sábado, 28 de julho de 2012

Que se lixem as eleições e a virgindade perdida

«Mesmo que consideremos que o conceito de democracia está contaminado por um mal-entendido fundamental e deu lugar a uma conversa inócua que esvazia a política de conteúdo, dizer “que se lixem as eleições, o que interessa é Portugal”, como fez esta semana o primeiro-ministro, é um lapso terrível, porque a verdade que nele surge, como um sintoma, é da ordem do irreparável. Tão irreparável como a virgindade perdida, que nem Deus consegue tornar reversível, porque entre os seus poderes, segundo uma discussão teológica vinda da Idade Média, não está o de fazer com que aquilo que aconteceu deixe de ter acontecido.
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O “que se lixem as eleições" é uma resposta demófoba de quem tem dos cidadãos a ideia de que eles não atingiram o estado de maioridade e são incapazes de agir e pensar por si mesmos.
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