Embirrar com a Gabriela Canavilhas não me impede de, vez por outra, concordar com ela. Por exemplo:
«[…] Em 2017, no entanto, aconteceu algo, que, apesar de maravilhoso, intoxicou o processo com a pior toxina: a marca da intemporalidade – apareceu uma canção excepcional, cantada por um intérprete raro. Colocou a fasquia dos certames seguintes numa altura quase impossível, o que devia obrigar a RTP a uma demanda empenhada que procurasse criar condições para proporcionar o surgimento de outras canções de qualidade fora do comum. É difícil, claro, mas é o preço que se paga por termos tido uma canção tão extraordinária como Amar Pelos Dois de Luísa Sobral, um intérprete de eleição como Salvador Sobral. *
[…]
a canção, per se, é um valor absoluto que devia ser perseguido pelos compositores, independentemente das correntes estéticas. Embrulhar uma canção numa performance e transformá-la num happening é arte, sim, mas é preciso que debaixo de tudo esteja uma canção [...]»
O resto é circo.
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* ... Luísa Sobral, Salvador Sobral e — insisto, repito, reitero — Luís Figueiredo.
** Glosando Gertrude Stein.
** Glosando Gertrude Stein.