«É fascinante que um pequenino bando de ociosos tenha decidido corromper a língua de milhões. O fascínio esvai-se quando se percebe que os ociosos atingiram os intentos. O Acordo Ortográfico, criação de arrogantes com uma missão, é oficial e está aí, perante a complacência dos poderes públicos em princípio eleitos para defender o país e não para o enxovalhar deliberadamente.
[…]
Por mim, os brasileiros e os moçambicanos são livres de adoptar o húngaro sem que eu os censure ou sequer note a diferença. Não sou brasileiro nem moçambicano. Sou português e, não fosse pedir demasiado, dava-me jeito redigir na língua em que cresci.
[…]
se os maus-tratos à língua já eram habituais, não eram obrigatórios. E essa é a diferença entre temer pela vida de um moribundo e assinar, oficial e urgentemente, o respectivo óbito.»
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* Cumprida a primeira rodada, de segunda a domingo, desde que o DN aderiu, em 2 de Janeiro corrente, ao novortografês, passo a denunciar, para vexame público e morigeração dos costumes, os seguintes ilustrados colunistas e opinantes do jornal que continuam a redigir em português a.C. [antes de Casteleiro]:
José Bandeira - Anselmo Borges - Alberto Gonçalves - Carolina Gouveia - Vasco Graça Moura - Manuel Alegre - Celeste Cardona - Baptista-Bastos - Joel Neto - Pedro Marques Lopes - Ana Bacalhau - Gonçalo M. Tavares - José Adelino Maltez - Paulo Pereira de Almeida - Pedro Bidarra - João César das Neves - Joaquim Jorge - Manuel Pinho - Manuel António Pina - Mário Bacelar Begonha - Paulo Baldaia.
Caso para dizer que o vetusto e respeitável diário da Avenida da Liberdade é um coio de insurretos**.
O tempora, o mores! [Não há Séneca e Terêncio sem Cícero...]
** Subespécie novortográfica de insurrectos.