quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Aos que brandem as objecções do(s) costume(s)

ao amor entre duas pessoas com grande diferença de idade chamo a atenção para o consensualmente aceite, admirado e ternurento amor do Papa Francisco pelo menino.
- Foda-se, Plúvio, mas isso não configura pedofilia?

Toponímia aimínopoT

No sentido da
 !
SERIA A RUA L

Para que se não diga que este blogue é frívolo.
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Já agora.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Acordo Ortográfico [99]

«A História repete-se.
Em 1911 e em 1945, como se sabe, Portugal ficou a "ortografar" sozinho.
Mais recentemente, a quatro dias do termo de 2012, Dilma Rousseff protelou o "problema AO90" para Dezembro de 2015, decretando que a obrigatoriedade do autodenominado "Acordo Ortográfico" no Brasil ficava adiada para 1 de Janeiro de 2016.
Cremos que, como se diz em futebolês, a "Presidenta" (sic) do Brasil voltará a chutar para canto (ou "escanteio"), com um novo decreto.
Nesse caso, Portugal ficará com duas saídas: ou (1) a via autofágica de deixar desagregar um sistema linguístico estável através da corrupção da grafia imposta ao sistema de ensino e à administração pública por uma mera Resolução do Conselho de Ministros (a RCM n.º 8/2011) assinada por José Sócrates,  ou (2) a recuperação da sanidade mental colectiva, conferindo o justo valor patrimonial à ortografia consuetudinária do Português-padrão, a única com legitimidade natural e legal, aquela de que a sociedade civil portuguesa nunca abdicou globalmente.
[…]
Podemos pôr o champanhe no frio? Assim sim, feliz 2016. Enquanto a "bomba" circula nos corredores do Planalto e do Itamaraty, antes de deflagrar no clube dos "lusófonos" que tanto vêm lucrando com este crime de lesa-Pátrias, ficamos de olhos postos no Brasil, neste País circunstancialmente refém de quem nos crê a alma cotada em petrodólares, nesta impossível rota anti-histórica e contra-evolutiva traçada na demanda por nenhures, degredada, náufraga, desnorteada... pelo Cruzeiro do Sul. Raptaram-nos esta velha Europa cultural, que definha e agoniza a bordo de um navio petroleiro da Europa política; pagamos o resgate – vão-se todos os anéis, fiquem todos os dedos.»

Tu - Zoologia aplicada

«A maior parte destas coisas são ditas por tu e por tu tratam-se as crianças e os animais; não se tratam as pessoas em pé de igualdade.»
Quem sabe sabe, quem sabe ensina.

O que sei de Deus

Nunca me cansará o espanto com que ouço as pessoas falar de Deus, blindadas de convicção quando não de certeza absoluta. O que certas pessoas sabem e dizem de Deus, deuses meus! Sabem o que Deus é e conseguem até saber o que Deus não é. Como sabem? Sabe-se lá.

Por exemplo, o senhor padre Tolentino: 
«[…]
É verdade que não sabemos a forma de Deus. Tanto crentes como não-crentes, bebemos o silêncio de Deus nas próprias mãos. Deus não é manipulável, domesticável por discursos e representações. A tradição bíblica, quer judaica quer cristã, é muito escrupulosa em manter a indizibilidade de Deus. Porque perguntas o meu nome?, respondeu Deus ao pedido feito pelo patriarca Jacob para que se autonomeasse (Gen 32,30). Deus escapa-nos, é sempre Outro, ultrapassa o que possamos conhecer dele. Deus é Deus e isso coloca-nos perante uma realidade radicalmente outra. A experiência crente constrói-se por isso, não raro, num intransigente e ardente oximoro, que é a sua figura por excelência: uma plenitude feita de vazio, um brilho que emerge às escuras, a palavra tornada carne.
Digo muitas vezes que, sobre Deus, faz-nos bem a nós crentes escutar os não-crentes.*
[…]
O que é que distingue a experiência crente? Talvez apenas isto: compreender que somos procurados, que a nossa fome de verdade é já encontro, que a nossa carência de absoluto é já contacto com o infinito. Quando falamos sobre Deus damos razão à frase do “D. Quixote” que garante: não é a estalagem quem mais nos ensina, mas sim a estrada.»
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* Deixa cá, pois, escutar-me.
- Que pensas, Plúvio, do siderante silêncio de Deus? 
- … nhã nhã nhã … rebéu béu … de modo que … se calhar … Há uma intuição rebelde que me sugere que Deus, desesperada e prodigiosa invenção — com barbas e um feitio dos diabos — do Homem, fala ou cala-se conforme o Homem queira ou ao Homem apeteça. Como se o Homem fosse o ventríloquo e Deus o seu sublime, ínscio, oco e amorfo boneco. Depois … nhã nhã nhã … temos Bach, António Carlos Jobim, a ciência, este gajo e essas coisas todas. 
Talvez, não sei. Mas há quem saiba.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Acordo Ortográfico [98]

«[...]
Os cidadãos, desinformados e acríticos, vêm aceitando a canga que o Estado lhes imponha e, mais, conformam-se a oferecer filhos e netos no altar de quaisquer sacrifícios, necessários ou suicidários. Grassa a irresponsabilidade militante. O gás metano que emana do medo, da subserviência das reses que assim guiadas se encaminham com as suas crias para o matadouro, é irrespirável.
[…]
O PS saberá o que quer para si, para o País, para Assis? Rima, deixo rimar... O PS parece gravemente desassisado, incapaz de um pensamento post-socrático.
Agora a sério, remeto aqui sobretudo para a exortação que o próprio Assis fez. Mas, convocando todos os portugueses, interpelo mais quem tem de tomar decisões mais complicadas. Esta é uma exortação que os não exorta, de facto, só lhes mostra que um político pode não ser sectário e imediatista, pode pautar-se pela solidez e pela constância de referenciais não negociáveis.
Rir-me-ei perante frase análoga à que citei, mas em reacção – bem eufemística! – à inevitável retirada do monstro estupidográfico das escolas e da administração pública, cuja suposta "legalidade" ou "obrigatoriedade" radica apenas numa Resolução do Conselho de Ministros (a n.º 8/2011)  assinada pelo melhor amigo de Carlos Santos Silva, após um obscuro tratado internacional ter sido congeminado à revelia dos direitos culturais e linguísticos (direitos humanos consagrados internacionalmente!) dos povos assim tão mal representados: “Tratou-se de um lapso, que não voltará a repetir-se.”
Em face dos séculos de História que nos sustêm e dos séculos de futuro que nela contemplamos, a Língua Portuguesa segue dentro de momentos.» 

- x -

domingo, 27 de dezembro de 2015

Vamos experimentando

Primeira pergunta de José Cabrita Saraiva a Rui Veloso, no Sol/b.i. de ontem:
- Porque é importante ter tantas guitarras diferentes?
Rui Veloso:
- É como as mulheres. Vamos experimentando até encontrarmos uma boa. E também temos de as tratar bem.


Vá, toca a zurzir o Veloso.
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Em tempo [28.Dez.2015]
«[...]
"Comia-te toda"; "ó borracho, queres por cima ou queres por baixo? / queres pela frente ou queres por trás?"; "dava-te três sem tirar"; "ó estrela, queres cometa?"; "ó jóia, anda cá ao ourives".

Faltou uma à doutora Câncio:
Deixa experimentar, a ver se és boa.

Português-Betão, Português-T3

Convenhamos que «construção e imobiliário de língua oficial portuguesa» tem um quê de, em bom vernáculo, je ne sais quoi; mais bem dito, um cuá de je ne sé quê.
Minha amada língua, minha oficial respiração...
Cáspite!

sábado, 26 de dezembro de 2015

Eu. O óbvio óbvio?

Peço desculpa por não vir aqui tanto. É que tenho sempre muitas palavras ao lume.
Por exemplo, estas que tinha e sirvo ainda a escaldar.

Tudo começou, não na concepção, não no nascimento — desse ponto de vista, aliás, nada começa ou termina, tudo é continuação — , mas quando me dei conta. Aí é que foi e daí não há recuo. Dizemos eu e sabemos, ou julgamos saber, do que e de quem se trata. Estamos fodidos.
Eu é uma coisa sussurrante delimitada pela minha pele e pelos meus pêlos pppp. Mais nada parece haver, até que, dentro do caixote oblongo, tenha perdido definitivamente o meu ponto de vista.
Enterrar ou queimar *, eis a questão.
Simples.
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* E jazigo, Plúvio?
Não seja por isso.«Enterrar, guardar ou queimar, eis a questão».

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Paradoxo

Alguém me explique.
Se — toda a comunicação social não se cansou de informar e relembrar até à náusea — o Chelsea era «o Chelsea de José Mourinho», por que abstrusa razão foi a coisa detida a desfazer-se do detentor e não este daquela?

«O Zenit de André Villas-Boas», «a Fiorentina de Paulo Sousa»...
Brrrnhac.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

O inímigo

Poetou em francês o francês Voltaire — "La Bégueule", 1772 — que um sábio italiano escrevera, sabe-se lá quem-quando-e onde, que o óptimo é o inimigo do bom [traduzo agora eu fazendo conta de que nunca tal ouvira].*

Pois será, mas não em todo o lado. Pelo menos no Centro de Portugal, com um inimigo destes bem pode o bom continuar a dormir descansado.

Danos colaterais do malfadado Acordo Ortográfico? Decerto, embora me incline mais para acção directa da burrice.
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* Dans ses écrits un sage Italien
   Dit que le mieux est l'ennemi du bien.
[...]

sábado, 19 de dezembro de 2015

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Recado à Ágata,

para sua cultura geral:

«Um programa de televisão sobre cultura geral que não tenha a pergunta "Qual é o maior órgão humano?" não deveria ser validado pelo governo civil. […]»

A doutora Ágata Xavier, jornalista, também tira fotografias. 

Já agora, porque me apetece, pergunta-modelo num concurso de cultura geral:
Qual das seguintes é a entidade que, em Portugal, valida sorteios, concursos publicitários, concursos de conhecimentos, passatempos e afins? * 
a.  MÓNICA
b.  LILIANA
c.  MALATO
d.  SGMAI
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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Porque é que os leitores do Público são os mais cultos?

«[...]
Dentro de seis anos deverá entrar em funcionamento o Telescópio Gigante Magalhães no deserto do Norte chileno. Mas até lá, os céus daquela região poderão ficar menos prístinos devido à iluminação pública.
[...]
'Actualmente, existe o receio de que a astronomia de base terrestre esteja em risco a longo prazo. Já não existem assim tantos locais prístinos no mundo', diz Patrick McCarthy, presidente do TGM.
[...]»

Os leitores do Público, jornal diário português,  são mais cultos do que os outros porque não precisam de ajuda para compreender as pristinices traduzidas da Reuters sabe-se lá por quem e a que preço.
Por exemplo, o meu caso. Com uma cultura muito acima da média, tão acima que quando escorrego levito, alcancei logo que os prístinos são primitivos. Mal os vi, acudiu-me à lembrança a críptica frase latina com que, de chofre e sem explicação, Umberto Eco remata — página 503 da primeira edição que li por 10 000 liras, no original italiano, em 1981 — "Il nome della rosa":
stat rosa pristina nomine, nomina nuda tenemus.
Tanto me encantou que nunca me esqueci dela. Não me canso de a repristinar.

Por estas e sobretudo por outras é que a minha sábia mãe se gastava a dizer-me: «Ó filho, és tão culto que não percebo nada do que dizes.»
Pois se até eu mal me entendo...

Duas por todos

«[…] O nosso lema — UMA POR TODOS — diz-nos da esperança de levarmos até Belém uma política que não exclua, uma política que não se coloque ao serviço das minorias privilegiadas de sempre. […]»
"Manifesto" da candidatura da doutora Marisa Matias à Presidência da República/2016.

Por conhecer bem a novilíngua do Bloco de Esquerda, quando vi o cartaz desenvolveu-se-me no bestunto a seguinte lucubração que transcrevo, pedindo desde já desculpa por alguma infidelidade ao alinhamento dos lexemas com que lucubrei: Belo tiro de propaganda, sim, senhora! Mas faltam ali três palavras. O genoma destes modernos e perfumados comunistas determinaria "UMA POR TODOS E POR TODAS". Uma vez sem exemplo, o Bloco [como elas e eles se auto-referem, com o mesmo enlevo, simplificado mas sempre respeitoso, com que dizem, por exemplo, «o Zeca» para falar do antigo cantor e notável criador de canções, José Afonso] deixa de ser ridículo na fala para que não se perca o efeito mosqueteiro da mensagem. São BEatos mas não são parvos.

Mais se compromete a pastorinha do venerando Boaventura no supradito "Manifesto":
«[...] Serei uma Presidente de todos e todas as portuguesas [...]»*
Estranho é que diga «Presidente» em vez de «Presidenta». Ó doutora, há que orientar a gramática pela do bispo Francisco Louçã que já estabeleceu o cânone [antepenúltimo parágrafo].

Mudemos de doutora, que três verbetes seguidos — este, este e este — com a marxista Matias são canseira a mais até para um catedrático do pluviotariado. 

«[…]
Inês Maria Meneses- Nunca foste uma 'troca-tintos'?
Maria João de Almeida- Várias vezes! O caso mais flagrante foi no Concours Mondial de Bruxelles, do qual sou júri há vários anos.
[…]»

À Maria João, sim, é que assentaria que nem luva inconsútil o lema da outra, "Uma por todos". Mais jurados para quê? Ela avalia por todos, ela é júri. **

Acho deliciosa — inebriante, para dizer com justeza — a parte em que a doutora Maria João de Almeida informa que «Leccionou na pós-graduação de Marketing do Enoturismo, na Universidade Lusófona.». Uma cadeira do tipo 'Alc. 14,5% Vol. mais uns pozinhos'...
Caro leitor, cara leitora; cara seguidora, caro seguidor; caro fão, cara fã, ainda está a ver os enograus ou já está d'olhos em bica?
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* Sempre que oiço «portugueses e portuguesas» ou «todos os portugueses e todas as portuguesas», gera-se-me a ideia de que a população de Portugal duplicou. Se calhar tenho o periscópio avariado.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A lepra dos colaboradores e a escola dos falantes

«GOOGLE DOCKS – Sede europeia da Google, na Barrow Street, em Dublin, onde trabalham mais de 2500 colaboradores, distribuídos por várias edifícios, [...]»

Sabemos que o "fascismo empresarial" — António Guerreiro dixit — interditou a nobre palavra trabalhador e vejo a miudagem do jornalismo a corar de vergonha e de receio se tiver de a pronunciar perto dos seus capatazes.
Mas caramba, que custava ao Micael Pereira ter escrito «onde trabalham mais de 2500 pessoas»? A ele, que até nem veio da Católica...

Micael Pereira, formado na Universidade Nova em Estudos Portugueses, é o mesmo simpático rapaz que às 12h17 de sábado, 05.Set.2015, explicava aos espectadores* da SIC Notícias:
«Noutro dia fizemos essas contas lá no Expresso. Ele [José Sócrates] julgo que interviu publicamente doze vezes desde que foi para Évora.»
Pergunto-me e quero imaginar como falaria o jornalista, não fossem portugueses os estudos que cursou...   

Como se vê, a doutora Marisa Matias não é a única a intervir em público mal e parcamente. A própria Carolina Morais, oriunda da universidade do Micael mas, convenhamos, mais bonita do que ele, também não é grande espingarda a intervir:
«Leslie Moonves, presidente do CBS, interviu na emissão e dedicou algumas palavras ao apresentador.» - DN, 05.Abr.2014
Enfim, não era; esperemos que tenha entretanto aprendido.

Vá lá, meninos, devagarinho, eu intervim, tu intervieste, ele interveio...     
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* Todas as televisões, num abuso antigo a que não se vê meio de o doutor Francisco George pôr cobro, tratam os seus circunstanciais espectadores por «os portugueses»; pior, «os portugueses lá em casa ... votaram e decidiram ...» Começam-se, bolas!**
Quem nos acode?

** Em tempo,
para o leitor que demandou o Plúvio no correio electrónico, intrigado com este «começam-se». Nada de especial: imperativo de comedir-se.

sábado, 12 de dezembro de 2015

Mareisa Matias, Marisa Mateias

«Houve momentos em que o Tribunal Constitucional interviu para garantir a constitucionalidade de algumas medidas.»

Pastorinha do intragável e vaidoso bonzo de Coimbra, licenciou-se e concluiu um doutoramento «com louvor e distinção, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.»
Com "pedigree" tão distinto e aspirando ao mais alto cargo da nação, não se lhe perdoa que intervenha tão desastradamente. O pior é que é em público e, não me canso,  há sempre o risco de crianças a escutar.   

Só melhoro quando chove[Adélia Prado]
Lá nisso não pode o Plúvio estar mais de acordo.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Teresa Rita Lopes | Fernando Pessoa e a «trouxa do Desassossego»


«Pessoa fazia tudo em grupos de três. Três é a conta que Deus fez.»

Vá, leitor, são só 10 minutos:

Que tal?
Obrigado, Teresa Rita Lopes, por mergulhar em Fernando Pessoa talvez melhor do que ninguém.
Obrigado, António Carlos Cortez.

«Pessoa percebeu que ia morrer.»
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Teresa Rita Lopes, Agosto de 2015:
- "Livro do Desassossego"... «aquilo são três autores perfeitamente individualizados.»
- Fernando Pessoa ... «creio, ou quase creio.»
- «História dos heterónimos  ...  a minha teoria ...  limo humilde das afeições
- «Pouco a pouco a escrita desconjunta-se.» 
- «Ainda há um Pessoa por conhecer

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Tragédia na língua do senhor Primeiro-Ministro


Catarina Martins, do BE, acabara de intervir na primeira sessão de debate do programa do XXI Governo Constitucional. 
Ferro Rodrigues- Obrigado, senhora deputada. Tem a palavra, para responder, o senhor Primeiro-Ministro, António Costa. 
António Costa- Muito obrigado, senhor Presidente; obrigada,* senhora deputada Catarina Martins, e em si saúdo o Bloco de Esquerda e a solução política que contribuíram para construir e dar ó país uma solução de governo com suporte maioritário estável nesta Assembleia da República.

Insisto: podem estar crianças a ouvir. Quem lhes acode?
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* Já agora.

«Bondade»

Joel Neto | DN, 02.Dez.2015

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Francisco Seixas da Costa | Alberto Gonçalves | Educação

«A ideia não será popular, mas não seria esta a ocasião para se introduzir uma transparência total nas redes sociais acabando com o anonimato?»

«[...]
A nova ordem está na fresquíssima secretária de Estado da Igualdade ou da Fraternidade, que em tempos explicou no Facebook: Como sabem eu [sic] não tenho por hábito fazer sensura [sic], mas não tulero [sic] insultos (...). E está no sensor, perdão, censor que saltitou da ERC para a tropa, com escala pedagógica a norte. E está na sugestão do Sr. Seixas da Costa, personalidade conhecida por zelar pela educação parisiense do Eng. Sócrates e por se indignar com a falta de "estrelas" Michelin em Portugal: A ideia não será popular, mas não seria a ocasião para se introduzir uma transparência total nas redes sociais acabando com o anonimato? E está no assombroso Dr. Ferro. E no nobilíssimo Dr. César dos Açores. E em sujeitos que passeiam títulos e pêlos nas orelhas em simultâneo. Quem é essa gente, Deus do céu?
[...]»

«[...]
ao ler na net um jornal lisboeta de hoje, verifico que, finalmente, um certo cromo, dos que me faltavana minha galeria de adversários políticos, finalmente me arremessa uma farpa, num seu artigo semanal. Já tinha quase todos na minha "colecção" particular (se o leitor detecta algum gozo no que ora escrevo, tem alguma razão para isso) mas este nunca mais aparecia. Pronto, quebrou-se hoje o enguiço, ufh!
Por que fui atacado? Aparentemente por eu ter lançado, noutro espaço informático, a ideia (pelos vistos tenebrosa e atentatória das liberdades) de que deveria acabar-se em absoluto com o anonimato na internet. Essa proposta "radical" de propor que quem faz uma afirmação ponha o seu nome real por baixo, sem refúgio em pseudónimos ou iniciais equívocas, é, pelos vistos, altamente sinistra. Cá para mim, quem não deve não teme - embora imagine que seja muito "corajoso" e cómodo insultar e caluniar os outros, sem mostrar a cara.
Vá lá que o cromo assina todos os artigos, o que só lhe fica bem.»

Sucede que...
Pontificando entre os três ou quatro melhores colunistas da comunicação social portuguesa, Alberto Gonçalves, sem que precisemos de aderir ao que defende ou alinhar no que zurze [não raro discordo dele], serve-nos ao domingo e à quinta-feira, no Diário de Notícias e na Sábado, prosa de urdidura gramatical irrepreensível, bênção nos tempos que correm,  impregnada de tal comicidade e ironia que nem Ricardo Araújo Pereira, o melhor dos sardónicos mais novos, nem Vasco Pulido Valente  (mansuetude dos 70?), o melhor dos senadores cáusticos — revejo "de ouvido", sem pensar muito, os ases do género — logram com tão abundante e depurado alcance. A escrita de Alberto Gonçalves é um requinte de gozo.
Já o nosso bem instalado e próspero antigo embaixador, de multímodos mesteres, escreve, ainda que escorreito, apenas sofrivelmente. Discurso atilado demais para o meu gosto, que lhe frequento regularmente os vários estaminés onde oficia. Neste concreto acto de desprezo por Alberto Gonçalves, soa sobranceiro e feio que Seixas da Costa, paladino da lisura e da transparência, não tenha identificado o "cromo" nem o "jornal lisboeta"; além de que * bom português é «dos que me faltavam» e não «dos que me faltava». O que só lhe fica mal.

Mas estou de acordo com o que, por exemplo, diz hoje Francisco Seixas da Costa do exame do quarto ano e da prova de avaliação dos professores.
Acompanhei, através da televisão da AR, o debate de 27 de Novembro sobre a matéria.
Que Partido Socialista é este, cujo secretário-geral, agora Primeiro-Ministro, empanturra a conversa de Ciência e Conhecimento, Ciência e Conhecimento, Ciência e Conhecimento, que sucumbe à chantagem trauliteira do pulmão leninista por que o Governo sobrevive no Parlamento, diabolizando pateticamente uma boa ideia sua consubstanciada na lei em 2007 e 2008 e participando sem um pingo de vergonha e com lastimoso masoquismo na opereta rasca dirigida pelo real e perene ministro da tutela, Mário Nogueira, cuja bigoduda batuta ali se pressentiu do primeiro ao último minuto da argumentação dos que não se incomodam com que os candidatos a ensinar os nossos filhos asneiem na aritmética rudimentar ou não consigam, no Português, distinguir "levastes" de "levaste", "levaste" de "levas-te"?
Algo me diz que a este cambrídgico moço, de quem não se conhece uma ideia sobre instrução pública, faltarão os tomates com que Maria de Lurdes Rodrigues, honra lhe seja, enfrentou o senhor professor Mário Nogueira durante quatro anos. Por isso, para acalmar a FENPROF e não perder tantos votos, Sócrates a rendeu em 2009 por uma alçada libelinha...
Com nem 24 horas de um tempo novo, a sessão parlamentar a que assisti na sexta-feira assemelhou-se a exéquias comiserativas da decência. A questão "técnica" da inconstitucionalidade não passa de poeira para olhos ingénuos.
O sindicato recrudesce, o ensino deliquesce.

Plúvio, e se fosses rimar para outro lado?

sábado, 28 de novembro de 2015

Ostinato rigore

«Há mais de 69 centros comerciais em Portugal»
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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

XXI Governo Conchtucional - Século XXI

Às 16h56 de hoje, o senhor Primeiro-Ministro apresentou-se aos trabalhadores, ao povo e ao País - assim diz o camarada Jerónimo de Sousa (ponto 4.) -, anunciando e garantindo sequencial e literalmente:
.  um governo coerente, estável e duradouro
.  prioridade ao crescimento económico, à criação de emprego, à redução das desigualdades
.  virar de página da austeridade
.  mais crescimento, melhor emprego e maior igualdade
.  maioria estável que assegura, na perspectiva da legislatura, o suporte parlamentar duradouro a um Governo coerente
.  um Governo de garantia
.  persistência e continuidade no investimento, no conhecimento e na inovação
.  promoção da saúde
.  redução das desigualdades
.  um tempo novo para Portugal e para os portugueses
Um tempo novo - é essa, verdadeiramente, a nossa ambição.
Um tempo novo para a vida das famílias, dos trabalhadores e das empresas; um tempo novo para a economia e para o emprego; um tempo novo para o Estado e para os serviços públicos; um tempo novo para o combate à pobreza e às desigualdades; um tempo novo para a aposta nas chaves do futuro - a Ciência, a Educação e a Cultura; um tempo novo, enfim, de oportunidades e de esperança, que assinale, de uma vez por todas, o reencontro das prioridades da governação com os projectos de vida dos portugueses que têm direito a ser felizes aqui. (…) Este é, portanto, o tempo da reunião. Não é de crispação que Portugal carece, mas sim de serenidade. Não é altura de salgar as feridas, mas sim de sará-las.»]

Ou seja, se tudo correr bem na perspectiva da legislatura, o Partido Comunista Português e o Bloco de Esquerda apresentar-se-ão nas eleições de 2019 sem nada, ou com coisa pouca, que lhes permita, como alternativa contrastante, disputar votos ao Partido Socialista. E extinguir-se-ão pela ordem natural das coisas.
Bem visto. Sorte, doutor António Costa!

Mais falou ainda, (tres)lendo, o senhor Primeiro-Ministro, mas isso agora interessa pouco:
.  é sobretudo com profundo sentido de serviço ó País e à República que hoje assumo, diante de todos os portugueses, meus concidadãos, a exigente tarefa de liderar o Governo de Portugal.
.  são inaceitáveis, erradas e, além do mais,
inconchtucionais, as pretensões que pretendem pôr* em causa os alicerces em que assenta o nosso contrato social
.  Hoje empossado por Vossa Excelência, senhor Presidente, o XXI Governo
Conchtucional torna-se o Governo de Portugal. É agora tempo de assumirmos todos, por inteiro, as nossas responsabilidades, o que quer dizer, no que respeita ao Governo, a máxima lealdade e cooperação inchtucional com o Presidente da República.
.  enfrentar os bloqueios estruturais à competividade
.  não recuperamos competividade por via do empobrecimento colectivo
.  Para acudir ós verdadeiros problemas, todas as Portuguesas e todos os Portugueses são necessários.
.  a conduta do XXI Governo
Conchtucional pautar-se-á, pois, pela moderação.
.  Uma palavra, também, de sentido agradecimento a todos aqueles, mulheres e homens, que, de forma tão generosa, aceitaram o meu convite para integrarem este XXI Governo ConchtucionalFoi para um projecto entusiasmante que vos convidei. E é com a vossa dedicação e o vosso entusiasmo que conto, para que o XXI Governo Conchtucional ajude Portugal a triunfar nos desafios do século XXI.
.  É para servir Portugal que aqui estamos. Essa é, aliás, mesmo a única razão de ser**: Portugal.
Muito obrigado.»
Eram exactamente 17h15, Portugal acabara de entrar num tempo novo.

«[...]
é questão apenas de a humanidade viver outra vez
tanto como viveu até hoje
ou de mais ainda,
é questão de mais tempo,
ainda mais tempo,
é o tempo que há-de fazer
o que apenas se pode atrasar.

[...]»
José de Almada Negreiros, "Rosa dos Ventos"
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* Que tal «as pretensões de pôr»?...

** Foi o que o doutor António Costa disse [minuto 18:30]. Cá para mim, «mesmo a nossa única razão de ser» é que talvez fizesse sentido.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Acordo Ortográfico [97]

Pelas nove e meia da noite de segunda-feira, 07.Jan.2013, dizia João Soares na SIC Notícias:
«Eu, não sendo um entusiasta do Acordo Ortográfico, sou o mais que é possível a favor de que unamos cada vez mais esta língua, porque é o Brasil que lhe dá também uma grande vitalidade.» 
Pois bem. Estará a partir de amanhã, 26.Nov.2015, em poiso propício como nunca a materializar o seu desentusiasmo pelo AO. Força nisso, senhor ministro. As portuguesas e os portugueses - ups! -, mas sobretudo o Português, agradecem.

- x -

«Partidários e opositores do chamado Acordo Ortográfico de 1990, posto em vigor desde 2011, juntaram-se recentemente na Academia das Ciências de Lisboa para participarem no colóquio "Ortografia e bom-senso". Foi, se a memória não me falha, a primeira vez em que, num clima de tolerância e respeito mútuos, personalidades portuguesas e brasileiras, de grande prestígio na área das ciências filológicas, discutiram com elevação um problema que toca a todos os falantes da língua portuguesa.
[…]
É tempo de se abandonarem utopias estéreis e de se respeitar o direito à ortografia nacional, em Portugal, no Brasil ou em qualquer outro país lusófono onde a marca da autonomia cultural esteja claramente presente no uso da língua.
Deixemos respirar a diferença.»
Escrito com ortografia decente num jornal praticante de português teratográfico. 
* Vice-presidente da Academia das Ciências de Lisboa e presidente da classe de Letras.

- x -

«No dia em que o Governo caía, discutia ali bem perto a Academia o bom senso da ortografia.  Pode parecer o início de um péssimo verso, mas é a mais pura das verdades. A Academia das Ciências de Lisboa teve a louvável ideia de abrir as suas portas (dias 9 e 10) à discussão de um problema sério, o da ortografia nacional, que alguém resolveu “simplificar” em transnacional. Em dois dias, profícuos, lá tivemos, em pacífica mas tensa convivência, acordistas (o corrector acaba de me emendar para açorditas, o que me obrigou a pô-lo na ordem) e não-acordistas, com muitos argumentos repetidos, uns frágeis e outros sólidos, e algumas novidades deste nosso mundo.
[…]
Argumentações contra este acordo houve muitas: desde a importância da “expressão grafémica da ortografia” até à “formatação mutiladora do português europeu”, passando pela ridícula imposição à ciência (as propriedades “ópticas” dos minerais passam a “óticas”, o que nos levará a encostá-los aos ouvidos para confirmar), à idiotia de fazer regredir palavras já consagradas (“reescrever” passa a “re-escrever”, segundo o AO, por ter duas vogais iguais seguidas), ao desastre da confusão entre “fonémica” e “fonética” ou ao “atentado contra a significação corrente das palavras”. 
[…]
vamos lendo horrores como “impato” por impacto, “fatos ilícitos” por factos ilícitos, “corrução” por corrupção, “seção” (à brasileira) por secção, “começamos” por começámos (confundindo tempos verbais, numa submissão à norma regular brasileira), “pato” por pacto, tudo isto em documentos oficiais (PR, Governo, autarquias, etc.), escolares, textos empresariais, imprensa, etc. Além, claro, de uma constante mistura de grafias, sem tino nem nexo. Há um exaustivo levantamento online feito por João Roque Dias, especialista em tradução técnica, e é assustador! Está tudo bem? Claro que está! Em 2016, haverá excursão gongórica a Timor! As escolas e o país... que se arranjem com o resto.»

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Paciência e curiosidade

«Entre os poucos consolos do avançar da idade há um prazer que é inacessível à mocidade: a paciência.
[…]
A paciência, longe de ser uma estucha, é a modalidade veterana da curiosidade. "Sempre quero ver a que horas chega hoje o padeiro" corresponde à interrogação juvenil acerca do sentido da existência.
A preparação é a pornografia da paciência.
[…]»

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Jerónimo responde correspondentemente a Cavaco

«[...]
esta nova tentativa de Cavaco Silva para procurar subverter a Constituição da República terá da parte dos trabalhadores e do povo a resposta democrática que lhe corresponda.
[...]»

Que resposta democrática correspondente será?
Vamos que o povo responde e os trabalhadores não?
E se forem só os trabalhadores a responder? Temos a burra nas couves.
Enfim, isto sou eu a delirar porque natural é que os trabalhadores não façam nada sem que, por ordem do PCP, o povo se lhes junte. E vice-versa reciprocamente ao contrário, mutatis mutandis.

domingo, 22 de novembro de 2015

O engenheiro e os filósofos [2]

Às 13h31 foi abraçado por Vital Moreira, constitucionalista ilustre de quatro lustrosos botões no punho; o que ajudou o engenheiro no livro.
Às 13h40 gritou-se «Fascismo, nunca mais!, fascismo, nunca mais!, fascismo, nunca mais!, fascismo, nunca mais!, fascismo, nunca mais!, fascismo, nunca mais!». Isso, por seis vezes sem que o engenheiro, ex-primeiro-ministro de Portugal de 2005 a 2011, mexesse uma pestana para moderar a demência da sala. [minuto 05:48] 
13h34- «Todos os meus amigos que fizeram parte desse movimento cívico que nos últimos meses nunca deixou de me apoiar ... perceberam muito bem aquilo que há mais de dois séculos um grande pensador disse a propósito da justiça e do Estado de direito, do Estado de direito democrático: O abuso por parte do Estado sobre um cidadão é uma ameaça aos demais[minuto 01:00]
13h36- «Venho aqui também para celebrar a amizade. Várias vezes* referi esta observação que uma grande filósofa faz a propósito da amizade. Dizia ela que a amizade é o sentimento mais político de todos. E tinha razão.» [minuto 02:18]
* Confirma-se: na passada segunda-feira, almoço com Pinto da Costa, [minuto 2:40].
Confirma-se.

Será Fernanda a grande filósofa? Nunca se sabe.

Às 13h39, o engenheiro chorou- «Queria que todos soubessem o quanto devo ao Mário Soares, desde a primeira hora.» [minuto 04:33] Faltou dizer quanto deve ao Carlos Santos Silva. Mas não haveria lágrimas que bastassem. Além de que isso, extravagando da noção de «decência cívica» por que, por exemplo, propugna o mui estimável escriba Valupi, só poderia configurar bisbilhotice abjecta.
Nas oito letras de Sócrates todas as seis letras de Soares.

13h50- «Eu vou responder a todas as perguntas, vou dar entrevistas** e vou defender-me, como sempre.
[...]
Se há muitas provas no processo, elas são todas provas de que nunca me pode ser atacada [sic; queria decerto dizer assacada] nenhuma actuação de que me possa envergonhar.***» [minuto 15:52]
**  Pois que dê, esperamos. Até agora não deu nenhuma, de resposta e contra-pergunta. Talvez porque ainda não arranjou entrevistadores adequadamente capados para lhas fazer de feição.
*** Este não é homem de grandes vergonhas; salvo, talvez, a de nomear o dinheiro.

Dificilmente sabemos da sua boca que filósofos cita. Uma coisa no entanto está garantida: serão sempre todos grandes. O engenheiro não é de pequenezas.
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- E tu, Plúvio, que sabes?
Tudo, mas mesmo tudo, sem luvas nem preconceito, o que e onde posso saber, incluindo os fóruns da infâmia, os antros da canalhice e os esgotos a céu aberto.
Leio no Correio da Manhã, na Sábado, no SOL, no i, no Observador; mas também no Expresso, na Visão, no Público; e até, vejam lá, no Diário de Notícias e no Jornal de Notícias do muito amigo Camões aprendo coisas do engenheiro.
Vejo nas televisões: CMtv; mas também na RTP e na SIC; e até, vejam lá, na TVI do fã Figueiredo.
Frequento a Porta da loja e Do Portugal profundo.
E frequento com não menos afinco e proveito as principais capelas de socratolatria [actualização de Abril de 2021]:

Do processo, atribulado e turbulento, pouco conheço e cada vez menos espero: vem aí a justiça&política do indefectível amigo, apesar das aparências do tempo, António Costa. Sabemos como sangra mudo o coração de António Costa; a realpolitik manda. 
Da humanidade, vou sabendo um pouco mais. Que desgosto, senhores!

Tradoção simultânea

Real Madrid, 0  -  Barcelona, 4

sábado, 21 de novembro de 2015

Riscas rob e alaque. Vexilologia aplicada.

Cinco minutos de digressão pelas redes dão para intuir que a bandeira da Nigéria não tem a mesma saída da francesa, nem pouco mais ou menos, nas caras larocas de determinadas e comoventes solidariedades hiper-reactivas à bondade humana. Exemplo público ao calhas.

A bandeira do Mali também parece não atrair muito as caras-consciências indignadas do zoo social, leia-se feicebuque ou qualquer xávega do tipo.

Por estes mesmos dias:
Citando o doutor Vakil, «amor ao outro». Bem sei, aquele é o mau mé; o verdadeiro era bonzinho.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Calunga Gima

Num impulso, saltou a vedação com a ajuda de uma árvore
Público em linha, 19.Nov.2015
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Obrigado, Ana Henriques, pela odisseia de riso.

Deus, os profetas, os livros

Não me lembro de ter ouvido e lido tanto, em tão poucos dias, a palavra «radicalização» no sentido de 'perigo dos perigos' ou de 'o mal maior'.
Bem me parecia que o problema é capaz de estar mesmo na raiz...

Ainda ontem, na missa de sétimo dia por uma mulher que o cancro levou aos 47 anos, nada de mais optimista e edificante se pôde escutar do que, logo à primeira leitura, esta passagem do primeiro livro dos Macabeus [Mac 2, 15-29]. *
«Palavra do Senhor.»
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* «[...] inflamou-se de zelo, estremeceu-lhe o coração e, num impulso de justa ira, lançou-se sobre ele e degolou-o sobre o altar. Em seguida matou o enviado do rei, que obrigava a oferecer sacrifícios, e demoliu o altar. [...]»

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Homo constructor

«A esquerda tem de se bater por ideias que sejam construidoras de acção social.»

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Vamos lá ver

Exercício miudinho.

Anteontem na RTP, entre as 21:01 e as 21:35, às 33 perguntas em que Vítor Gonçalves gastou sete minutos, António Costa respondeu, nos 27 minutos em que falou, 'vam-lá-ver' ou 'vam-lá-ver o seguinte' 18 vezes.
Ainda assim, António Costa pareceu esforçado no controlo do seu tique torrencial e foi patente a preocupação em explicar-se num português mais bem soletrado do que a prosódia trágica em que habitualmente se exprime. Cheira-me a assessoria zelosa por ali [por exemplo, já diz bem acôrdos], não bastante, contudo, para ter privado os senhores telespectadores do glorioso final do entrevistado, no derradeiro minuto da conversa: 
«num momento oportuno e de um modo inchtucionalmente adequado […] de acordo com o modelo inchtucional adequado», suas últimas palavras.

Aos 13 minutos da conversa, comentando os golpistas e fraudulentos de Pedro Passos Coelho, de 4 dias antes, António Costa: «Essa não é uma linguagem própria de um primeiro-ministro nem uma linguagem saudável na nossa democracia.», aduzindo, aos 32 minutos, «tenho ficado chocado, para lhe ser sincero, com a agressividade verbal que tem sido utilizada.», no que logo me lembrei do paradigma de linguagem polida, asseada, cordata e «saudável na nossa democracia» que qualquer governante ou candidato à governação deverá praticar em todas as circunstâncias.

À margem, anote, leitor amável, quantas vezes, desde as legislativas de 4 de Outubro passado, o doutor António Costa, que excretou Seguro para as Caldas por com ele o PS só ser capaz de poucochinho, disse a frase «perdemos as eleições» ou pronunciou a frase «perdi as eleições».
Não é de campeão?
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E que dizer do português da RTP?
A incompetência do costume.
Dois casos, entre outros, de má gramática no rodapé
Não é tivémos mas tivemos.
Não é antes do sr. Presidente da República tomar a iniciativa mas antes de o Sr. Presidente da República tomar a iniciativa.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

TAP - Última hora

«O que eu acho extraordinário e que os portugueses têm que perceber é que […] este país, que está sobrecarregado de impostos, não consegue manter uma empresa que é vital para o país, mas um senhor muito respeitável que tem uma empresa de camionetes* pode. […] Todos os argumentos que possam invocar são argumentos completamente falaciosos.»

Pois eu acho extraordinário, coisa que os portugueses talvez gostem de saber, é que um letrado senhor respeitável que faz umas fitas fortemente financiadas com impostos dos portugueses**  não consiga contar até oito que são por acaso as letras de Pasolini e de Pascoaes.

Os deuses nos salvem, e sobretudo aos trabalhadores da TAP, destes iluminados salvadores da TAP.

ÚLTIMA  HORA
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* Não faltarão motivos a Humberto Pedrosa [2500 autocarros, 1200 camiões, Fertagus, Metro Transportes do Sul] para chamar a António-Pedro Vasconcelos aristocrata de pacotilha, rico pedinte ou, numa simples palavra mantendo-o ao nÍvel, carroceiro.

** Por exemplo, no medíocre "Call Girl" gastou este país, sobrecarregado de impostos, 650 mil euros. Mas admito: "Call Girl" não é vital para o país.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

De quem é a TAP?

Dos seus donos. E é certamente dos que dela, nela e para ela vivem; dos que nela trabalham.
A TAP não é, a partir de agora, total ou maioritariamente do Estado, como foi de 1945 a 1952, deixou de ser em 1953 e voltou ser em 1975.
A TAP, a melhor e mais bonita companhia aérea do mundo, tem sido um milagre de sobrevivência. Convém não abusar. 
A TAP não pode ser dos que a parasitam.
A TAP não é do senhor hífen Pedro Vasconcelos.
A TAP não é do Bloco de Esquerda.
A TAP não é do PEV.
A TAP não é do PS*.
A TAP — «A TAP É NOSSA», SITAVA, 13.Nov.2015 — não é, sobretudo, do Partido Comunista Português que nela mantém um fervoroso e vicejante braço sindical por conta da redenção marxista-leninista que tanta prosperidade tem feito florescer no Tempo e na História. 

Na passada sexta-feira, estive no grande refeitório da TAP, lotado, na apresentação aos trabalhadores de Humberto Pedrosa e de David Neeleman, detentores desde 12.Nov.2015 de 61% do capital da empresa. Senti perpassar por ali uma aragem de esperança e durante duas horas quis crer e confio — santa ingenuidade? — em que aqueles senhores não têm de ser, e não serão, mais dois filhos da puta-exploradora-plutocrata do capitalismo sem escrúpulo.
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* «Relativamente à TAP, […] no nosso programa eleitoral consta que não poderão ser alienados mais de 49% da TAP**. É uma solução desejada por todos***. Incluindo os compradores***. 
[…]
Não há nenhuma relação entre a titularidade do capital e o que será necessário fazer na TAP para assegurar a sua viabilidade.****»

** Respire fundo e conte até trinta, doutor António Costa. Lembre-se e conforme-se com Marguerite Yourcenar, sábia e prodigiosa fufa: «... o passado, sobre o qual nada podemos ...» [... le passé, sur lequel nous ne pouvons rien ...]
*** O doutor António Costa está mal informado.
**** Jura que não há?
Tenha juízo, doutor António Costa. E já agora, que esquisitice vem a ser essa do novo ministério? MiPlInfra?!... O que é que tem contra as obras públicas?