Por mais que insista, e ele insiste,
[Expresso, 14.Nov.2009: «19 de Novembro de 1977, O voo 425 - Era uma noite de sexta-feira, invernosa e negra …»
Expresso, edição 2058, 06.Abr.2012: «Tragédia no Funchal - … Na noite de 19 de Novembro de 1977, uma sexta-feira de chuva e vento fortes …»],
Rui Ochôa dificilmente impedirá que a edição 264 do Expresso, que comprei vai para 35 anos num quiosque de Campolide, tenha deixado de ser publicada, como só excepcionalmente não é, ao sábado. Foi o caso de 19 de Novembro de 1977, sábado chuvoso no Funchal e em Lisboa, em que a TAP, a melhor companhia aérea do mundo, haveria de sofrer o até agora, nos 67 anos que leva a voar, único acidente com perda de vidas [ia a dizer «com mortes» mas apeteceu-me um eufemismo e agora um circunlóquio].
Já o outro desastre, de 04.Dez.1980, designa-o Rui Ochôa, como é uso e preceito dos beatos e órfãos de Francisco de Sá Carneiro em geral, incluindo os cristãos-novos, ainda assim, no caso de RO, com alguma contenção deontológica, por “O mistério de Camarate” que, claro, … continua por resolver. E possivelmente assim ficará para sempre. Fosse, por exemplo, o azougado Ricardo Sá Fernandes – ele que garante que a acusação ao seu mais famoso constituinte, condenado e recondenado por sucessivos, probos e competentes magistrados, assenta numa fantasia – a titular a peça, “O atentado de Camarate” seria mais do que certo.
Misteriosos mistérios da mente que fazem acreditar, a uns, que o despenhamento de um avião confiável só pode ter sido um acidente e, aos mesmos, que o despenhamento desta avioneta podre só pode ter sido um atentado...
Não fosse a prescrição dos factos, nada me espantaria ver por aí o ilustre e facundo causídico, com procuração forense de algum familiar ou herdeiro de vítima no desastre do Funchal, a demandar judicialmente, se não a pista do aeroporto por doloso acanhamento, pelo menos a chuva e o vento por má-fé deliberada e contumaz. Talento e arte a espadeirar contra a fantasia parece não faltarem ao doutor Ricardo Sá Fernandes.
Aqui deixo, a propósito, emprestadas pelo Vinícius de Moraes e pelos Azeitonas, duas lembrançazinhas para o Rui Ochôa. Conto que goste.