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Não temos de recorrer à ficção, nem temos de criar uma imagem ilusória da realidade portuguesa.
No domínio da Ciência, por exemplo, nas últimas duas décadas o número anual de diplomados aumentou quatro vezes e o número dos novos doutorados registou um dos maiores crescimentos da Europa. Cerca de metade dos doutoramentos ocorre em áreas de elevado potencial, das ciências exactas, da engenharia e da tecnologia.
Não se afirme que tal ocorreu porque impera nas nossas universidades uma maior facilidade do ensino. Portugal registou na última década a segunda maior taxa de crescimento da produção científica de todos os países da União Europeia, o que atesta o reconhecimento internacional dos nossos investigadores.
Portugal dispõe hoje de centros científicos e tecnológicos de nível internacional, em áreas de grande potencial de crescimento, como a nanotecnologia, as telecomunicações móveis e as ciências médicas. Em vários domínios, não estamos a colocar investigadores no estrangeiro; estamos, isso sim, a atrair cada vez mais talentos de outros países.
O investimento em Investigação e Desenvolvimento, em proporção do PIB, duplicou na última década, atingindo 1,7 por cento, valor que nos situa próximo da média da União Europeia.
O cartão pré-pago para telemóveis e o sistema automático de portagens, a Via Verde, inovações disseminadas mundialmente, tiveram origem em empresas portuguesas.
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Recentemente, o fado foi designado Património Imaterial da Humanidade. Trata-se de um reconhecimento efectivo do valor da nossa contribuição para o progresso cultural dos povos.
Em muitos domínios, os portugueses são premiados internacionalmente. Dois dos nossos arquitectos foram galardoados com o Prémio Pritzker, considerado o Nobel da Arquitectura. Nas artes plásticas, na moda, nas indústrias criativas, o talento dos portugueses é admirado. A artista Joana Vasconcelos irá mostrar a sua obra no Palácio e nos Jardins de Versalhes, uma distinção rara que apenas é atribuída aos que já possuem um estatuto artístico e criativo de nível internacional. A par disso, vários dos comissários de artes plásticas portugueses ocupam altos cargos em alguns dos melhores museus do mundo, desde o Museu de Arte Moderna, de Nova Iorque, passando pelo Jeu de Paume, em Paris, ou proximamente, o Museu Rainha Sofia, em Madrid.
No cinema, há portugueses que se impõem: só para dar exemplos recentes, João Salaviza e Miguel Gomes foram distinguidos no Festival de Cinema de Berlim.
Este não é o Portugal de um passado imaginado, nem o Portugal de um futuro desejado. Estes exemplos da ciência e da cultura são o Portugal do presente. Mais ainda: estes são exemplos expressivos, mas não casos isolados.
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Num outro plano, é importante que o mundo saiba que conseguimos criar uma relação exemplar com os oito países de expressão oficial portuguesa, actualmente reunidos numa organização própria, a CPLP.
Somos conhecidos, desde há muitos séculos, como construtores de pontes entre países e culturas, como artífices de consensos. Esta característica levou-nos, uma vez mais, a ser eleitos para o Conselho de Segurança das Nações Unidas, desta feita para o biénio 2011-2012, vencendo a disputa com outros países de maior dimensão.
Vários portugueses desempenham actualmente funções internacionais de grande relevo, como é o caso do Presidente da Comissão Europeia, do Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados e do Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações e Enviado Especial para a Luta Contra a Tuberculose.
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Não por acaso, chama-se "Tratado de Lisboa" o tratado que actualmente rege a União Europeia.
O prestígio de Portugal destaca-se ainda na competência e no profissionalismo demonstrados pelas nossas Forças Armadas e forças de segurança em missões de paz e humanitárias em países como o Afeganistão, o Kosovo, Timor-Leste, o Líbano ou o mar da Somália.
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Actualmente, muitas empresas dos sectores tradicionais – têxteis, calçado, mobiliário, vinho – alcançaram, graças a um trabalho notável de inovação, uma nova projecção nos mercados internacionais.
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A posição de Portugal surge igualmente destacada no domínio energético e ambientalmente sustentado. Somos o terceiro país da União com maior participação das energias renováveis no consumo de electricidade.
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É este Portugal, o país que celebra a revolução de Abril, que temos de mostrar ao exterior.
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Faltou falar da nossa Daniela Ruah, do nosso Ronaldo ou das extraordinárias habilidades internacionais do nosso Duarte Lima, mas, caramba, nem tudo pode ser mérito do engenheiro Sócrates.