sábado, 7 de janeiro de 2012

Acordo Ortográfico [31]

«A filogénese da escrita mostra que esta é autónoma do oral, o que levou Barthes a afirmar: “Tudo se passa como se a escrita já tivesse sido inventada antes de ser posta em relação com a língua, antes de ser fonetizada.”
[…]
É certo que a resistência a uma nova ortografia só pode vir de quem foi constituído pela ordem da ortografia anterior. Mas nem por isso ela pode ser vista com o simplismo do professor Malaca Casteleiro que, com uma perna na Academia, outra na escola primária, e a cabeça numa órbita que não é a da Linguística, afirma: “Se pensarmos nas crianças que estão a aprender a escrever, para elas é muito mais fácil escrever sem as consoantes mudas.” Este álibi manhoso da literacia foi o mesmo que serviu para expulsar em larga escala os textos literários do ensino da língua.»
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* O António Guerreiro, que não é cabotino nem enfatuado, é dos que se deixam, desde a primeira hora, publicar no Expresso em novortografês. Acho que o compreendo. E acho que também compreendo os nem cabotinos nem enfatuados Manuel S. Fonseca, Pedro Mexia ou Miguel Sousa Tavares, por exemplo, ao não se deixarem, por enquanto, publicar em novortografês.