quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Acordo Ortográfico [99]

«A História repete-se.
Em 1911 e em 1945, como se sabe, Portugal ficou a "ortografar" sozinho.
Mais recentemente, a quatro dias do termo de 2012, Dilma Rousseff protelou o "problema AO90" para Dezembro de 2015, decretando que a obrigatoriedade do autodenominado "Acordo Ortográfico" no Brasil ficava adiada para 1 de Janeiro de 2016.
Cremos que, como se diz em futebolês, a "Presidenta" (sic) do Brasil voltará a chutar para canto (ou "escanteio"), com um novo decreto.
Nesse caso, Portugal ficará com duas saídas: ou (1) a via autofágica de deixar desagregar um sistema linguístico estável através da corrupção da grafia imposta ao sistema de ensino e à administração pública por uma mera Resolução do Conselho de Ministros (a RCM n.º 8/2011) assinada por José Sócrates,  ou (2) a recuperação da sanidade mental colectiva, conferindo o justo valor patrimonial à ortografia consuetudinária do Português-padrão, a única com legitimidade natural e legal, aquela de que a sociedade civil portuguesa nunca abdicou globalmente.
[…]
Podemos pôr o champanhe no frio? Assim sim, feliz 2016. Enquanto a "bomba" circula nos corredores do Planalto e do Itamaraty, antes de deflagrar no clube dos "lusófonos" que tanto vêm lucrando com este crime de lesa-Pátrias, ficamos de olhos postos no Brasil, neste País circunstancialmente refém de quem nos crê a alma cotada em petrodólares, nesta impossível rota anti-histórica e contra-evolutiva traçada na demanda por nenhures, degredada, náufraga, desnorteada... pelo Cruzeiro do Sul. Raptaram-nos esta velha Europa cultural, que definha e agoniza a bordo de um navio petroleiro da Europa política; pagamos o resgate – vão-se todos os anéis, fiquem todos os dedos.»