domingo, 8 de abril de 2012

"Coriolano"

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A última tragédia de Shakespeare exibe talvez a melhor colecção de insultos elitistas e anti-populistas em qualquer obra literária, uma proeza que o filme se esforçou por honrar. Além de se queixar constantemente do aspecto, odor e hábitos higiénicos da populaça, Coriolano descreve os seus protestos como um "coçar da miserável comichão da vossa opinião, que assim vos transforma em crostas"; dirige-se-lhes a dada altura com o magnífico "Seus... fragmentos"; e, ao testemunhar mais uma vez a sua vulnerabilidade a manipulações demagógicas, desabafa "vocês... os que têm de sentir antes de conseguirem pensar".
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Rogério Casanova, “O Super-dragão contra os fragmentos”, sobre o filme “Coriolano”, adaptado da obra homónima de Shakespeare | Público/Ípsilon, 06.Abr.2012