Já não há pachorra para o mantra da «geração mais qualificada de sempre» com que os feirantes do costume insistem em enfeitiçar o povoléu, como se de inaudita novidade se tratasse.
«As novas gerações, que são as gerações mais qualificadas de que o país alguma vez dispôs [...]»
Am-lá-ver... Afinal, que há de novo ou de diferente em a geração dos jovens de hoje ser a mais qualificada de sempre? Então, as novas gerações do século XII, as novas gerações do século XVI, as novas gerações do século XIX, a geração de 1921, a geração de 1974, a geração de 2000, não eram no seu tempo, pela lei natural das coisas, igualmente as gerações mais qualificadas de sempre?
E ai de nós, andariam os planetas ao contrário — em sentido retrógado, diria a doutora Ana Gomes — se a nova geração de 2047 e a novíssima geração de 2088 não forem, cada qual na sua vez, as mais qualificadas de sempre.
Pelo amor da santa, poupem-nos a tanta demagogia!