João Lobo Antunes e António Coutinho, "Educar para um futuro imprevisível"
| Expresso, 21.Mai.2016
terça-feira, 24 de maio de 2016
segunda-feira, 23 de maio de 2016
Capital humano, colaboradores e outras indecências
no
capital humano está o ponto de diferenciação ... as pessoas são um forte pilar
… direitos dos colaboradores … investe-se nas necessidades emocionais dos clientes … as
pessoas são o nosso bem mais precioso … a solução está nas pessoas …, pensando eu que estivesse no interruptor. Tanto desvelo deixa-me comovido. Quando for grande também quero trabalhar num contact centre.
Por
outro lado, o bom
nome do sector [sic; «sector» salvo pela mixórdia da dupla grafia] a par dos nomes malparidos da atividade, do fator, da interação, da atuação, da ativação, da otimização.
A propósito do texto da doutora Carla Rupio Marques, da Randstad, num dossiê especial do Expresso de 21.Mai.2016.
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sexta-feira, 20 de maio de 2016
Acordo Ortográfico [110]
«[…]
o debate sobre o AO90 nunca foi aberto, por isso é um erro mencionar-se uma reabertura. Aquilo que houve foi uma imposição. Aliás, a consequência imediata da escassez de sessões de esclarecimento e da abundância de propaganda é uma maior permeabilidade de leitores de português europeu em relação a opiniões, digamos, peculiares.
[…]
Como é sabido, a Assembleia da República não tem percebido — ou não tem querido perceber: nesta matéria, como noutras, a doutrina diverge — as provas apresentadas sobre a supremacia dos defeitos do AO90 em relação às suas hipotéticas virtudes e as gritantes diferenças entre a quimera de um acordo ortográfico em abstracto e o desastre AO90 em concreto. Aliás, os actos e omissões deste órgão de soberania em relação a esta matéria podem ser apresentados como um excelente exemplo de assimetria entre a vontade do eleitor e a atitude do eleito.
[…]»
- x -
«[…]
tudo isto em nome de quê? De uma alegada unidade internacional do português — que não existe, não passou a existir e, naturalmente, nunca existirá com o rigor burocrático que alguns lhe querem emprestar à força.
[…]
Chegados aqui, ao ridículo de Portugal ter tornado obrigatória uma ortografia que mais ninguém desse continente imaginário chamado Lusofonia aplica ou leva a sério, com um Presidente da República a ter o bom-senso de prever a "reabertura" de um debate que não houve, os defensores do AO, enretanto mais afónicos, jogam outra cartada: as criancinhas. Depois de tudo, que não se lhes perdoe agora invocarem o nome das criancinhas em vão.»
quarta-feira, 18 de maio de 2016
Encoberto no cenário
Lembram-se disto?
Era a campanha para as legislativas de 04.Out.2015 em que António Costa haveria de ser humilhantemente derrotado.
Nessa altura, em 30.Ago.2015, Maria Filomena Mónica [MFM] dera uma extensa e sumarenta entrevista ao jornal i. *
i- Falou de Passos Coelho e de Sócrates. De Seguro diz que era um totó. E António Costa?
MFM- Está a fazer uma campanha desastrosa. Nunca leio programas, não preciso, prefiro que me digam nos jornais ou na televisão como é que eles vêem o mundo. E não vejo uma visão muito diferente, no caso do António Costa, da visão do Passos Coelho. O que acontece é que, no meio da crise, o que eles têm é de gerir. Mesmo assim, o António Costa deveria dizer ao seu eleitorado socialista o que o preocupa genuinamente e o que vai fazer. Não é dizer ‘vou criar não sei quantos postos de trabalho’, depois afinal já não é criar, é uma estimativa. Isto são coisas pequeninas que fazem as pessoas desconfiar. A cena dos cartazes em si até nem tem uma grande importância, suponho que em todos os países se arranjem cartazes lá na instagram ou como se chama.
i- Nos bancos de imagens.
MFM- Isso. Simplesmente aquelas eram particularmente infelizes porque diziam ‘Eu sou desempregada’. E depois aquilo ficou assim tudo numa névoa, num pântano. E agora ele aparece no cartaz cor-de-rosa! Não percebo o que lhes passou pela cabeça para fazerem aquele cartaz! Não acredito que o António Costa tenha a menor vergonha em assumir que tem sangue indiano, até porque ele tem orgulho no pai. Fazem-no branco para quê? E os jornais não falam nisso porquê? Porque têm medo de serem apelidados de racistas? Não tem explicação! Não me tem atraído, não me convenceu ainda a votar nele.
i- Nem noutros candidatos?
MFM- Não, na direita não voto, nunca!
[Links e negritos meus]
Estava ontem à tarde a zapar na tv — Camões, grande Camões … —, eis que se me depara o Primeiro-Ministro; mas confesso que só o vi depois de ter reparado na porta.
Foi aí que me acudiu à lembrança uma definição que trago decorada desde os primeiros tempos de liceu:
Mimetismo - «Fenómeno de imitação que se observa em certas espécies animais que tomam a aparência do meio em que se encontram.»
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segunda-feira, 16 de maio de 2016
AmesTerDão – Frivolidade sem túlipas
José Rentes de Carvalho vive há 60 anos em Amesterdão. Sabe do que fala:
«irrita-me a forma portuguesa Amesterdão, que, embora oficial e antiga, é totalmente pacóvia; Amsterdam, originalmente Amsteldam, significa o dique, dam, do rio Amstel.»
Fique, pois, por conta da pacovice a singular e rara reunião numa só cidade, holandesa, de três formas portuguesas de três poderosos verbos:
- de amar, a segunda pessoa do singular do presente do conjuntivo;
- de ter, o infinito impessoal;
- de dar, a terceira pessoa do plural do presente do indicativo.
Sem mudar de terra, mudemos de língua.
«[…]
Puis se lèvent en riant
Dans un bruit de tempête
Referment leur braguette
Et sortent en rotant
[…]
Et quand ils ont bien bu
Se plantent le nez au ciel
Se mouchent dans les étoiles
Et ils pissent comme je pleure
Sur les femmes infidèles
Dans le port d'Amsterdam
Dans le port d'Amsterdam.» *
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sábado, 14 de maio de 2016
Acordo Ortográfico [109]
«[…]
O Acordo entrou em vigor por força da lei, em obediência a uma construção ideológica chamada lusofonia, mas não por força da aceitação pelos cidadãos e da aprovação pelas instâncias de carácter científico. Na história da nossa democracia, não há procedimento tão absurdo e tão próprio de um poder totalitário como este. Assistimos desde o início a manobras visando calar toda a contestação
[…]
Os erros induzidos pelo Acordo são legião
[…]
Quem é que pode confiar num sistema ortográfico que é uma verdadeira máquina de produzir excepções? Que espécie de Acordo é este que, visando a unificação da ortografia, cria grafias duplas e até múltiplas? A demonstração mais eloquente de que se trata de uma aberração está nos próprios documentos oficiais e nas publicações da imprensa que adoptaram o AO90.
[…]»
- x -
«[…]
Se tivermos presentes os inúmeros exemplos da aberração, mais do que documentada, do Acordo Ortográfico, estas rápidas considerações que fiz deviam bastar para se ter consciência da monstruosidade que foi fabricada, decidida e tão célere e surdamente imposta.
[…]»
Guilherme Valente, "A negligência na língua e na escrita é princípio da decadência dum país" | Público, 13.Mai.2016
- x -
«[…]
O desastre do acordo ortográfico de 1990, com todas as suas incongruências e antagonismos, ao que parece, não terá sido suficiente para deplorar e atalhar ao erro de perspectiva dos linguistas da tribo do Sr. Casteleiro. O ventríloquo tem na mão os seus bonecos. O mesmo que diz aceitar correcções “ao conteúdo” somente após ratificação do AO. É uma pena que, para não variar, se persista no erro (e na chantagem), evitando admiti-lo. Mas pode ser que a arrogância saia cara ao país.
[…]
Acredito num ensino que, como alguém disse, seja um regresso à cultura e, portanto, seja um regresso à dignidade da língua, já que a estupidez, a incultura e a arrogância não são limitadas. Se o repúdio deste acordo é uma questão de ir à boleia dos palpites do Sr. Presidente da República, que não se hesite em levantar o polegar.»
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Martín Caparrós andou a falar com quem passa fome
Esta manhã, ainda na cama, li a conversa de Paulo Moura com Martín Caparrós, escritor e jornalista argentino, no Público de ontem, a propósito de "A Fome" - Temas e Debates, Março de 2016.
Os mais de mil milhões que pertencem a um mundo «muito mais surdo, subterrâneo, que não se vê, e de que é muito mais difícil falar. [...] Não têm qualquer função, são lixo.»
«somos todos culpados»
O preço das t-shirts baratas
O caso do Níger
«não encontrei famintos ateus. O ateísmo é um luxo das sociedades satisfeitas.»
A mulher que tinha uma vaca
«Essa forma de futuro que era o socialismo leninista fracassou.»
A panaceia do discurso ecologista
«Sou um optimista confuso. [...] Comecei a pensar: quero contar isto. Acho que a forma mais fértil de encarar um assunto é fazê-lo em termos globais. Mas não há muito quem o faça em língua castelhana. Preferem-se os temas locais ou nacionais. Eu quis mostrar que nós, em castelhano, também podemos falar sobre o mundo. Porque só os anglo-saxónicos o podem fazer? Porque o mundo é deles, e nós somos da nossa aldeia?»
Levantei-me e tomei o pequeno-almoço: mistura de cereais de aveia integral torrada e de trigo e arroz torrados e extrudidos, com pedaços de chocolate negro, numa tigela de leite aquecido.
Não me soube bem.
segunda-feira, 9 de maio de 2016
Acordo Ortográfico [108]
Com valente surra em Jorge Bacelar Gouveia, autor da crónica "Rejeitar o Acordo Ortográfico?", no DN de quinta-feira passada,
«um chorrilho de asneiras filhas da ignorância, de falsas verdades, de banalidades argumentativas e de uma arrogância intelectual, expoente de um certo terrorismo académico que tolhe e verga os políticos às suas ameaças.»
«Limbo por limbo, mais vale corrigir o mais depressa possível aquele que é de centenas de milhares, em vez de forçar o de milhões.»
«Há praticamente 10 anos este jornal adotou o Acordo.»
Sabemos: o português do Expresso é adoptivo.
"A Língua Portuguesa no mundo"
"Ensino da Língua Portuguesa na diáspora"
Opinião do painel mais tiquento de Portugal:
- O senhor devo dizer: um! dois! basicamente
- O contudo pândego
- A doutora e portanto, dito isto, não tenho a menor dúvida
«[...] questão linguística. E educativa, já agora. […] está instalado um caos ortográfico […] não seria a primeira vez em que imperaria o bom senso e se recuaria em questões estruturais. Será complicado, mas é complicadíssimo continuar tudo como está. […] A questão é o mal que esta ortografia causa às pessoas que são obrigadas a usá-la. Os alunos do ensino básico e secundário e os professores são obrigados a usar, não podem escolher. O que o professor Malaca Casteleiro está a dizer é que há uns privilegiados que podem escolher e outros que são obrigados a usar a ortografia que o professor Malaca Casteleiro quis impor ao espaço lusófono. […]»
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* Apensos 145 nomes de portugueses vivos — sim, incluindo Agustina Bessa-Luís —, presumíveis abencerragens
Sorte grande, a do senhor professor doutor mestre constitucionalista sportinguista, em o p não ser sempre mudo; senão há muito que teria implodido derivado aos gases cativos dos facundos eidos que dá a ronunciar-se sobre a ortografia do ortuguês.
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domingo, 8 de maio de 2016
Expresso / E
«[…]
sob o manto diáfano do jornalismo, a nudez forte da propaganda.»
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sábado, 7 de maio de 2016
Túnel do Marão
«um dia histórico pó país.»
António Costa, hoje
António Costa, hoje
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Não sei quem, quando, disse pela primeira vez «Para lá do Marão mandam os que lá estão.» [1850 resultados]
Não sei quem, quando, disse pela primeira vez «Para cá do Marão mandam os que cá estão.» [1010 resultados]
Sente-se um calafrio. ... Que penedo falou?
Não sei quem, quando, disse pela primeira vez «Para cá do Marão mandam os que cá estão.» [1010 resultados]
Três coisas.
1. «Para cá do Marão governam os que cá estão», lema com que se apresentava a "Illustração Trasmontana", consta ser da autoria de Cristiano Ron, ups!, de Carvalho [1874-1940], director artístico daquele magazine que se publicou de 1908 a 1910. Seja.
«Vou falar-lhes dum Reino Maravilhoso […]
Vê-se primeiro um mar de pedras. Vagas e vagas sideradas, hirtas e hostis, contidas na sua força desmedida pela mão inexorável dum Deus criador e denominador. Tudo parado e mudo. Apenas se move e se faz ouvir o coração no peito, inquieto, a anunciar o começo duma grande hora. De repente, rasga a espessura do silêncio uma voz de franqueza desembainhada:
- Para cá do Marão, mandam os que cá estão!...
Sente-se um calafrio. A vista alarga-se de ânsia e de assombro. Que penedo falou? Que terror respeitoso se apodera de nós? Mas de nada vale interrogar o grande oceano megalítico porque o nume invisível ordena:
- Entre! A gente entra, e já está no Reino Maravilhoso. […]»
3. Pelas 17h05 de hoje, na inauguração dos «5,6 quilómetros», o doutor António Costa, Primeiro-Ministro, falante desastrado, príncipe trauliteiro da Cultura, sentenciou:
«Não é este túnel que deve pôr termo à frase de Torga que (sic) 'Para lá do Marão mandam os que cá estão'.»
Sente-se um calafrio. ... Que penedo falou?
Posto o que, lido em voz alta, vai o presente termo ser por mim assinado.
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* «A sua evocação poetica de Trás-os-Montes, que se seguiu á notabilissima conferencia do professor Paulo Quintela, constituiu um quarto de hora de encantamento para os ouvidos que souberam ouvi-lo.»
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Rigor
sexta-feira, 6 de maio de 2016
Ele e elas
Cigar? Cavalo.
Raparigas? Éguas.
«[…]
Cigar, que morreu em 2014, era quem mais dinheiro ganhava no desporto quando se aposentou, mas revelou-se estéril na coudelaria. War Emblem, o vencedor de 2002 do Kentucky Derby e do Preakness Stakes, foi comprado por 15,5 milhões de euros por criadores japoneses que descobriram - com um enorme desapontamento - que ele não gostava de raparigas. Eles tentaram várias terapias não convencionais, incluindo rodeá-lo de um harém, sem qualquer sucesso.
[…]»
Animal, ser sensível.
Quem?
Eu.
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* Original de Joe Drape, The New York Times, 03.Mai.2016
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quinta-feira, 5 de maio de 2016
Outras palavras
"Declaração de amor à Língua Portuguesa", no dia dela, com a ortografia manhosa que também o Expresso pratica.
Acordo Ortográfico [107]
«[...] Nada obrigava o Presidente Cavaco Silva (que, não há dúvida, morre de amores pelo AO/90, que mandou negociar) a aplicá-lo nos Serviços presidenciais [...]»
«[...] Se alguns consideram que a vigência do Acordo em Portugal é inconstitucional (no Brasil esta questão não se coloca), cabe aos defensores dessa tese provocar o exame da matéria nas instâncias. [...]»
«[...] Artur Anselmo acha que há “coisas incompreensíveis e inaceitáveis” no Acordo Ortográfico e lembra a um presidente de “afectos” que não “não há afecto mais forte do que o da língua”. [...]»
«[...] Para vigorar (de jure), impunha a unanimidade de aprovações finais dos sete Países signatários. [...]»
«[...] Chamem-lhe poligrafia, multigrafia, plurigrafia, arbitriografia, o que quiserem. Ortografia é que não. [...]»
«[...] Alterem lá o que vem na capa: em vez de “sétima revisão”, como foi impresso, ponham “oitava revisão”. Clandestina, como o Alien. [...]»
Este constitucionalista, presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar do Sporting Clube de Portugal, afirma-se não linguista nem especialista da língua portuguesa.
Nota-se.
«[…]
Aquilo que sempre me pareceu óbvio, a despeito de poucos o referirem, é o facto de com o Acordo Ortográfico de 1990 o alfabeto português passar a ter 26 letras, e não apenas 23: o k, o w e o y, estas letras até agora tecnicamente não pertencendo ao português (e só excecionalmente admitidas em nomes estrangeiros) e que só por causa deste acordo lograram ter esse reconhecimento.
[…]
com a mediatização e a globalização do discurso tudo mudou, com o progressivo domínio do código oral sobre o código escrito: por isso, é muito boa ideia não escrever letras que não se pronunciam, até por uma razão de economia de esforços…
[…]»
É de supor que, por economia de esforços, Jorge Bacelar Gouveia só sinta o que palpa e não espantará que apareça um destes dias a liderar a Fundaçãw para o Progressivo Domínyo do Kódigo Grunhido sobre os demais códigos, abrangendo, por economia de esforços e para libertação das prateleiras, todos os de Direito em que, diversamente de na língua portuguesa, se mostra mestre e especialista.
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* O Expresso fez ao Faustino a maldade de o pôr a escrever em novortografês: adotado, atuais. Não se faz, é muito feio.
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