mui brevíssima história do tempo antes e depois de cristo, depois de almoço de arroz carolino, feijão catarino e atum tenório, antes do café*
alguém sabe como foi o princípio e como era no começo? eu também não.
de maneiras que umas pliocenas depois do big bang — advirto que só estou autorizado a contar a partir do ponto em que o stephen hawking não alcançava, excluindo portanto a
kic 8462852 —, aquilo onde tocava o duke ellington e esses todos —
big band, plúvio! —, vem o homem sapiente e aí distinguia-se fêmea de macho, lá em cima e cá em baixo, forte era mais forte do que fraco e fraco mais fraco do que forte e bonito menos feio do que feio e preto era menos claro do que branco e vice-versa reciprocamente e ao invés, de tal modo que o escravo mandava muito menos do que mandavam nele; vêm o moisés e o
Maomé, a mulher estava proibida de ter alma e carta de condução, acaba-se a escravatura, vem o avião — ainda não? — ok, vem a bossa-nova — ainda não? porra — então, vem a pílula, a mulher começa a dar a comunhão na missa, que é uma pouca vergonha, entretanto o adol fodeu judiaria e ciganagem, as pessoas cá se continuaram entredevorando, algumas com fome, pobrezinhas, o padre borga gravou uns discos, o mantorras escreveu um livro, os americanos persistiam em matar e morrer que se fartavam, os japoneses também deram neles, o zé dos bigodes idem aspas — o átila não é dessa altura? — ah ok, era o pol pot, não contando cataclismos naturais tipo sismos, vulcões, tsunamis, mao tsé tunga neles, aluimentos, ciclones, covides e colaterais, o que nos vale é a greta, a thunberg e o buraco propriamente dito
** —
vê lá se arrumas essa linha do tempo e não te esqueças da parte em que saem de cena os dinossauros e entram os camafeus da páscoa mal encarados e mudos como penedos —; quem, os moai? sim, que os das pirâmides eram mais especialidade do arqui medes quanto? o tamanho conta?; mas esses não são para aqui chamados, além de que não se lhes conhecem queixas; agora dizem que aquilo de stonehenge era cemitério, e há monstro no lago ou não?, ah pois claro, e o yeti, o et, o
bob proctor*** e o
gustavo santos... o profeta até que foi um tipo porreiro, várias gajas para um homem, tareia nelas que o seguro morreu de velho; até que vieram a
doutora fernanda câncio, que aditivou o engenheiro sócrates para a legislação fracturante, e a esgrouviada da isabel moreira —
disseste esgrouviada? —, sim,
esgrouviada, muito antes de o
joão telmo ensinar que «
nós escolhemos o sexo que queremos ser», ainda não havia joacine e pan não passava de onomatopeia,
porquê «orientação sexual» se todo o sexo é desorientação?
e encaixaram na lei e na normalidade a igualdade das diferenças e escolhas livres tipo homem com homem no código civil adopção plena sucessão e tudo sem esquecer mulher com mulher no código civil co-adopção plena e irrestrita sucessão e tudo, que o direito à indignação e à diferença entre iguais, perdão, à igualdade na diferença, dizia eu que o direito a isso tudo é uma coisa muito linda, mormente quando estão em causa o interesse do povo em geral e o superior interesse da criança em particular e até se constou que esta problemática já estava claramente enunciada nos princípios mais elementares da
patafísica, que estuda a identidade dos contrários, e a nossa sorte por enquanto é as e os lgbtqi+ e o be não terem ainda conseguido usurpar a ordem jurídica inteira incluindo as regras de trânsito na rua da constituição. —
e que mal teria?, pergunto. — talvez pouco, respondo, e admito que tudo seria pior se a humanidade não tivesse entretanto inventado o palito, o corta-unhas, a borracha e o papel tissue, mas acho igualmente que não fica bem brincar com certos e determinados assuntos.
enfim, isto é apenas a história da civilização, que é quase-nada. o resto, que é quase-tudo, a começar pela descoberta do dinheiro, do acorde de sétima diminuta e da compreensão inteligível dos factos, sem esquecer
o papel da doutora joana mortágua na felicidade da engrenagem porque ela é fufa e o mundo ela vai mudar, o resto, dizia, é a história do absurdo, se não o próprio absurdo.
- e cafezinho, vai desejar?
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* homenagem a todas e a todos as que e os que —
se o ridículo matasse... — arrematam tudo em minúsculas. vi-me porém forçado a abrir uma excepção [as excepções costumam abrir-se] naquele
M do profeta e sei que não é necessário um link para fatwa; os meus cerca de oito leitores são cultos, assim fosse eu.
** sai um homem do buraco e passa o resto da vida a tentar de todas as maneiras reentrar nele...
*** nas imediações da proctologia, que trata do olho do cu e logradouros.
prometo, na próxima, não falar tanto de sexo.
se calhar deus existe. quase três minutos de
feitiço.