na essência, uma boa e pertinente lauda de Clara Ferreira Alves.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

A arrogância e a obsessão construtivista de Maria Helena Mira Mateus

«Basta ler a resposta que Maria Helena Mira Mateus, eminente linguista e professora catedrática, deu a um artigo de Teolinda Gersão (ambos publicados no “Público”), em que a escritora criticava o deslumbramento com que os programas de Português debitam abundantes e complexos conceitos e categorias gramaticais (em tal grau que eles se anulam nos seus próprios fins), para percebermos a arrogância de quem tem tido alguma responsabilidade na disciplina. Com os resultados que estão à vista. Uma metáfora arquitectónica é recorrente no texto de M.H.M.M.: por três vezes fala em “construção”, a última delas para se referir aos elementos com que a língua “se constrói”. Esta obsessão construtivista tem um objectivo: mostrar que é preciso saber identificar, nomear e categorizar os elementos e as operações linguísticas e que sem esse saber os alunos estariam completamente desarmados para o conhecimento de tudo o que diz respeito à língua escrita e falada. […]»

Orgasmo,

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Miguel Relvas

«[…]
Caso não possua inclinações suicidas, Pedro Passos Coelho já terá percebido que, por vários motivos, lhe convém enxotar o “dr.” Relvas.
[…]
O “dr.” Relvas vai à vida? Tarde e a péssimas horas, é claro que sim. Ou então o dr. Passos Coelho é mesmo suicida e, somando um Estado anedóticco a um Estado falido e a um Estado corrupto, à vida iremos nós.»

«[…]
Recapitulando: além de ser tirado num ano um curso que dura três (e que há não muito tempo demorava cinco), o ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares reformou-se do Estado antes de fazer 50 anos. Miguel Relvas pode ser muitas coisas na vida, pode ser licenciado, reformado e administrador de empresas, mas não pode ser ministro de um Governo que está a pedir aos portugueses para empobrecerem, para renunciarem aos tratatemtos de favor e para esquecerem as facilidades. Quer dizer: poder, pode, mas tudo isto vai dar mau resultado.
[…]»

As abelhinhas Pena e Arnaut e o padrão ético da imiscibilidade das funções

umas nas outras e vice-versa e respectivo desaproveitamento pessoal e ó nissuá ki má lipanse antes de que me indigne, comova e ponha a chorar.

Doutor Rui Pena:
«[…] Vou fazer 50 anos de advocacia e tenho procurado pautar sempre a minha conduta profissional, no decurso desta longa carreira, de acordo com um padrão ético e deontológico que não se compagina com a insinuação que me é feita de aproveitamentos políticos para fins profissionais.
[…]
Exerci, é verdade, ao longo da minha vida e por diversas vezes – ainda que há muitos anos -, algumas missões de serviço público de que me orgulho, mas nunca as misturei com o exercício da profissão de advogado nem delas alguma vez me aproveitei para benefício ou interesse pessoal. […]»

Doutor José Luís Arnaut:
«[…] Vou fazer 21 anos de advocacia e tenho procurado pautar sempre a minha conduta profissional, no decurso desta minha carreira, de acordo com um padrão ético e deontológico que não se compagina com a insinuação que me é feita de aproveitamentos políticos para fins profissionais.
[…]
Exerci, é verdade, ao longo da minha vida e por diversas vezes, algumas missões de serviço público de que me orgulho, mas nunca as misturei com o exercício da profissão de advogado nem delas alguma vez me aproveitei para benefício ou interesse pessoal. […]»

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Mário Crespo | Miguel Relvas

Com particular intensidade e porfiada perseverança de meados de 2007 aos idos de Março de 2011, em que o PCP e o BE ajudaram o PSD e o CDS a estender a passadeira do poder ao doutor Pedro Passos Coelho - sendo que  desde então, valha-nos isso, a vida dos portugueses não tem parado de melhorar -, Mário Crespo abriu quase todas as edições do seu "Jornal das 9" com um apontamento hostil ao governo do PS, malhando de modo impiedoso e militante, a propósito e a despropósito, no engenheiro Sócrates. *
Mário Crespo- Um ano a incidir sobre a mesma pessoa com episódios variados…
José Luís Arnaut- … é um massacre!
MC- … é uma campanha, não é possível não ser.
JLA- Ó Mário, é um massacre, um massacre! […] O Mário fez bem em frisar: há um ano que Miguel Relvas é diariamente massacrado, diariamente massacrado, isto já é um massacre!
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* Por exemplo, no "Jornal das 9" de 13 de Janeiro de 2010, quando a atenção do Universo sensível estava siderada e centrada no sismo devastador ocorrido 23 horas antes no Haiti, o Mário Crespo só começou a falar do Haiti depois de despachar a ferroada no Sócrates. É certo que havia uma atenuante: o Haiti estava em escombros mas o doutor Fernando Nobre, médico da humanidade e amigalhaço do Crespo, ainda não tinha chegado lá...

Os casos de Joana Capucho com o professor Marcelo

Veja-se e oiça-se isto. Não chega a dois minutos e está bem apresentado. O astrofísico brasileiro chama-se Marcelo Emílio.

Veja-se agora a página 27 do DN de anteontem. É uma página de Ciência, em que o rigor se usa normalmente ter por mais exigível do que noutras matérias.
Escreve a autora:  
«[…] Marcelo Emílio Beletti, professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, no Paraná (Brasil), é o autor da mais recente descoberta sobre o Sol e daquela que é também considerada a medição mais precisa. […]»
Mais escreve Joana Capucho, na sua luminosa peça em que incrustou, para nossa cabal elucidação, o “Perfil” do médico veterinário Marcelo Emílio Beletti - tudo indica que pescado aqui -  e, em atenção aos leitores mais gulosos, uma foto de meio-corpo do astrónomo Marcelo Emílio, retirada seguramente daqui:
«[…] Beletti, que trabalhou em conjunto com investigadores do Havai e de Stanford, observou o Sol em dois momentos de cruzamento com o planeta Mercúrio* […]»

Nas duas edições subsequentes, a de ontem e a de hoje, o DN cagou nos leitores e andou; nem corrigiu nem pediu desculpa. A pedropassoscoelhite traz aquela gente ourada.
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* O que vai resultar desta olímpica e extraordinária cópula - aquilo lá em cima continua um deboche pegado - haveremos de sabê-lo na entrevista que a doutora Joana Capucho há-de por certo ter combinado com o professor Marcelo Beletti, no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal de Uberlândia, logo que ecluda qualquer coisa da mercuriana prenhez. No mínimo, uma ninhada de solcuriozinhos radiantes…

Relvas e este governo

«[…] É evidente que metade das poucas-vergonhas com que semanalmente o "dr." Relvas nos brinda bastaria para que pedisse a demissão. É evidente que a lealdade do primeiro-ministro ao homem que lhe entregou o cargo condena o Governo ao ridículo e ao descrédito. É evidente que um Governo reduzido a tema de anedotas constitui a última coisa de que um país falido e dependente carece. É evidente que os portugueses dispensam a sede de conhecimento* do "dr." Relvas, visto que, até pelos precedentes do género, já o conhecem de sobra.»

- x -

«[…] o que caracteriza, genuinamente, este Governo é ser o primeiro, depois de Abril, que assume o enquadramento e as práticas da direita caceteira. […]»

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* Norteio a minha vida pela simplicidade da procura do conhecimento permanente. - MR, 12.Jul.2012

quarta-feira, 18 de julho de 2012

A palavra 'cultura'

«[...] Foram, em geral, umas criaturas simiescas, furiosas, que acharam que isso da cultura era para ser tratado como um insigne filósofo do século passado, Nietzsche* de seu nome, fez à filosofia: à martelada.»
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* 15.Out.1844-25.Ago.1900 - Na verdade, morreu sem entrar no século passado.

Cagança académica - Relvas, Sócrates, Alegre

«[...] Não citarei nomes, mas não se esqueça de lhes acrescentar um "dr." antes. E quem diz um "dr.", diz um "eng." [...] Quanto mais essencial é o título, menos interessa aquilo a que o título respeita [...]»

terça-feira, 10 de julho de 2012

nunca = sempre - 2

«O fabuloso Teófilo Stevenson [...] nunca conseguiu ganhar um combate ao pugilista soviético Igor Vysotsky, com quem combateu por duas vezes, em 1973 e em 1976.»

O cardeal José Saraiva Martins

é um cómico. Diz ele ao CM de anteontem:
«Se Jesus Cristo hoje viesse à terra teria um computador, utilizaria a internet e falaria através dos jornais, da rádio e da televisão.»
A avaliar pelo que escreveu quando por cá andou...

O fim da Britannica em papel e da época das enciclopédias

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Emocionam-me sempre as dedicatórias que dizem Para o meu pai.

João Carlos Espada, neste mundo às avessas

«[...]
É certo que se trata mais de uma questão de pose do que de saber [...]»

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Miguel Relvas

«[...]
só posso ficar perplexo por ouvir o chefe de um governo, que classificou o programa Novas Oportunidades como um embuste, achar perfeitamente natural e despiciendo que o seu número dois na política e no Governo tenha conseguido concluir uma licenciatura em que apenas prestou provas em quatro cadeiras, sendo-lhe as restantes 32 creditadas à partida, por "equivalência".
[...]»

José Sócrates | Isaltino Morais,

por Alberto Gonçalves.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Miguel Relvas, trafulha por lapso,

Miguel Relvas, emérito doutor, Miguel Relvas,  R & Pórter, Miguel Relvas, amigo de Passos e de Seguro, Miguel Relvas, um abcesso na pinícula nebulosa.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Raquel Alexandra,

essa coisa coiso de que por estes dias se fala, fora objecto, em 2010, de um post do Chove que com outros mil entretanto apaguei mas que não resisto a repristinar. É que a Raquel da ERC é mesmo uma coisa coiso. Ora vejam-na. 

«Barómetro de Agosto *
Depois de 65 passos em dois minutos e cinco segundos de peripatetismo ridículo atrás de um teleponto que se lhe esgueirava pelos corredores do palácio, a Raquel Alexandra, debitando um chorrilho monocórdico de descidas e subidas, pôde finalmente sentar-se num sofá e cruzar as pernas.
E assim fiquei a saber o que a maioria dos portugueses acha sobre tudo e mais alguma coisa, incluindo sobre o inefável professor Carlos Queiroz continuar à frente da selecção de todos nós.
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* Eles chamam-lhe isso, juro.» 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Retrato de Vicente del Bosque

Ontologia - Princípios elementares

No chat do msn: "Aparecer como offline"
No chat do Gmail: "Encontra-se invisível" / "Tornar-me visível"

Rogério Casanova

na LER de Julho/Agosto de 2012:

1. “Pastoral Portuguesa”, sobre Ray Bradbury
«[…]
(continuo a achar que decorar a ordem do alfabeto - 23 símbolos arbitrários! - foi o meu maior feito até hoje)
[…]
Escrever mal é, essencialmente, mentir.
Essa desonestidade estilística pode ser apenas uma afirmação da incompetência - por vezes tão extrema que até leitores também eles incompetentes desconfiam logo que algo de errado se passa. Mas também pode, em casos mais raros, ser uma função do entusiasmo, um vício literário com um sentido restrito que eu continuo a acreditar ter sido inventado por Walt Whitman: o excesso retórico que é o equivalente gráfico da hiperventilação, quando o escritor perde o controlo e é arrastado na torrente, denunciando que aquilo que é dito a seguir é dito apenas porque sim.
[…]»

2. “Os craques de ténis”, sobre A Informação, de Martin Amis, em que RC dá umas pertinentes bicadas na tradução de Jorge Pereirinha Pires  
«[…]
Como o próprio Martin Amis repetiu algumas vezes em entrevistas, um romance honestamente representativo sobre um escritor consistiria numa longa descrição de alguém a sentar-se à secretária, a olhar para a parede durante meia hora enquanto estala os dedos, a datilografar durante seis horas, e depois a levantar-se para ir almoçar. A vida de um escritor pode ser interessante, mas quando o escritor é bom, o mais interessante será sempre a sua obra.
[…]

3. "The Quiet Volume" - ensaiado por um par de experientes leitores ... [Rogério Casanova sentou-se ao lado de Bruno Vieira Amaral, e vice-versa.]
«[…]
O combate desesperado contra o meu olímpico défice de atenção seria sempre desigual, mas é com indisfarçável orgulho que afirmo ter cumprido as instruções apenas até ao minuto 25 da experiência, altura em que o instinto para o vandalismo que o conceito do espetáculo parece querer provocar acabou por levar a melhor.
[…]
sou capaz de não ler uma página com  muito mais velocidade do que qualquer pessoa a lê.
[…]»

terça-feira, 3 de julho de 2012

TAP | Urbano-esquerdistas | José Luís Arnaut

«[…]
Não vou repetir e repisar os argumentos já aqui expostos várias vezes que me levam a considerar a privatização da TAP um verdadeiro crime contra o país.
[…]

Na semana que agora entra, o Bloco de Esquerda propõe-se fazer votar na Assembleia da República uma lei que, redigida de forma sibilina e cobarde, visa abrir caminho para a posterior proibição de touradas, circos com animais, caça e pesca desportiva.
[…] este lado padreco, Bairro Alto e urbano-esquerdista do Bloco de Esquerda é intragável. A fatal companhia dessa anémona política chamada "Os Verdes" (sempre a oeste das ordens do PCP e a leste de tudo o que interessa na política de Ambiente), é enjoativa. E a inevitável participação do grupelho 'fracturante' do PS, estremecendo de emoção de cada vez que se fala de mulheres, gays ou animais, sendo estágio obrigatório de ascensão política lá na agremiação, é desprezível. Todos irão fatalmente votar a favor de um projecto de lei que é verdadeiramente fascista na sua essência, culturalmente ignorante e ditatorial, centralizador e arrogante.

[…]
Não me interessa dissertar sobre as capacidades de José Luís Arnaut para o cargo de vogal da administração da recém-privatizada REN. Assim como não me interessa questionar a sua qualificação para presidente da Assembleia-Geral da Federação Portuguesa de Futebol, ou qualquer outro dos demais cargos de regime que lhe pertencem. Apenas constato que a sociedade de advogados de que é sócio - e que tem como cliente a dita REN louva-se de ter no seu currículo a "elaboração de legislação" no domínio da energia. Ou seja: o Governo, ou governos, encarrega uma sociedade de advogados que tem como cliente uma empresa que explora a distribuição de energia em regime de quase-monopólio de elaborar as leis que regem essa actividade. E a Sociedade de Advogados gaba-se disso! Advocacia, dizem eles ...» *
Miguel Sousa Tavares, “Defender Portugal” | Expresso, 30.Jun.2012
__________________________
* E quem é que a TAP acaba de contratar, entre outros abútricos oficiantes da sua iminente privatização - um CRIME lesa-pátria, repita-se -, quem é, quem é? Essa mesma, a Sociedade de Advogados CMS Rui Pena & Arnaut.

Peter Sloterdijk e os impostos

«[…]
Com a sua tendência para o que muitos acham que é o mero gosto pela provocação, Sloterdijk, apelando à teoria do dom, de Marcel Mauss, como laço social primário, incitou a esta experiência intelectual: que os impostos fossem repensados de modo a considerar o cidadão contribuinte como um dador (Sloterdijk pensa que o nosso sistema fiscal mascara voluntariamente o carácter de dom) e não como um devedor, passando-se assim do sistema da obrigatoriedade a outro baseado no gesto voluntário.
[…]»