«[…]
A veneração rústica do canudo, que por exemplo leva milhares de enfermeiros e de professores a exigir uma “colocação” dentro do Estado, impede milhares de doutores avulsos de compreender a indiferença que suscitam fora do Estado. Durante anos, o equívoco justificou a “certificação de competências”, excentricidade pretensiosa que gerou as Novas Oportunidades e esqueceu que no mundo real as competências não precisam de ser certificadas: as incompetências, conforme demonstrado no apetite de alguns políticos pelo diploma, sim. Sob as regras da oferta e da procura, importa bastante menos o papel que diz o que as pessoas podem fazer do que aquilo que as pessoas podem verdadeiramente fazer.
A veneração rústica do canudo, que por exemplo leva milhares de enfermeiros e de professores a exigir uma “colocação” dentro do Estado, impede milhares de doutores avulsos de compreender a indiferença que suscitam fora do Estado. Durante anos, o equívoco justificou a “certificação de competências”, excentricidade pretensiosa que gerou as Novas Oportunidades e esqueceu que no mundo real as competências não precisam de ser certificadas: as incompetências, conforme demonstrado no apetite de alguns políticos pelo diploma, sim. Sob as regras da oferta e da procura, importa bastante menos o papel que diz o que as pessoas podem fazer do que aquilo que as pessoas podem verdadeiramente fazer.
Acima de tudo, importa que se façam à vida, nem que seja à revelia das habilitações formais e, como se verifica, frequentemente redundantes. Pelo amor de Deus: há sociólogos que se sustentam a assinar crónicas na imprensa. É triste desperdiçar tempo a acumular competências (e valências. E sevilhas) sem utilidade especial na posterior carreira? No caso da sociologia, acreditem que é uma bênção.