«Basta
ler a resposta que Maria Helena Mira Mateus, eminente linguista e professora
catedrática, deu a um artigo de Teolinda Gersão (ambos publicados no
“Público”), em que a escritora criticava o deslumbramento com que os programas
de Português debitam abundantes e complexos conceitos e categorias gramaticais
(em tal grau que eles se anulam nos seus próprios fins), para percebermos a
arrogância de quem tem tido alguma responsabilidade na disciplina. Com os
resultados que estão à vista. Uma metáfora arquitectónica é recorrente no texto
de M.H.M.M.: por três vezes fala em “construção”, a última delas para se
referir aos elementos com que a língua “se constrói”. Esta obsessão
construtivista tem um objectivo: mostrar que é preciso saber identificar,
nomear e categorizar os elementos e as operações linguísticas e que sem esse
saber os alunos estariam completamente desarmados para o conhecimento de tudo o
que diz respeito à língua escrita e falada. […]»