quarta-feira, 15 de abril de 2020

Rubem Fonseca, 11.Mai.1925 - 15.Abr.2020

Viva a língua portuguesa!

terça-feira, 14 de abril de 2020

Chove

Quem consegue evadir-se da sua natureza?
Eu não.
Seis minutos à chuva gárgulas sem açaime  com Jean-Baptiste Dupont.
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De olhos fechados molha melhor.

Melhores

Permita, paciente leitor, que destaque os minutos
00:05, 01:23, 02:27, 03:41, 04:00, 05:12, 06:18, 07:10, 08:08, 09:25, 10:01, 11:24, 12:35, 13:09, 14:15, 15:14, 16:53, 17,31 e 18:02;
e as palavras   Stay,  Alone,  Best,  Wild,  Sun,  Don't,  One,  Bad Games,  Make,  Moon,  Fire,  Heart,  Little  e  Hold

Arrisco: Jacob Collier, o melhor dos últimos 117 anos.
Chegou fora do tempo ao coração, mas quem não lhe perdoa?

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Melhor reclamo, em termos absolutos, dos últimos 21 anos e melhor de sempre no segmento "duração máxima de 18 segundos":
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sábado, 11 de abril de 2020

Contributo para um glossário quase imperfeito da coisa,

em verso  livre, com palavras difíceis, nomes e números vários.

novo corona
o (vírus) SARS-CoV-2
120 nm de diâmetro (nm=nanómetro=milésima parte do milímetro)
gotícula  aerossol
contágio a 2 metros
4 minutos a 8 dias em superfícies
incubação
surto
Rt
epidemia  pandemia
Tedros Adhanom Ghebreyesus
covidiota   pandemónio   pão de mia    spamdemia
crise sanitária
ai Jesus!

economia
papel higiénico  atum   farinha   fermento
especulação  açambarcamento

coronabonds  takeaway  lay-off
viva a língua portuguesa!
entregas ao domicílio
pelo senhor Virgílio
  telescola  teletrabalho
 e o caralho 

cenários  geometria
os cientistas   os especialistas
pneumologia  infecciologia  epidemiologia  virologia
estatística  casos
curva  pico  achatar  planalto

infecção   reinfecção
anticorpos   imunidade de grupo 70%
certificado de imunidade

mãos  água  sabão
20 segundos
cara  boca  olhos  nariz
que é como quem diz
álcool  gel
 máscara  luvas  viseira  
zaragatoa  teste  reagente

conter  recolher               distanciar afastar                confinar  cercar
varanda
isolamento horizontal  vs  isolamento vertical
quarentena  14 dias
etiqueta respiratória
estamos todos no mesmo barco    vai ficar tudo bem (brrrnhac!)
   
grupo de risco
velhos
lares
velhos  lares  lares  velhos  velhos  lares  lares  velhos
e assim sucessivamente

a (doença) covid-19
febre   tosse   cefaleia   fraqueza   dificuldade respiratória
sintomático  assintomático
comorbilidade
taxa de letalidade  vs  taxa de mortalidade
hidroxicloroquina   ibuprofeno   paracetamol
hospital de campanha 
quartos  pressão negativa
camas  ventiladores
cuidados intensivos  pneumonia
curados   mortos   caixões   funerais

Wuhan   Itália  Espanha   Equador   Ovar   República Checa  Nova Iorque
Holanda  repugnante  Costa
Trump   Bolsonaro  Boris

presidente-arlequim
emergência
[papelarias   tabacarias   raspadinhas
drogarias   padarias   farmácias
oculistas
concelho]

streaming   skype   zoom   houseparty
parabéns a você  (brrrnhac!)
808242424
profissionais de saúde
laboratório

3.ª vaga
guerra   novo normal   atípico
medo  miséria  fome  dor  desespero
apocalipse
ploc

Aleluia!

3.ª Descontaminação das ruas de Bobadela, pelo Crucificado. **

ÚLTIMA  HORA
Domingo, 12.Abr.2020, 17h15 - 4.ª Descontaminação das ruas de Bobadela, pelo Ressuscitado com ajuda do senhor padre Marcos. **  
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* Vitório Rei também rimava assim. Lembram-se?

**  1.ª   e   2.ª

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Oleiros, sexta-feira, 03 de Abril de 2020

Não tenho noção precisa do que seja desejar, na parte do muitos, «muitos anos de vida» a quem faz 100.
Mas sei de ciência certa que os bombeiros de Oleiros [olha se houver oleiros em Oleiros...] levam a peito o dodecafonismo serial de Arnold Schönberg e dominam com arreganho a variação de ritmo, compasso e andamento.
Do "Parabéns a você" disse o que havia para dizer aqui e aqui.
Hoje, em Oleiros, a coisa arrancou num veemente Dó maior; chegou às «nossas almas» num Mi bemol em excesso de velocidade, culminando na triunfal «salva de palmas» com um microdeslize tonal de três comas, dois perto do Mi, um a roçar o Ré sustenido num prodigioso efeito de enarmonia.

Clara Ferreira Alves, petulante; Pedro Mexia, não.

«[...] A sida, a crise de saúde mais grave que a minha geração conheceu, e que decretou a morte dolorosa e a violência do estigma das primeiras gerações de infectados, acabou por ser controlada, mas a vacina não chegou. Apenas a transformação da doença como metáfora, nas palavras de Susan Sontag, em doença crónica. A colaboração planetária foi essencial. [...]»

Que sentido faz no contexto o título da nova-iorquina? Nenhum.
Ficasse-se a plumitiva pela «transformação da sida em doença crónica», e bastaria. Mas CFA não desperdiça nenhuma oportunidade, ainda que desconchavada, de relembrar aos leitores que é a pessoa mais letrada do universo. 
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«[...] Lembrei-me por isso de “A Doença como Metáfora” (1978), um breve ensaio de Susan Sontag que nunca me pareceu tão útil, porque perdi a conta aos artigos de jornal que usam o coronavírus como metáfora do capitalismo, do ateísmo, do consumismo, da “natureza zangada connosco”. É que se uma rosa é uma rosa é uma rosa, então um vírus é um vírus é um vírus. Sontag, que enfrentava à época um cancro, embora nunca mencione a sua condição, escreveu “A Doença como Metáfora” para atacar esse uso da doença como metáfora disto e daquilo. O seu estudo é cultural, linguístico e clínico (na óptica do paciente). Do ponto de vista cultural, trata-se de um pequeno historial das metáforas associadas a duas doenças, a tuberculose e o cancro, sobretudo na literatura euro-americana; em termos linguísticos, é uma crítica ao uso de terminologia médica fora do campo da medicina, em especial no combate político; de uma perspectiva oncológica, é um apelo a que se encare a doença como questão científica e terapêutica, não como alegoria ou moralidade. [...]»

É por isto, certo de que não combinaram falar da metáfora de Susan Sontag na mesma edição do Expresso, que confio em Pedro Mexia, que leu o livro, e desconfio de que a e portanto dito isto devo dizer etc. Clara Ferreira Alves do livro só sabe ou só se lembra do título com que se vem pavonear.