sexta-feira, 28 de julho de 2017

Com que cara | Canavilhas

«Já viram a triste situação em que eu estaria se fosse líder do PSD e estivesse no concelho de Loures a apoiar um candidato que desonra qualquer partido democrático que o possa apresentar às eleições? Com que cara é que eu estava aqui a apoiar um candidato em Cascais com a mesma cara com que tinha tado ontem a apoiar um candidato como aquele candidato que têm em Loures?»

António Costa anatematizava a candidatura pelo PSD de um alienado do Benfica [como ele, AC, de resto] — demagogo e populista, como tantos — que na véspera, em entrevista a Sebastião Bugalho*, no i em papel e no Sol em linha, proferira umas quantas frases pertinentes e incómodas acerca de determinada etnia.

Com que cara, doutor António Costa?
Ora, com a mesma com que estava a animar a candidatura de uma tontinha por José Sócrates [à CMtv em 21.Fev.2015: «Acredito piamente na inocência de José Sócrates.»], a tal que sugeriu há um ano o despedimento da jornalista Clara Viana. **
Com que cara, doutor António Costa? 
Ora, com a mesma com que apoia para Loures uma jeitosa e fraca Paixão. Espremida, ver-se-á quão medíocre é esta Sónia do PS.

- Grandessíssimo cigano me tem saído este secretário-geral do PS...
- Mas ó pai, ele não é monhé?
- Não, filha. Isso é racismo xenófobo.

Em Loures, já decidi: votarei na CDU. Sem hesitar; ninguém os bate nas arrumações.

A propósito de racismo:
Clara Ferreira Alves, sobranceira como sempre, preocupada- Eu devo dizer que o racismo está presente até no humor português. As anedotas que circulam desde a revolução, e já antes da revolução, são anedotas típicas de sociedades não pós-coloniais mas coloniais. Não há casamentos inter-raciais em Portugal
Daniel Oliveira- Começa a haver, começa a haver.
Clara Ferreira Alves- … cada um sabe onde está o seu lugar.

Nada que não se resolva com o REPANUI – Regime da Paridade Núbil Interétnica, a propor, com carácter de emergência social, pelas BEatas.
Assim, o Governo deverá promover e assegurar a realização em território português de casamentos entre indivíduos em idade núbil aqui residentes, nas seguintes exactas quantidades mínimas em cada ano civil:
- cabo-verdianos com ciganos calé, cerca de 103;
- lusocaucasianos com ameríndios, cerca de 37;
- afrodescendentes pretos com chineses amarelos, cerca de 62;
- islamoárabes com judeus de qualquer proveniência, cerca de 211;
- louros nórdicos com toureiros bengalis, cerca de 96;
- indianos com algarvios, cerca de 23;
- esquimós com maoris, cerca de 8.
E assim sucessivamente, mantendo presente que amor é coisa que ocorre não por acaso uma única vez na Constituição da República Portuguesa: na alínea b) do n.º 1 do artigo 293.º.
A título absolutamente excepcional e transitório, admitem-se Casamentos de Santo António.

Henrique Raposo, "Loures" | Expresso, 22.Jul.2017

Quanto a Louçã — "Eu já tive namoradas de todas as cores" | Público, 26.Jul.2017  —, ele que zele por que em casa toda a gente respeite o ordenamento jurídico português e os preceitos consuetudinários locais. De resto, pergunto-me quantas voltas à chave dará o arcediago BEato na porta de entrada quando vai dormir e quando sai…
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** Gabriela Canavilhas — não falo da pianista — merece rodapé.
Falo da inefável e levitante socialista no seu desvelado afã em torno da língua portuguesa
Defensora ultramontana do AO1990, ei-la, em 07.Fev.2017, Palácio de São Bento, na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, presidida por Edite Estrela, inenarrável e histórica videirinha do PS, na audição do Presidente da Academia das Ciências de Lisboa sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa:
A partir do minuto 01:30:57. Que bem fala, senhores! Como persuade a inteligência dos calhaus antiacordistas! Como nos hipnotiza de clarividência! A razão esvoaça!   

Finalmente, pequenina amostra de como escreve Canavilhas.
Nunca deverá ter ouvido falar no vocativo nem faz ideia do uso da vírgula. Escapa-lhe redigir bem coisas como "Obrigada, Mário Soares", "Parabéns, António", "Um abraço, José Lello". 
Do famigerado Acordo Ortográfico, de que é prosélita zonza, nem as regras elementares domina: ainda escreve «acção» e «retractação».
Não consegue escrever sem erro «distinto», «com certeza», «voo», «juízes».
Aprecie-se o chorrilho
Até dói saber que esta senhora pôde ter sido ministra da Cultura [2005-2009, governo de José Sócrates].
Olhem-m' ela no Paradoxo...