sexta-feira, 31 de julho de 2015

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Encastelados calhaus de sabedoria

Quem nos protege de tanta incompetência?
Agora do jornal i que, na edição deste fim-de-semana, 25/26.Jul.2015, dedica vistosa página do caderno "B.I." a uma brasileirice mixuruca, disseminada na net há mais de 15 anos
— Pedras no caminho? Guardo todas. Um dia vou construir um castelo... —,
atribuindo-a a Fernando Pessoa com cujo retrato ilustra a moldura, nisso seguindo acéfala e levianamente a legião de impostores e incautos  que difundem e engolem qualquer patranha, adrede etiquetada com as prestigiantes autorias do costume [Einstein, Vinícius, Pessoa, Oscar Wilde, García Márquez, Neruda, Clarice Lispector, Marx, Nietzsche, Mia Couto, etc., etc.], que se lhes apresente como pensamento luminoso, tenha ele o brilho dum fósforo apagado. 

Quem nos protege, enfim, de tão intrujada e intrujona gente?

domingo, 26 de julho de 2015

Avós

Dia deles; não dos egrégios, mas dos outros, fofinhos*,
segurando-me ao colo nas fotografias.

Comovente. Obrigado, Hugo Gonçalves.

* O Plúvio disse «fofinhos»!?
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PS
Previno que participarei à ASAE do primeiro cronista, plumitivo, analista, opinador, político ou politólogo, e o diabo que os carregue, que doravante, a propósito disto da Grécia, volte com a regurgitação do «empurrar com a barriga».
Não têm outro vómito retórico, foda-se? Não há pachorra. Psitacídeos.
Até o Belloso, santo Deus.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Breakthrough Listen – Está aí alguém?

«Stephen Hawking, o mais famoso físico vivo, deu a mão ao lançamento da nova busca.»
- DN, 22.Jul.2015
Tratando-se de noticiário científico, nada como metáforas de alta precisão.
A Filomena Naves não explica, mas quero crer que o Stephen, não sendo parvo, tenha dado a mão que lhe fazia menos falta.
De resto, notícia muito bem redigida. E lá está*: com a humanidade todo o cuidado é pouco; não somos flor que se cheire.
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* Tique de Ricardo Araújo Pereira 

terça-feira, 21 de julho de 2015

Camarate – Verdade a reboque da fé e da insânia

Paulo Portas, demagogo brilhante e narcisista facundo, ontem à noite em Lisboa, ao ar livre:
«[CDS], partido fundador do arco da governabilidade, sempre procurando dar testemunho daquela que era a virtude mais recomendada por Aristóteles aos homens de Estado: a moderação. Sim, o CDS é, foi e será sempre um partido moderado. […] Sabemos que Adelino Amaro da Costa não perdeu a vida por acidente. […] Acreditamos no que sucessivas – creio que cinco – comissões de inquérito foram capazes de determinar: Camarate não foi um acidente.»

Olha se não fossem moderados!…, já o recente sismo de Cascais teria sido parlamentarmente imputado a uma conspiração de toupeiras.

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«A terminar, José Matos Rosa [PSD] deixou uma sentida palavra de solidariedade às famílias das vítimas, na convicção de que as conclusões desta X Comissão Parlamentar de Inquérito à Tragédia de Camarate possam permitir que desta vez se tenha ido mais além na descoberta da verdade do que a Justiça alguma vez foi. “Porque a verdade não pode e não irá prescrever”, concluiu.»
Assembleia da República, sexta-feira, 03.Jul.2015 


Ao longo de 34 anos e meio, desde a noite daquela quinta-feira, 04.Dez.1980, fiz por ler e ver tudo, escutar e confrontar tudo sobre o despenhamento de um Cessna em estado miserável de manutenção. Acompanhei os trabalhos das dez Comissões Parlamentares de Inquérito; consultei ou assisti aos depoimentos franqueados ao público.
Pandilhas, mitómanos e alucinados como Fernando Farinha Simões, José Esteves ou João Múrias compuseram uma historieta rasca a contento e a soldo da Política, órfã de totens e ávida de causas, que, por sua vez, se afanou a levedá-la e a acrescentá-la de fé e de delírio, perpetuando-a como verdade histórica espera-se que, desta vez, definitiva e irrecorrível.
Mantenho que naquilo de Camarate  o único depoimento plausível e fiável é o da avioneta. Mas os senhores deputados adoram conversa…
Esta gente mete-me dó; país miserável e ensandecido.

Insisto: oiça-se José Manuel Barata-Feyo, leia-se "O grande embuste".

terça-feira, 14 de julho de 2015

Português atropelado à porta do ISCTE

«Depois de tantos contributos negativos que deu, de tantos entraves que colocou para que houvessem os acordos, se à vigésima quinta hora deu alguma ajuda, mais vale tarde do que nunca.»
António Costa, esta tarde, em Lisboa, à saída de uma homenagem ao antigo ministro da Ciência, José Mariano Gago, falecido em 17.Abr.2015.

oportunidade país . esperança futuro . novo impulso convergência . e pá'ver um novo impulso convergência . pá'ver melhores condições . na raiz da sua fundação . mas tamém na compreensão . olhar Grécia . infelicidade pá'lguém . pás eleições legislativas . aquilo que (sic) os portugueses podem tar certos

Quis ainda ter dito o nosso aspirante a primeiro-ministro, licenciado em Direito, mas não disse porque só muito defeituosamente se consegue aproximar dos seguintes vocábulos:
personalidade  .  percepção  .  modernização  .  mobilização  .  construção  .   elaboração

«A percepção [garanto que António Costa não disse, nem de perto, percepção] de que o conhecimento é a chave desenvolvimento do país e que se Portugal quer voltar a crescer, voltar a criar emprego, tem que investir nas várias fileiras da política do conhecimento. Tem que investir na educação, tem que investir na formação, tem que investir na ciência, tem que investir na modernização tecnológica [garanto que António Costa não disse modernização], tem que investir na inovação. E essa é a chave nosso desenvolvimento.»
Idem, ibidem

E a fileira da língua portuguesa que se foda. As investidas públicas do doutor António Costa contra a língua começam, sem demérito das estimáveis (algumas) causas e razões que nela veicula, a tornar-se um perigo sério para a saúde pública.
Em comparação, o pinículo Passos Coelho, do sejemos e do estejemos, parece exprimir-se num português de lei.
Tamos condenados. Insisto: o pior é que pode haver crianças a ouvir.

sábado, 11 de julho de 2015

Dois cabeças, duas cabeças:

- António Costa, demagogo sinusoidal como os outros;
- Tiago Brandão Rodrigues, cientista com certa e determinada missão. 

«Acho que as listas do PS não tenho a menor das dúvidas representarão plenamente a unidade de todo o Partido Socialista, com certeza, mas acho que, mais do que a unidade do PS, uma grande abertura das listas do PS à sociedade.
[…]
Entre todos, gostaria de destacar, pelo seu carácter simbólico, o doutor Tiago Brandão Rodrigues que lidera na Universidade de Cambridge uma investigação de ponta na área da detecção precoce do cancro, e que é talvez um dos excelentes símbolos desta geração mais qualificada que tem tado a sofrer uma emigração e que, ao disponibilizar-se para vir encabeçar a lista do seu círculo de naturalidade, Viana do Castelo, demonstra bem como o país não pode desistir desta geração mas tamém que esta geração não desistiu do país. E acho que este é um excelente exemplo do esforço que temos de fazer para recuperar esta geração e esse é um grande sinal que temos de dar à confiança do país.»

«[...]
aos 38 anos, troca a sua carreira como investigador de bioquímica na área da oncologia na Universidade de Cambridge pela candidatura como independente nas listas socialistas à Assembleia da República.
[...]»

A ver se percebo. Como o jovem doutor bioquímico Tiago tem tado a sofrer uma emigraçãooh se tem!  —, António Costa oferece-lhe a oportunidade de, com bem-estar incomparável, vir, para "não perder a mão", investigar o cancro precoce na bancada do PS. Temo que venha demasiado tarde.
Pressente-se que Costa só descansará da porfia de recuperar esta geração quando estiverem enfiados no parlamento, a fazer ciência, todos os cientistas com menos de 40 anos. Quanto ao jubilado Alexandre Quintanilha [09.Ago.1945], afigurando-se já pouco recuperável, é de crer que ainda possa dar uma ajudazinha especializada ao doutor Brandão Rodrigues na detecção de coisas malignas no hemiciclo da democracia. 

Viva a Ciência! Viva Viana do Castelo! Viva o Porto! Viva Portugal!
O cancro que espere.
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Quatro cabeças, afinal. Mas tudo isto é simbólico.

,

O doutor João Céu e Silva, entre os melhores jornalistas portugueses, lançou há dias um romance, editado pela Guerra & Paz, com o imperfeito título
Adeus África
A história do soldado esquecido”.
Como é possível respeitar a editora que põe à venda uma capa com tal defeito de português?
A doutores empedernidos não fará grande dano; o perigo é para os contamináveis cidadãos em idade escolar que ainda circulam nas livrarias de Portugal.
Adeus, África”, sim.
Com que merda de revisores trabalha o doutor Manuel S. Fonseca, que admiro? Veja se põe ordem no seu estaminé, bolas! 
Como se para seviciar a nossa língua não nos bastasse o malfalante António Costa, igualmente doutor...

quinta-feira, 9 de julho de 2015

05-CC-40 *

Tantas flores, tão comovente, lindo de ir às lágrimas!
E estavam todos, mesmo todos**, incluindo os expressamente ressuscitados para as importantes exéquias, do seguro António ao bandeira Paco, da del río Pilar ao silva Cavaco. Só bispos eram cinco***; com Francisco Louçã, seis.
Quero imaginar ao que ia quase toda esta gente: ser vista e capitalizar preciosos pontos de bondade e simpatia na consideração dos seus pares/rivais mas sobretudo, talvez, na das pessoas que lá em casa marcam afanosamente o 760… e irão votar em breve. Não é todos os dias que uma «figura tão sublime» [Maria de Belém**** dixit, DN-09.Jul.2015] se vai embora. Desaproveitar este evento, incomparavelmente propício à boa imagem, seria negligência, se não estultícia.
Quanto aos títulos da comunicação social, não bastaria um exacto e simples Clã Soares de luto?***** É evidente que não: esta gente é demasiado vistosa para tal secura.
Nada como certos e determinados funerais para palcos e passadeiras de cagança. Nada de novo.
Enfim, o país do costume desta vez em dó menor uníssono na morte de uma velhinha de 90 anos, por sinal boa declamadora.

Pela perda e pela dor, todo o respeito; de preferência com discrição. Pelo chinfrim, pela vaidade e hipocrisia assim, nenhum.
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* Sic transit gloria mundi. Quem diz SIC, diz RTP; e quem diz Maria diz Eusébio, diz Sophia. A carroça não pára.

** Observando melhor, talvez nem todos. Não consegui ver por ali «Alexis Tsipras, que muito admiro e de quem sou amigo». Razões de força maior do que a amizade do viúvo terão impedido o primeiro-ministro grego de comparecer. Também não lobriguei o famoso antigo governante português, de nome igualmente grego, de quem o viúvo é grande amigo e admirador contumaz. Razões de força ainda maior?... 

*** Ao minuto 1:40, a jornalista da SIC informa em off que Isabel Soares «citou Sophia de Mello Breyner Andersen». Andresen, menina, Andresen! Tanta incúria, chiça!

**** Maria para Belém? Oh não!, esta videirinha sabidona, inane tagarela incontinente, não!

***** Clã, claro, em sentido lato, nele se compreendendo, claro, Clara Ferreira Alves.