terça-feira, 21 de julho de 2015

Camarate – Verdade a reboque da fé e da insânia

Paulo Portas, demagogo brilhante e narcisista facundo, ontem à noite em Lisboa, ao ar livre:
«[CDS], partido fundador do arco da governabilidade, sempre procurando dar testemunho daquela que era a virtude mais recomendada por Aristóteles aos homens de Estado: a moderação. Sim, o CDS é, foi e será sempre um partido moderado. […] Sabemos que Adelino Amaro da Costa não perdeu a vida por acidente. […] Acreditamos no que sucessivas – creio que cinco – comissões de inquérito foram capazes de determinar: Camarate não foi um acidente.»

Olha se não fossem moderados!…, já o recente sismo de Cascais teria sido parlamentarmente imputado a uma conspiração de toupeiras.

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«A terminar, José Matos Rosa [PSD] deixou uma sentida palavra de solidariedade às famílias das vítimas, na convicção de que as conclusões desta X Comissão Parlamentar de Inquérito à Tragédia de Camarate possam permitir que desta vez se tenha ido mais além na descoberta da verdade do que a Justiça alguma vez foi. “Porque a verdade não pode e não irá prescrever”, concluiu.»
Assembleia da República, sexta-feira, 03.Jul.2015 


Ao longo de 34 anos e meio, desde a noite daquela quinta-feira, 04.Dez.1980, fiz por ler e ver tudo, escutar e confrontar tudo sobre o despenhamento de um Cessna em estado miserável de manutenção. Acompanhei os trabalhos das dez Comissões Parlamentares de Inquérito; consultei ou assisti aos depoimentos franqueados ao público.
Pandilhas, mitómanos e alucinados como Fernando Farinha Simões, José Esteves ou João Múrias compuseram uma historieta rasca a contento e a soldo da Política, órfã de totens e ávida de causas, que, por sua vez, se afanou a levedá-la e a acrescentá-la de fé e de delírio, perpetuando-a como verdade histórica espera-se que, desta vez, definitiva e irrecorrível.
Mantenho que naquilo de Camarate  o único depoimento plausível e fiável é o da avioneta. Mas os senhores deputados adoram conversa…
Esta gente mete-me dó; país miserável e ensandecido.

Insisto: oiça-se José Manuel Barata-Feyo, leia-se "O grande embuste".