«A mais cómica fotografia publicada na imprensa, em tempos recentes, é a da passagem de testemunho, de António Mega Ferreira para Vasco Graça Moura, à porta do Centro Cultural de Belém. A coreografia é elementar – o primeiro sai e o segundo entra – e admite imaginariamente a reversibilidade: o que entra podia estar no lugar do que sai e o que sai podia estar no lugar do que entra. Os dois estão ligados por uma função gramatical, a conjunção copulativa e, tal como Bouvard e Pécuchet.
[…]
Eles são ur-fenómenos, fenómenos originários, morfologias goethianas, quase arquétipos, perante os quais não há história a desenvolver-se no horizonte. Este bloqueio de toda a possibilidade do novo e a submissão ao irreparável, o eterno retorno do mesmo, é a regra em que vivemos em todos os domínios.»