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O Acordo entrou em vigor por força da lei, em obediência a uma construção ideológica chamada lusofonia, mas não por força da aceitação pelos cidadãos e da aprovação pelas instâncias de carácter científico. Na história da nossa democracia, não há procedimento tão absurdo e tão próprio de um poder totalitário como este. Assistimos desde o início a manobras visando calar toda a contestação
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Os erros induzidos pelo Acordo são legião
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Quem é que pode confiar num sistema ortográfico que é uma verdadeira máquina de produzir excepções? Que espécie de Acordo é este que, visando a unificação da ortografia, cria grafias duplas e até múltiplas? A demonstração mais eloquente de que se trata de uma aberração está nos próprios documentos oficiais e nas publicações da imprensa que adoptaram o AO90.
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Se tivermos presentes os inúmeros exemplos da aberração, mais do que documentada, do Acordo Ortográfico, estas rápidas considerações que fiz deviam bastar para se ter consciência da monstruosidade que foi fabricada, decidida e tão célere e surdamente imposta.
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Guilherme Valente, "A negligência na língua e na escrita é princípio da decadência dum país" | Público, 13.Mai.2016
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O desastre do acordo ortográfico de 1990, com todas as suas incongruências e antagonismos, ao que parece, não terá sido suficiente para deplorar e atalhar ao erro de perspectiva dos linguistas da tribo do Sr. Casteleiro. O ventríloquo tem na mão os seus bonecos. O mesmo que diz aceitar correcções “ao conteúdo” somente após ratificação do AO. É uma pena que, para não variar, se persista no erro (e na chantagem), evitando admiti-lo. Mas pode ser que a arrogância saia cara ao país.
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Acredito num ensino que, como alguém disse, seja um regresso à cultura e, portanto, seja um regresso à dignidade da língua, já que a estupidez, a incultura e a arrogância não são limitadas. Se o repúdio deste acordo é uma questão de ir à boleia dos palpites do Sr. Presidente da República, que não se hesite em levantar o polegar.»