quarta-feira, 4 de julho de 2012

Rogério Casanova

na LER de Julho/Agosto de 2012:

1. “Pastoral Portuguesa”, sobre Ray Bradbury
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(continuo a achar que decorar a ordem do alfabeto - 23 símbolos arbitrários! - foi o meu maior feito até hoje)
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Escrever mal é, essencialmente, mentir.
Essa desonestidade estilística pode ser apenas uma afirmação da incompetência - por vezes tão extrema que até leitores também eles incompetentes desconfiam logo que algo de errado se passa. Mas também pode, em casos mais raros, ser uma função do entusiasmo, um vício literário com um sentido restrito que eu continuo a acreditar ter sido inventado por Walt Whitman: o excesso retórico que é o equivalente gráfico da hiperventilação, quando o escritor perde o controlo e é arrastado na torrente, denunciando que aquilo que é dito a seguir é dito apenas porque sim.
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2. “Os craques de ténis”, sobre A Informação, de Martin Amis, em que RC dá umas pertinentes bicadas na tradução de Jorge Pereirinha Pires  
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Como o próprio Martin Amis repetiu algumas vezes em entrevistas, um romance honestamente representativo sobre um escritor consistiria numa longa descrição de alguém a sentar-se à secretária, a olhar para a parede durante meia hora enquanto estala os dedos, a datilografar durante seis horas, e depois a levantar-se para ir almoçar. A vida de um escritor pode ser interessante, mas quando o escritor é bom, o mais interessante será sempre a sua obra.
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3. "The Quiet Volume" - ensaiado por um par de experientes leitores ... [Rogério Casanova sentou-se ao lado de Bruno Vieira Amaral, e vice-versa.]
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O combate desesperado contra o meu olímpico défice de atenção seria sempre desigual, mas é com indisfarçável orgulho que afirmo ter cumprido as instruções apenas até ao minuto 25 da experiência, altura em que o instinto para o vandalismo que o conceito do espetáculo parece querer provocar acabou por levar a melhor.
[…]
sou capaz de não ler uma página com  muito mais velocidade do que qualquer pessoa a lê.
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