sábado, 9 de março de 2019

Jean Wyllys, o bonzo de Coimbra e a palavra "ditador"

Aguentei, estóico, os 84 minutos da conversa de sedução e bajulação mútuas havida na cidade do Mondego — adoro chapinhar em lugares comuns... — em 26 de Fevereiro de 2019 entre Boaventura de Sousa Santos e Jean Wyllys, figurante ganhador do "Big Brother" brasileiro, devoto de Iemanjá, que vem cavalgando a sobrevivência e a celebridade por conta de ser e se afirmar destemidamente rabeta alinhado à esquerda. «Eu quero articular de alguma maneira as esquerdas no mundo.», previne-nos, sério, acerca do projecto em que pretende ocupar-se no exílio europeu. O mundo que se cuide, pois.

Para não cansar muito, realço
as cortesias de entrada, com o anfitrião armado em porta-voz de Portugal a garantir que «é realmente muito bem-vindo pela esmagadora maioria dos portugueses, jovens e público em geral». Ena, Boaventura! «Esmaga!», diria Conan Osíris;
e a parte final, a partir da hora e dez de gravação, em que o foragido da homofobia canarinha se atreveu a rotular Nicolás Maduro de ditador, acusando-o inclusive, gabe-se-lhe a ousadia, de violação dos direitos dos humanos venezuelanos. Sabendo o Boaventura apóstolo de sátrapas bolivarianos e comunistas em geral, receei ver o caldo entornar-se, mas o bonzo de Coimbra, messias da Marisa,  lá se conteve e adoçou o escarmento:  «Aí temos uma pequena diferença, realmente, porque a palavra "ditador" é uma palavra muito forte, não é?...»
É.

Sirva-se, paciente leitor, e sofra.

Nada como realmente.