segunda-feira, 25 de abril de 2022

25 de Abril, sempre!

ÚLTIMA HORA
«Neste momento temos aqui Jerónimo Martins ... Não sabemos se irá prestar declarações um pouco mais à frente ... mas irá falar certamente.»

Menina Rita, não negue.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Existenciais breves ou quase

Esta manhã lavei-me no mar

Não é fácil escapar de si; se calhar é impossível.

Isto de uma pessoa se levar a sério acaba por se tornar numa chatice.

Dois os motores do meu valer a pena viver: memória e curiosidade.

Nada ressuscita mais do que a fome, a saudade, a sede, a curiosidade…
Passo a vida a matá-las.

Que sucederia se não cagássemos, perdão, obrássemos, isto é, fizéssemos cocó?
Pois, isso.

Perdi a fé não porque tenha chegado à conclusão de que mas justamente porque não cheguei a nenhuma conclusão.

Atire a primeira pedra quem nunca removeu cerúmen com a chave da caixa do correio.

Nada há de mais repetitivo do que o coração. Talvez por isso ninguém consegue mobilizar-me contra a rotina. 

Que faz o homem que Deus não faça melhor?

Poesia na piscina?
Inspiração debaixo de água pode não ser grande coisa.

Nenhum pássaro se suicida por defenestração.

Gosto de agrião e não gosto menos de canja, mas há palavras que dão mais com umas do que com outras e quanto a isso, nicles batatóides, jamais sacrificarei o veredicto do verbo ao veredicto do prato.
Hoje a alternativa era entre sopa de agrião e canja e eu sabia que no fim iria agradecer à menina Dulce. Não restava outro critério: Com qual das sopas vai soar mais agradável a palavra «obrigado», já que simpatizo tanto com a menina Dulce? — eu para os meus botões, botões de chuva — Com a de agrião, claro!, até Pitágoras acharia o mesmo.
De modo que…
Menina Dulce- Então, e hoje, doutor Plúvio, canjinha ou uma sopinha de agrião?
Eu- Hoje vou pelo agrião.
Menina Dulce, depositando-me nas mãos a malga fumegante- Aqui tem, agrião.
Eu- Obrigado.
E assim fomos felizes, a menina Dulce e eu, durante 15 segundos.
O que é demais enjoa. Se não enfartar.

É surpreendente como, na imensidão do Google, ainda ninguém tenha respondido «A minha biografia.» à pergunta corriqueira «Qual é o livro da sua vida?».

Porque complicamos tanto, se a vida é tão breve e o orgasmo nem se fala?

Aprendi que a nossa importância é da importância que nos dão e não da que temos.
- Quanto é a importância?
- ... €. Deseja com número de contribuinte?
- Pode ser.
  
Na lavandaria
Aos 69 sinto-me às voltas na última centrifugação.

Quem mas faz paga-mas. Deixarei de falar a todos os amigos que não forem ao meu funeral. 

Parir pedra
Sei da vossa avidez por notícias do meu corpo.
Ei-las. Tendo sobrevivido ao meu suicídio, não consegui impedir a vizinha Elisabete de me levar de charola — lugar do morto como convinha — para a urgência hospitalar. Dor intensa, vómito, transpiração, tez lívida.
A eco de emergência acusou um areal nos rins onde, obtido o necessário financiamento, tenciono montar uma barraca para venda de gelados. Só me falta mar.
- E o sangue na urina, doutora?
- Três litros de água por dia.
De resto, tudo bem.

Adeus, até à próstata.

terça-feira, 19 de abril de 2022

Génio, generosidade

O concerto em Nova Iorque de Yamandu Costa, com Richard Scofan no bandoneão, foi há uma semana, 12.Abr.2022.

Sessenta e um minutos, a roçar aqui e ali a sublimidade, postos à disposição de toda a gente. De graça.

Muito obrigado, senhor Yamandu.
Juro que fiquei quietinho quando me tocaram à campainha.

Competência e rigor foram de vela?

Na edição de 14 de Abril corrente o semanário "Nascer do Sol", por que paguei 4 euros, noticiava na página de desportos a morte, aos 17 anos, num acidente náutico na Tunísia, da que fora a velejadora olímpica mais jovem nos jogos TOKYO 2020, ocorridos em 2021, «que tinha já sido campeã olímpica no Rio '2016».
«O barco onde seguia com a irmã acabou por virar devido a ventos fortes.»

Os leitores que fizessem o resto:
- investigar acerca do nome/nacionalidade da rapariga e data da tragédia;
- descobrir o disparate dentro da notícia.

Eu fiz. E confirmei que o noticiário da BBC é melhor, muito melhor do que o de cá.

segunda-feira, 18 de abril de 2022

Inexcedíveis

Sporting, 0 - Benfica, 2

«Correu bem. Mais uma vez dar os parabéns aos jogadores porque tiveram inexcedíveis, aqueles que jogaram e os que não jogaram.»

"Treinador de futebol" é um sujeito pago para ir vendendo batatas fritas, agências de viagens, operadores de telecomunicações, seguros, água, cerveja e refrigerantes, casas de apostas, vestuário desportivo, etc., enquanto diz não importa o quê nas conferências e entrevistas de antevisão, flachinterviús e pós-jogo, a quente; mais as de preparação do que lá vem e as de rescaldo do que passou, com frieza racional, a meio da semana.

A indústria de imbecilização dos povos vai próspera, muito obrigado.
- Vero?

- Essa embirraçãozinha pelo "mister", Plúvio...
- Embirração nenhuma; gosto é muito de pensamento especulativo. E confesso que a inexcedibilidade dos futebolistas sentados não cessa de me empolgar.

domingo, 17 de abril de 2022

Pedro Mexia

é sempre bom. Muitas vezes, o melhor.

«[...]
porque é que um trabalhador há-de ser tratado por "colaborador", promovendo-o verbalmente e fragilizando-o em termos de vínculo?
[...]»
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O galo* do Anselmo

16.Abr.2022, 22h55
Tem que ser rápido, meu!
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sábado, 16 de abril de 2022

Bem-vindos ao país cristino [13]

ÚLTIMA HORA
«Consegui receber o prémio do melhor livro do mundo em língua portuguesa, e logo com o primeiro título*
Uau!!!

Um feito desta magnitude e nem uma nota de Belém? Ou o arlequim é só para lutos?
Não consigo conter a indignação.

De qualquer modo, bem haja Portugal e abençoados sejamos por escritores de tal valia.  

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* Confesso-me envergonhado por nem dos seguintes ter dado conta.
Imperdoável pecado de lesa-cultura.

Trava-línguas

Experimente dizer em voz alta «A Rússia vai redireccionar».
Parabéns.

terça-feira, 12 de abril de 2022

66 segundos de escorrência fétida

«Foram hoje apresentadasa) as memórias de Daniel Proença de Carvalho. Chamam-se "Memórias do Advogado - Justiça, Política e Comunicação Social".b) O Daniel Proença de Carvalho, há quem goste, há quem não goste dele, é um personagem marcante e como se costuma agora dizer incontornável da democracia portuguesa. Esteve em todos os momentos do nosso regime, até esteve noutros anteriores, particularmente no célebre "caso Sommeronde houve aí uma grande guerra também de regimes, contra o regime, aliás. E portanto, é uma vida, esta aqui, a vida de um homem; é também a vida de muito da nossa história recente. Ele fala sobretudo de justiça, dos problemas da justiça em Portugal. Mas fala também de política e de comunicação social. É um livro que se começa a ler e depois não se consegue parar. É um livro notável de um homem a quem o senhor Presidente da República hoje disse que o país deve muito e eu tenho que concordar inteiramente com o Presidente da República, é um homem a quem eu acho que o país deve muito.»c)
66 segundos de Pedro Marques Lopes, lambecusista-mor do reino, 07.Abr.2022d)
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a) Pressente-se nesta poderosa sala — «veja as imagens» —, ou aqui, um suave, mefítico e sofisticado cheirete a compadres...


c) Talvez PML devesse aduzir, para melhor compreensão pública do acto de propaganda, que o seu advogado, e doutros dignos constituintes como Ricardo Salgado, é o Francisco Proença de Carvalho, filho do Daniel que, já agora, entre multiplicados mesteres de que se incumbiu ao longo de uma existência vivida nos peristilos de poderes vários, foi defensor de José Sócrates e patrão do jornal onde PML publicou semanalmente de 2009 a 2020.e)
 
d) Posaconazol não pára de desconcertar.
«Gosto pelo menos de pensar que tenho um bocadinho de cuidado com as palavras». - 23h05
Nota-se. Palavras não eram ditas,
«O Partido Social Democrata continua a não conseguir ter um discurso que de encontro a este eleitorado moderado». - 23h26
Praticante penoso da língua, há-de reformar-se do comentariado sem que ninguém o elucide de que com o 'ir de encontro', que profere insistentemente, diz o contrário do que quer dizer.
de encontro    ao encontro

e) Tempo de salivante e mal disfarçado contentamento aquele — 2017-2019, num Diário de Notícias ainda animado de socratofilia palpável —, de hossanas ao na altura novel presidente do PSD com Daniel Proença de Carvalho, chefe da trupe, Fernanda Câncio e seu serviçal Pedro Marques Lopes, irmanados no desiderato comum de domesticação do Ministério Público e açaime do juiz Carlos Alexandre que a reforma da Justiça propalada e exigida por Rui Rio — um dos cavalos de batalha no seu programa político — haveria de lograr, assim lhe dessem ouvidos ou o poder necessário.

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Mas para informação substancial acerca da figura incontornável e do livro em apreço, apresentados por Miguel Sousa Tavares, dos mais antigos e persistentes gladiadores-odiadores do Ministério Público, vá lá adivinharmos porquê, nada supera a generosa, suculenta e bem documentada peça, elaborada por  quem sabe e conhece, José, que dá uma ideia do país que muito deve a Daniel Proença de Carvalho, já que nem o frenético arlequim nem o pândego Posaconazol tiveram a gentileza de explicar que gente concreta deve assim tanto a este músico medíocre e que especificada dívida está por cobrar.

quinta-feira, 7 de abril de 2022

Geração +

ÚLTIMA HORA
António Costa:
«O nosso desígnio, repetirei para que ninguém duvide, é muito claro: garantir que a geração mais preparada de sempre será também, aqui no nosso país, a geração mais realizada de sempre.»
[Aplauso vibrante e longo. Muito irá aquela bancada de 120 ter de aplaudir nos próximos quatro anos e seis meses... Não sei se não seria de encomendarem um avantajado stock de luvas, não vá ficarem de mãos a sangrar.]

É, desde Outubro de 2015, a ducentésima quarta vez que António Costa nos lembra de que a geração actual é a mais preparada/qualificada de sempre.
Desde que brandiu o mantra pela nonagésima oitava vez já não consigo ouvi-lo sem me apetecer sacar da pistola, parafraseando o que sucedia à personagem de Hanns Johst quando ouvia a palavra "cultura".
Mas como não tenho pistola, fico na expectativa de que na próxima vez — a quingentésima sexta —  em que o primeiro-ministro repetir a frase lhe estoire uma granada* na língua. Vai ser lindo de ver e quem sabe AC passe, por efeito colateral, a pronunciar inteiras as palavras "constitucional" e "institucional".
Quem quer, afinal, António Costa hipnotizar?
Não lhe bastou sacudir o país em Outubro de 2019 para a novidade de que «o futuro é já agora»?
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* de açúcar, vá.

Três trincos de truz*

Tolentino - Mourinho - Francisco
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* Nas coordenadas geográficas em que me calhou nascer e habitar, quem consegue compreender Humanidade sem Futebol?

Da língua e do pensamento

Na sua primeira arenga como Presidente da Assembleia da República [PAR], Augusto Santos Silva discorreu acerca da peçonha nacionalista em contraponto da virtude patriótica, alongando-se depois na glorificação da língua portuguesa e no zelo do seu uso:
«Gostaria que a liberdade de quem fica assim investido do poder da palavra fosse adornada com o cuidado pela língua em que a palavra se exprime».
Bonito e louvável. Dói é que este amor [hoje soa-me a hipocrisia] ao Português venha de um protagonista na governação — PS/Sócrates — que mais lhe maltratou a escrita através do desnecessário e nefando Acordo Ortográfico de 1990.      

«O sinal de pontuação de que a democracia mais precisa é o ponto de interrogação. O sinal que mais dispensa é o ponto de exclamação que, ao contrário do que acontece com os fanatismos de toda a sorte, como bem mostrou Amós Oz, a democracia deve usar com grande parcimónia. Deixemos as certezas aos néscios. E cultivemos sem temor a nossa capacidade de questionar e inquirir. A interrogação sacode os preconceitos, abre caminhos, convida a ouvir várias respostas, trava o passo ao dogmatismo e à intolerância.»
Revejo-me nisto.

Lá pelo meio, Augusto Santos Silva sacou de Ludwig Wittgenstein:
«Os limites da linguagem são os limites do pensamentocomo é geralmente sabido
Ora aqui é que a porca torce o rabo!
Tenha o novo PAR paciência — ao filósofo austríaco já não adianta, desde Abril de 1951, tê-la —, mas não me conformo.
Defendo e quero veemente crer em que o pensamento não é limitável pela porra de linguagem nenhuma, muito menos por qualquer língua.
- Podes argumentar e desenvolver a ideia, Plúvio?
- Epá, não sei, não consigo. É uma intuição para que não tenho palavras.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

"Carta aberta de 20 personalidades",

encantadoras e inefáveis, como Boaventura Sousa Santos, Carmo Afonso, Isabel do Carmo*, dois oficiais da tropa, Constança Cunha e Sá ou Dino Santiago.

Não que discorde de coisas como
Não escolhemos o tempo em que vivemos, ...
tal como hoje acontece, ...
opinião que se arvora, ...
personagens para todo o serviço, ...
Pensar não é uma tarefa fácil., ...
professores e maestros, ...
desejo patológico, ...
forma acéfala, ...
pensar diferente
ou mesmo de
A solução não é
.

O pior é que separam sujeitos de predicados por vírgula, não conseguem acentuar as esdrúxulas, nem a ortografia do mostrengo AO90, de que são sequazes, praticam competentemente. E muito pior, a roçar iliteracia, é que digam 'vincular' em vez de 'veicular' [ambiente tóxico, em muitos casos vinculado e estimulado por meios de comunicação social || meios que vinculassem informações contrárias].
Face ao que me interrogo sobre quem terá sido o beócio da confraria protomoscovita que redigiu a carta ou o revisor dorminhoco do Expresso que a conferiu.

Quanto ao mais e atendendo ao Portugal em que hoje vivemos, acho que se esticaram um bocadinho

1- na «criminalização» do título "Pela paz contra a criminalização do pensamento".
E reiteram «criminalização» no corpo do texto, mas não consta que algum dos subscritores — ou qualquer outro putinista/russófilo [classificação a mor das vezes redutora, simplista e injusta] entre os vários tresmalhados que no Ocidente sentimental ousam não pintar a cara e a alma de amarelo e azul  — tenha sido demandado por órgãos criminais ou constituído arguido;

2- na acusação de que «O poder político se sente proprietário das formas de pensar».
Apesar da maioria absoluta, a verdade é que ainda não sinto que António Costa seja, sequer se sinta, dono do meu modus cogitandi.

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* O jeito que me daria a doutora Isabel ser Trindade...

sexta-feira, 1 de abril de 2022

XXIII Governo Constitucional - Biodiversidade e idiossincrasias

Aos trinta dias do mês de Março de 2022 

«Eu, abaixo assinado, afirmo solenemente* pela minha honra que cumprirei com lealdade as funções que me são confiadas.»

Dez [João Gomes Cravinho, Helena Carreiras, Fernando Medina, Duarte Cordeiro, Pedro Nuno Santos, Ana Abrunhosa, Sofia Batalha, Rita Baptista Marques, Ana Sofia Antunes, João Galamba] serviram-se da "Parker" disponibilizada pelo protocolo, só por isso merecendo um tudo-nada mais do meu apreço; os restantes 45 levaram caneta de casa, receando decerto que a da simpática Ana Cristina Baptista ficasse sem bateria ... ou sem rede.
  
Brâmanes - 1
  
Pretos - 0

Canhotos [um de "piercing"] - 4 

Irmãos - 2  

Um governante, o único, pronunciou o próprio nome no compromisso de honra — Eu, Ana Abrunhosa [a "costureira"] —, não fosse o «abaixo assinado» usurpar-lho. 

O que mais prometeu cumprir: Cumprirei, cumprirei...
A Cultura está garantida. 


À margem, realce-se o trabalho de Luísa Bastos, da RTP, jornalista com quem simpatizo, na apresentação individual de cada um dos 55 investidos, que só não classifico de magnífico por ter posto António Costa a «governar sobre o signo da incerteza.»
Ai, menina Luísa, menina Luísa! Sob o signo, se não se importa.

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* Por mais que esprema a sintaxe, não consigo entender que caralho de ónus acrescentado faz aqui o «solenemente».

** Ei-la.

Disk-lei-mâr
Sendo João Miguel Marques da Costa,  coxo canhoto, além de escuteiro***, o nome do agora empossado ministro da Educação, e chamando-se Deniz Marques da Costa o cibernauta que aqui rabisca sob**** o signo do Plúvio, não descarto nem deixo de encartar, antes pelo contrário, a eventualidade de termos sido paridos pela mesma mãe.


**** Tá a ver, Luísa? 

A democracia é linda e a liberdade não lhe fica atrás.