quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Um anónimo chamado Jorge

«[...]
Ainda antes de conhecida a decisão que rejeitou o primeiro habeas corpus, à secretaria do Supremo Tribunal de Justiça já chegava um segundo pedido de libertação imediata. Agora a providência é de um homem chamado Jorge Domingos Andrade, outro anónimo que também não terá qualquer ligação ao processo. O novo habeas corpus já foi distribuído à 5.ª Secção e vai ser analisado nos próximos dias para ser decidido na próxima semana. Jorge Domingos Andrade esteve esta manhã no Supremo Tribunal mas passou despercebido apesar da presença dos jornalistas. Assistiu, de resto, à audiência que discutiu o pedido de libertação imediata apresentado na semana passada por Miguel Mota Cardoso, um pedido que fracassou por manifesta falta de fundamento legal.
[...]»
- Locutora não identificada, por detrás de imagens recolhidas nas instalações do STJ em Lisboa, ao 2.º minuto do "Jornal da Noite" da SIC e ao 4.º minuto da "Edição da Noite" da SIC Notícias, de hoje.

domingo, 30 de novembro de 2014

Falar português

«[...]
Saímos daqui com uma estratégia assente na importância da qualificação, na valorização dos nossos recursos: as pessoas, o território, a língua, as comunidades portuguesas no mundo, a posição geográfica de Portugal no mundo.
[...]»
- António Costa, hoje pelas 13:20, no discurso de encerramento do XX congresso do PS.
António Costa diz invariavelmente 'aco(ó)rdos'. Fica-lhe mal; é 'aco(ô)rdos'. 

sábado, 29 de novembro de 2014

Clara Ferreira Alves almoçou com Mário Soares

Ela, garoupa; ele, costeleta.
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PS
Omissão grave de Clara Ferreira Alves, que é católica: não ter interpelado Mário Soares, sem fé, acerca do Papa Francisco. Haveria de escutar coisas extraordinárias. Qual Obama, qual quê!?

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

FC/FC e mais tricas entre camaradas

A jornalista Fernanda Câncio - "Aproximadamente", DN, 28.Nov.2014 - não chama nada à jornalista Felícia Cabrita.

O jornalista Ferreira Fernandes - "Debica indícios, cronista, debica, e bolça certezas", DN, 28.Nov.2014 - chama pedaço de asno ao jornalista João Miguel Tavares - "A presumível inocência de Sócrates", Público, 27.Nov.2014.

Manoel de Oliveira

Fazendo justiça ao tempo e ao homem, há muito se imporia corrigir a desactualizadíssima expressão para «o mais antigo realizador mais velho do mundo em exercício».
Até que os exercícios do cineasta determinem nova actualização.

José Tolentino Mendonça no ovo da serpente

Não se vê jeito de o omnímodo, ubíquo, consensual e incensado padre Tolentino nos dizer o que andam a ensinar acerca do Dinheiro, do Sucesso, da Ganância e do Escrúpulo, na Universidade Católica de que é vice-reitor e que tantas luminárias tem posto nos comandos deste país.
Vá lá, senhor magnífico padre-poeta, tire-se de comodidades, use, por exemplo, o seu púlpito na Revista do Expresso, "que coisa são as nuvens" e, por três minutos que seja, deixe de ser nefelibata. Faça como o George da legionella, explique-nos, sossegue-nos, que os ares começam a ficar podres demais. A Política não está proibida aos poetas. Situe-se, homem!
«[...]
Para José Tolentino Mendonça, Ser padre é (...) aceitar a pobreza como condição. E a pobreza é uma coisa chata de viver. É achar que isso pode ser uma forma de dizer alguma coisa ao seu tempo". (...) o autor, para quem A poesia é a arte de resistir ao seu tempo,
[...]» - Infopédia
Pobreza, os tomates; resistir, o tanas.

A camisa de Matt Taylor

«[…]
Como se sabe, as pessoas do género do Matt [Matt Taylor, missão Rosetta] dividem-se em seis categorias: homens que gostam de mulheres, homens que gostam de homens, homens que gostam de mulheres e de homens, homens que gostam de ornitorrincos (e/ou outras espécies) e homens que não gostam, ponto.* O gosto do nosso físico Matt Taylor surpreendeu talvez por ser raro, gosta de mulheres. Sabemos desde o professor Tournesol, os cientistas são uma raça de originais. Matt Taylor gosta de mulheres. Proclamou-o na camisa. Vai daí, deita pedra na Geni!
[…]
Os cientistas devem ser postos na linha. Matt Taylor foi. Dois dias depois do Matt da camisa, ele apareceu de cinzento, pediu desculpa aos ofendidos e chorou. Foi um pequeno choro para um cientista mas um grande salto para a tolice. Os criadores bem podem chegar aos cometas, mas cá em baixo quem ainda manda são os eunucos.»
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* Conto cinco categorias. De que abstrusos homens se terá esquecido Ferreira Fernandes no tinteiro? Os que gostam da Geninha Melo e Castro? Nunca se sabe.

domingo, 9 de novembro de 2014

José Rodrigues dos Santos por António Araújo

«Rodrigues dos Santos: a sexualidade das onomatopeias»
1  -  2  -  3  -  4  -  5   |  de 04 a 08.Nov.2014, no blogue Malomil.
Isto, sim, merece ser viral.

Quanto à legionella, amante de gotículas, cuidado com a chuva.

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Por qualquer razão que não me ocorre agora, o presente verbete esteve para se chamar "Vírus e bactérias".]

sábado, 11 de outubro de 2014

Eduardo Ferro Rodrigues não presta

O PS, em que voto quase sempre desde sempre, faz-me pena. Depois de três anos com um penoso e repulsivo António José Seguro, como é possível não terem arranjado melhor para líder parlamentar?
Desastre a seguir à calamidade.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

329

É por isso que isto está como está.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

«Não tenhas medo de ser o que ama mais.»

- Anne Gaston, norte-americana, 80 anos, casada há 60.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O Trancão, o Ganges e o Paraíba

Sabe bem respirar nos raros sítios onde a blogosfera não está povoada de pesporrência e de cagança.
Aqui, por exemplo. Simplicidade, graça, sabedoria; passe a redundância.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Nada como a intuição, a antevisão e a sabedoria consolidada de especialistas

«[...]
Para Pedro Albuquerque, fundador da Albuquerque Design, é demasiado cedo para deixar cair o nome BES [...]
"Por incrível que pareça a gravidade da situação não chega a ser fatal para a marca." O valor das acções do banco até pode ter caído mais de metade, mas o da marca é avaliado por outros factores. "É uma construção psicológica, feita de grandes feitos, pequenos detalhes e de tempo, tal qual as relações humanas", diz. "A marca BES ainda beneficia dessas referências consolidadas ao longo de décadas."
Pedro Celeste, especialista em marcas da consultora PC&A, reforça: [...] "A marca é autónoma o suficiente para sobreviver para além da família Espírito Santo", conclui, lembrando que durante anos o BES foi líder em termos de notoriedade.
[...]»
"BES. Deve a marca virar as costas ao nome da família?" | DN/Dinheiro Vivo, 02.Ago.2014
Ó Ana Marcela, na próxima vez em que tenha de ouvir bruxos, veja se consegue Pedros mais clarividentes; videntes mais certeiros...

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Sobre outros assuntos e cancro

Simpatizo com Manuel Sobrinho Simões e gostei da conversa dele com Isabel Tavares no i de anteontem.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Tédio | Atenção

«[…]
o tédio, esse, é hoje uma velharia erudita e literária que já só se apresenta como objecto de uma arqueologia. O tédio implicava a percepção de um tempo exasperante de lentidão, de tal modo privado de novidade que abria aquele abismo do spleen baudelairiano: “J’ai plus de souvenirs que si j’avais mille ans”. Já não é possível sentir o tédio porque o regime de superabundância digital, que faz com que estejamos sempre ligados a redes de comunicação e imersos nos fluxos de distracção que elas fornecem, provoca-nos uma estimulação sem repouso.
[…]
Privada temporariamente de ligação às redes, a maior parte das pessoas não consegue recuperar a capacidade de sentir o tédio: passa imediatamente ao pânico. A concentração e a atenção tornaram-se bens raros, de tal modo que se pode dizer que o princípio da raridade se deslocou radicalmente do pólo da produção para o pólo da recepção. Daí que se tenha tornado tão importante, actualmente, uma “economia da atenção”. É ela que domina o mercado. E porque é um recurso raro, assistimos a uma corrida pela sua posse, por parte desta nova economia. Sabemos muito bem como o jornal, que foi em tempos “a oração matinal do homem moderno”, tem dificuldade em sobreviver nesta nova economia, com outras solicitações “atencionais”. E a indústria do livro só sobrevive à custa do papel impresso que não solicita, em grau elevado, a energia mental da atenção.
[…]»
António Guerreiro, "Onde está o tédio?" | Público/Ípsilon, 01.Ago.2014

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Na morte do pai


«Chove dentro do Aeroporto Viracopos, em Campinas. Chove muito. Não há maneira de isto parar. Por muito que os olhos se fechem, a torneira continua aberta
— como a ferida do golpe. Só me vem à cabeça a terceira cena do "Cinema Paraíso", a da chegada do Totó a casa, em Roma. A namorada já está embrulhada nos braços de Morfeu, mas ainda consegue transmitir o recado da mãe: Alfredo [o projeccionista] è morto."
Inicia-se um flash-back. [...]
Há pais comprometidos, ausentes, realistas, desnaturados, airosos, perigosos, tranquilos, inconsequentes. O meu é amigo. Cúmplice. Verdadeiro.
[...]»

Ao acaso, lembro-me de também me ter comovido com o que Rita Ferro escreveu — "Este português que eu conheci...", no Semanário de 03.Abr.1993 — na morte de António Quadros [14.Jul.1923-21.Mar.1993], seu pai, e de como o malandro do Miguel Esteves Cardoso me comoveu — "Pai", n' O Independente de 29.Jul.1994 — na morte do seu, Joaquim Carlos Esteves Cardoso [?1920-04.Jul.1994].

Não sei porquê? Claro que sei.

«A inércia é preta», Deus uma treta

«[…]
João Magueijo [JM]- Quando se diz “caralho” é mesmo caralho, é a sério. Eu gosto do Pacheco [Luiz] e do Bocage.
[…]
A inércia é preta.
[…]
Clara Ferreira Alves [CFA]- Vamos falar do Large Hadron Collider.
JM- Foda-se!
CFA- Aquela alegoria da partícula de Deus deixa as pessoas intimidadas, como se a física tocasse em Deus.
JM- Eu chamo-lhe a partícula da Nossa Senhora da Agrela. Essa relação com Deus é uma estupidez. Eu sou ateu por razões que não têm nada a ver com física. E vice-versa. Usar a ciência para acreditar? O que o (Richard) Dawkins faz e o que os criacionistas fazem é a mesma coisa. Uns usam a ciência para justificar a crença e outros usam-na para justificar a não-crença. É igualmente estúpido. Mesmo que fosse provado cientificamente que Deus existe eu não acreditava em Deus. É uma ideia má, faz mal à saúde.
CFA- Isso é Dawkins. Já reparou no que a arte tinha perdido sem a religião? Não teríamos a pintura sacra, não teríamos a “Pietà” do Michelangelo, não teríamos...
JM- Não! É o contrário do Dawkins. Eles faziam isso, arte, e lá por trás estava um cão a foder. Pintavam os anjinhos porque era o que lhes pagavam. Nada a ver com os anjinhos.
CFA- Até o Bacon precisou de um Papa.
JM- Eu não falo contra a religião nesse sentido.
CFA- Falo da iconografia e não da fé. Esse é outro problema. A iconografia é esplêndida.
JM- Então e os requiens? O Lopes-Graça, um ateu total, fez um requiem às vítimas do fascismo! Nesse sentido, concordo plenamente. Não sou dogmático. Sei que isso abre as portas à arte. Eu sou ateu.
CFA- Foi sempre ateu? Teve catequese?
JM- Não. Houve fases. Tive e berrava à catequista. Mas o que digo tem a ver com a interacção entre crença e ciência. Uma não pode provar ou não provar a outra. Se se provasse que Deus existia eu continuava ateu porque Deus não resolve o problema ético do modo como nos relacionamos uns com os outros. Prefiro saber que no dia em que morrer é o fim, não há mais nada.
[…]
Eu quando digo que sou antiteísta quero dizer que se Deus existe é um grande filho da puta.
[…]»
Entrevista de Clara Ferreira Alves a João Magueijo, "João Magueijo – A Física é um mundo de doidos" | Expresso/Revista, 26.Jul.2014
- x -
«A entrevista de Clara Ferreira Alves a João Magueijo, na Revista do Expresso de sábado passado, não é bem uma entrevista.
Quando se chega ao fim, percebe-se que aquilo não passa duma batalha verbal entre dois cabotinos.
Ela exibe-se formulando perguntas, que mais parecem orações de sapiência, em que consegue introduzir termos e nomes que todos os leitores do Expresso usam quando vão ao mercado comprar sardinhas. Por exemplo, Margate, englishness, understatement, Hawking (é uma obsessão), D. Afonso da Maia, stasis. E ainda encontra espaço para dizer que tem um aluno de doutoramento que é muçulmano*.
Ele vai respondendo com merda, caralho, foda-se ou cu, q.b.
A dado passo, abandonando fugazmente a ciência e o vernáculo, Clara pergunta − “o que lê quando está triste?”. Logo ali me pareceu que a pergunta estava quase, quase, ao nível da mais famosa pergunta da televisão portuguesa – “o que dizem os seus olhos?”, mas para melhor, claro.
Abreviando, e para quem não teve oportunidade de ler a entrevista, transcrevo uma pergunta/afirmação, e respectiva resposta, que resumem magistralmente o tom e conteúdo deste trabalho jornalístico:
- Vamos falar de Hadron Collider. (diz ela)
- Foda-se! (responde ele)
Um pouco de understatement até nem calhava aqui mal, pois não?!
Melhor calharia ainda sermos poupados a seis páginas de pornográfico exibicionismo de dois egos que se julgam a encarnação única da própria partícula de Deus.»
Maria de Jesus Lourinho, "Clara e João, combate de galácticos" | Blogue "1 Dia Atrás do Outro", 29.Jul.2014

Pelo que vou conhecendo de JM, não me atrevo, por enquanto, a chamar-lhe cabotino. O professor Magueijo integra a trupe de alentejanos sabidos, instruídos e bem-humorados, levemente caóticos, a que pertecem o óptimo Rui Cardoso Martins e o ferrabrás Luís Pedro Nunes, coetâneos. No caso de JM, acho-o, pobre de mim, bem mais do que sabido instruído.
Especialmente para Maria de Jesus Lourinho, ei-lo em 19 minutos sem palavrões, à conversa com Luís Gouveia Monteiro, jornalista nos antípodas do cabotinismo, em "O que fica do que passa", no Canal Q, 11.Jan.2013.

Cosmologicamente, toda esta boa gente, incluindo a cristã CFA, reverbera na galáxia das Produções Fictícias. Podia ser pior.
Mas sobrará sempre a possibilidade de não sabermos nada.
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* Também fui levado a pensar num muçulmano, aluno de doutoramento de CFA, ideia estapafúrdia [fosse um cristão, aluno pós-doc em aeronáutica, ainda vá que não vá…]. Há ali 3 linhas de negrito indevido — «Pode acreditar numa religião» —, a fazerem supor que é CFA que fala quando, na dita passagem, ainda é João Magueijo no uso da palavra. Analisando a conversa com mais cuidado, julgo que desde «É um mito.», na coluna à direita da página 6 da entrevista, até «dentro do Islão.», no topo esquerdo da página 7, é sempre o entrevistado a falar.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Não é por nada, mas pode haver crianças a ouvir

21:39- Nos últimos quatro anos quadriplicaram o número de prisões por violência doméstica. [Doutora Teresa Caeiro]
22:33- Como nós sabemos, o CDS foi até há pouco tempo, já deixou de ser há bastante, o partido que defendia [Doutor Pedro Marques Lopes].
- SIC Notícias, Edição da Noite, 30.Jul.2014
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quadruplicou o número de prisões

terça-feira, 29 de julho de 2014

Prosas sobre banditismo

.  Nicolau Santos, "Duas ou três coisas sobre o caso Salgado"
.  Henrique Raposo, "A redenção dos Espírito Santo"
.  Henrique Monteiro, "O poema Quadrilha e Salgado"
.  Pedro Santos Guerreiro, "E no futuro, como será?"
– Expresso, 26.Jul.2014

domingo, 27 de julho de 2014

Clara Ferreira Alves, perigo tóxico [2]

A TAP escreveu ao Expresso — "A carta da semana", 26.Jul.2014 — em desagravo da crónica canalha e criminosa de Clara Ferreira Alves [CFA] publicada na edição da Revista do sábado anterior, 19.Jul.2014.
A "Nota de autor" com que CFA argumenta extensa, pormenorizada e fundadamente as razões que a conduziram à proclamada convicção de que é perigoso voar na TAP  constitui um paradigma de jornalismo exigente, sério e honesto. Somos mesmo levados a crer em que só por falta de espaço a autojustificação de CFA não foi ainda mais contundente. «Estamos esclarecidos».

Mas a TAP não sai da agenda atrabiliária de CFA. Nem — amor se calhar é isto — CFA da minha…

Sexta-feira, 25.Jul.2014, 23:05, Canal Q, edição 92 de "O que fica do que passa":
Luís Gouveia Monteiro- O que é que fica da semana que passou, Clara?… 
CFA- Uma pequena nota: a decadência da TAP, os escândalos sucessivos de adiamentos, desculpas… Uma administração que se mantém há 14 anos no cargo — catorze anos! [CFA repete  e soletra com indignada veemência cada sílaba dos 14 anos; imagino como ela nos advertirá de si mesma — Já ando por cá há 58 anos, cinquenta e oito!!!…], completamente opaca [atentai, gente: a opacidade começa a estar na moda; o tal "medialecto"…]. Raramente se sabe como é que a TAP é gerida, por que é que é gerida. De um lado temos os pilotos, do outro lado temos os trabalhadores da manutenção que dizem que neste momento as condições de manutenção da TAP não são as melhores. Temos um negócio de manutenção no Brasil que nem se sabe o que se passou … Tem sido, tem sugado todo o dinheiro da TAP. Há quem diga, há quem acuse a TAP de estar a aumentar rotas sem ter aviões e sem ter pessoal técnico, incluindo os pilotos, evidentemente porque quer privatizar e portanto quer, como se diz, "embelezar a noiva" — foi uma das acusações da Comissão de Trabalhadores — e há quem diga que pura e simplesmente o que se quer é desvalorizar a TAP para o negócio da privatização ficar mais apetecível. O que é certo é que companhias sérias e companhias competentes, como a Emirates ou a Lufthansa*, que demonstraram — para não falar no grupo British Airways e Iberia —, que demonstraram interesse na TAP deixaram de o demonstrar. Não sabemos o que é que aconteceu nesse semiprocesso de privatização adiado, que era a venda a Efromovich. A TAP tá-se a tornar uma companhia brasileira e africana ! Em vez de ser uma companhia europeia portuguesa boa! Está na altura de percebermos o que se passa na TAP. 

Entretanto, na grande entrevista ao DN/Dinheiro Vivo de sábado, 26.Jul.2014, "Pais do Amaral - O objectivo não é comprar a TAP para vender daqui a três anos" — por mais que não seja, os mui judicativos e capitosos considerandos sobre Ricardo Salgado e Marcelo Rebelo de Sousa valem o tempo gasto a lê-la —, diz a dado momento Miguel Pais do Amaral, conde de Alferrarede e dono de muita coisa, a propósito do seu "chegar-se à frente" para a compra de 100% da TAP:
«a nossa plataforma estratégica é simples: manter a estratégia da empresa, que tem sido de crescimento prudente e sustentável; manter a gestão da empresa, pois achamos que o presidente da TAP, Fernando Pinto, tem feito um bom trabalho e tem anos à frente para continuar a fazê-lo.**»
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* CFA insiste na seriedade da Emirates e da Lufthansa em contraponto com a insegurança, bandalheira e desgoverno — diz ela — da TAP. [Crónica de 19.Jul.2014: «companhias sérias como a Emirates, a Lufthansa e outras»]
É por isso hora de contar:
"Os aviões das 10h10".

** Acho que Pais do Amaral está, quanto a Fernando Pinto, a comprometer-se numa enorme e perigosa imprudência. Afigura-se no mínimo irresponsável que ignore os "efeitos entrópicos do tempo na boa gestão continuada das companhias". Se 10 anos é muito tempo, que dizer de 14? Se 14 configuram obscenidade, como pode, no seu perfeito juízo, admitir que FP ainda «tem anos à frente»?
Mal ides, Dom Miguel Maria, se vos não aconselhardes, quanto à gestão, com dona Clara Ferreira Alves. Mal ides. 

***  Vá lá, Clarinha, atreva-se, meta-se com a Lufthansa, difame-a, achincalhe-a, chame-lhe perigosa, decadente, africana, brasileira.

Vítor Bento

«no Verão gosta de se proteger do sol com um simpático chapéu de palha.»
[Martim Avillez Figueiredo, "Vítor Bento e o segredo da governanta" – Expresso, 19.Jul.2014]

Com a revelação, conhecedora e certificada como é próprio de Avillezes, deste determinante traço idiossincrático do novo presidente do BES, podem os seus clientes dormir finalmente descansados.