quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Da orgíaca castidade das uvas portuguesas e seus sinónimos, Borrado-das-Moscas e outros

Portaria n.º 380/2012, de 22 de Novembro, que é como quem diz «Plúvio armado em ampelógrafo amador de belas e distintas pomadas». E quem diz tintas diz brancas.
Em menos palavras, armado ao pingarelho.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

OE 2013 - O caso particular dos pensionistas

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Tudo o que mexe apanha.
[…]
Razão que deveria vir no Guinness Fiscal: acho que (Portugal) é o único país do mundo em que um pensionista – acima dos 1350 €, que não é um valor assim tão alto quanto isso – paga mais impostos para o mesmo rendimento do que um trabalhador no activo.
[…]
A 'contribuição especial de solidariedade' é uma mentira.
[…]
É fácil ser corajoso com quem não se pode defender.
[…]»
 
A grosseira inconstitucionalidade da tributação sobre pensões

"O país onde há cada vez mais de tudo"

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O preço de tudo e a "teoria do dom"

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Afixar um preço a tudo significa considerar intolerável o que faz parte de uma economia não produtiva, da perda sem contrapartida e do gasto gratuito: aquilo a que Bataille chamou dépense, inspirado no princípio do potlach, de Marcel Mauss. A teoria do dom, de Mauss, mostra bem com o não é possível uma sociedade sem o elemento heterogéneo, o gasto improdutivo, que transgride a homogeneidade da lógica da produção. A heterogeneidade da dépense é a festa, a arte, o sexo, as actividades rituais. Em suma, tudo aquilo que implica o gasto que é um fim em si. Ora, no domínio político, o discurso em que estamos mergulhados é o da exclusão pura e simples de todo o elemento heterogéneo. Pode a política suprimi-lo? Não. E é por isso que, mais inteligente do que todos os políticos europeus, Obama terminou o seu discurso de vitória dizendo que "o melhor está para vir".
[…]»

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Greves, The Killing, Gaza

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Invariavelmente, porém, convencia-me de que as pessoas das minhas relações eram esquisitas e que
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na medida em que contribuem para agravar a
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aquilo que de melhor se pôde ver num ecrã, grande ou pequeno, nos últimos 10 anos.
[…]
E o "jornalismo", por empatia ou audiências, faz-lhes a vontade.»

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A metafísica da juventude e “os novíssimos”

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No nosso tempo, a juventude tornou-se um padrão comportamental e de consumo, mas desapareceu como categoria do espírito: não tem pretensões históricas (não interrompe nem desvia o curso do mundo) nem metafísicas (tornou-se mero objecto sociológico). No lugar da juventude está agora a novidade; em lugar dos escritores impregnados dessa força utópica, com um forte alcance político, que é a metafísica da juventude, temos agora “os novos”, que na versão superlativa são “os novíssimos”.
[…]»

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Alberto Gonçalves escreve bem, é cómico e tem pelo menos um amigo de esquerda

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Um verso do Talmude garante que o sujeito que salva um homem salva o mundo inteiro. O BE aguarda a oportunidade de resgatar a humanidade em peso e em simultâneo. Consequentemente, nunca resgata ninguém em particular. Como é pico nas causas e nos fanáticos das causas, o BE distancia-se do seu objecto ao ponto da desresponsabilização absoluta. Ali, não há pobres: há pobreza, conceito abstracto que poupa trabalho e facilita a conversa fiada. Se um indigente específico, com nome, cara e cheiro, não é agradável, milhões de indigentes vagos e remotos constituem motivo de entusiasmo e prosápia. Em vez de alimentar um pobre, o BE alimenta-se deles todos.
[…]»

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Jornais

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A crítica ao jornalismo teve quase sempre origem num pensamento reaccionário (seja ele o de Balzac, o de Kierkegaard ou, numa dimensão militante, o de Karl Kraus). Mas ele também se tornou um alvo fácil quando passou a alienar a sua matriz crítica, quando a oração matinal foi substituída pelo entretenimento e quando passou a servir exclusivamente uma figura que ele próprio construiu: o homem médio.
[…]»

António Guerreiro, acerca de Eduardo Prado Coelho

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Munido de um enorme poder de captação, Eduardo Prado Coelho foi uma apurada estação meteorológica voltada para o registo, com carácter de urgência, das ondas sísmicas do contemporâneo.
[…]»

É bló, é bló, é bló, cu d'esquerda

Aquilo agora é uma espécie de Duponto e Duponta.
Catarina Martins, com um desagradável deslizezinho histérico na prosódia, diz militantemente sempre todos e todas.
Ao invés e do mesmo modo - a moda é a mesma -, João Semedo, com desgraçados deslizezinhos disléxicos, dirige-se mitilanmetente a todas e as todos.
Enfim, ridículas e ridículos; confrangedoras e dores.
Jamais previra que em tão pouco tempo começasse a ter saudades do bispo Louçã.
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* Catarina e João, et pour cause.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Alberto Gonçalves perdeu as eleições

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Noventa por cento dos europeus, incluindo o Presidente francês e o futebolista Wayne Rooney, duas referências da geopolítica, preferem Obama. Oitenta e seis por cento dos portugueses, incluindo vultos como Mário Soares, Cristiano Ronaldo e Maria de Belém, também preferem Obama. Eu, sem paixão comparável e sem esperança, prefiro Rooney, perdão, Romney.
[…]»
- Alberto Gonçalves, "Apesar de Obama" | revista Sábado, 08.Nov.2012
Hoje, dose tripla de Alberto Gonçalves – as crónicas nas três edições mais recentes da revista Sábado - para, como sempre, quem o aprecia.
Pensa como pensa e continuo a tê-lo entre os três ou quatro melhores cronistas da comunicação social portuguesa. Poucos lhe chegam aos calcanhares em esmero e elegância gramaticais e nenhum é tão deliciosamente irónico. Não é pouco.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

António José Seguro, uma desgraça

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talvez não haja outro caminho, como corajosamente escreveu Francisco Assis (que desgraça para Portugal que a lógica da mediocridade partidária lhe não tenha permitido estar agora à frente do PS!).
[…]»
Concordo.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Coisas que a gente sabe, perdão, sente.

Nunca achei Rão Kyao - acompanho-o regularmente desde que, ainda João Ramos Jorge, tocava jazz num sax tenor nos anos 70 do século passado - um músico genial, sequer excepcional ou mesmo muito bom. Digamos que era um saxofonista tecnicamente limitadíssimo e ele saberia; tanto que se virou para os pífaros.
- E pífaro, Plúvio, toca ele bem?
Benzinho, mas, convenha-se, nada de génio ou sublimidade.
- E como compositor, Plúvio?
Bom, como compositor tudo muda de figura: Rão Kyao é provavelmente o pior músico do universo.
Aí o temos de novo, tónica-dominante-dominante-tónica-vira-o-disco-e-toca-o-mesmo*, autorizando que, ouvido a seguir, Quim Barreiros soe a puro Bach.
- Mas ó Plúvio, nem excelente pessoa?
Lá isso é. E traja a preceito.
Agora, bom, bom, genial é Gonçalo M. Tavares. Por exemplo:
- Finalmente, ó Plúvio, que credibilidade, digamos, têm os teus gostos? Ou saberes, vá.
Ahahahahah! Há quem ria hahahahaha!, mas não é o mesmo riso. E pode tratar-me por você. 
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* Enfim, isso era no vinil, que hoje é mais muda de coiso e toca o mesmo.  

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O tempo para que olham os políticos

«Devemos olhar com muita impaciência e pouca tolerância o modo como os políticos procuram legitimar a sua acção e justificar os seus erros regressando sempre ao passado imediato e aos seus antecessores.
[…]
Nesta errância que os leva [os políticos] a sacar do passado recente como quem saca da pistola, há um factor de esterilização do discurso e de impotência da acção.
[…]»

sábado, 3 de novembro de 2012

Rogério Casanova

na LER de Novembro de 2012:
 
- "Crítica marginal", acerca do «hábito de anotar as margens do que lemos» 
- "Consultório literário" – Tem paciência, Zé Miguel!
 
2.Enciclopédia germânica”, sobre  Arco-Íris da Gravidade, «a obra prima de Thomas Pynchon»