21:05- Eu
acho que este episódio — chumbo parlamentar, em 14.Mar.2014, da co-adopção por casais do mesmo sexo — foi uma desgraça. […] Mas verdadeiramente o que fica
daquela votação é esta ideia de um parlamento democrático no século XXI, perante
uma injustiça clara que nós temos na nossa sociedade, perante a necessidade de
dar uma resposta a pessoas que têm as famílias constituídas, que lhes digamos
"não". Isto significa manter a discriminação. […] Somámos à injustiça
a injúria. […] Nós estamos a dizer a essas pessoas que não têm o mesmos
direitos que nós. E porquê? Porque são homossexuais. […] O problema não está
nessas pessoas; o problema está em nós, no nosso preconceito, na nossa
educação, na nossa cultura. Aí é que está o problema.
21:09 [Sobre
a morte, em 12.Mar.2014, do patriarca emérito de Lisboa, José Policarpo]- Ainda
bem que me dá oportunidade de poder deixar uma palavra a José Policarpo. […]
Era um homem de uma grande inteligência e de uma grande sensibilidade. Eu tenho
gosto em recordá-lo. […] Lembro-me de que no final da cerimónia — 05.Out.2010, inauguração da igreja da Divina Misericórdia em Alfragide, Amadora — nos encontrámos para
celebrar aquilo que me parece ser uma das grandes obras de Dom [link especialmente para si, caríssima Fernanda] José Policarpo:
foi ter conduzido uma Igreja bem integrada numa sociedade democrática e plural.
Essa foi a grande obra que José Policarpo nos deixa.
Apreciem-se, então, alguns ladrilhos da grande inteligência e da grande sensibilidade, que tanto impressionavam o engenheiro Sócrates e que grande gosto terá decerto em recordar, da mui respeitável criatura cuja morte suscitou das maiores enxurradas de ranço e unanimidade mediática* a que nos últimos tempos se assistiu por cá:
Fátima, 19.Jun.2013
«D. José Policarpo, patriarca emérito de
Lisboa, disse hoje que a legalização do aborto e do casamento entre pessoas do
mesmo sexo são o “mais chocante” exemplo da recente evolução cultural em
Portugal.
[…]
O patriarca emérito de Lisboa considerou
que neste “positivismo”, as leis não são tanto “propostas éticas” que ditem
“caminhos de verdade e do bem”, mas “regulação da realidade humana, seja ela
qual for”.
“Aborto clandestino era uma realidade
preocupante? Legaliza-se a interrupção voluntária da gravidez, relativizando o
sentido ético da interrupção violenta da vida”, exemplificou D. José Policarpo.
“A homossexualidade é uma realidade,
pessoas do mesmo sexo estabelecem relações amorosas que na antropologia
cultural são próprias da relação do homem com a mulher? Estabelece-se a
igualdade de género, sendo a opção homossexual tão verdadeira como a
heterossexual, permite-se o casamento entre pessoas do mesmo sexo e está-se à
beira de permitir adopção de crianças por esses pares de pessoas do mesmo sexo”,
prosseguiu.
D. José Policarpo sustentou que estes dois
casos, protegidos por lei, estão em “total ruptura com a visão do homem em
sociedade, enraizada no direito natural e aprofundada na visão cristã da
sociedade”.
[…]»
Ecclesia - Agência de notícias da Igreja Católica em Portugal
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* O padre Henrique Pinto, honra lhe seja, constituiu a isolada diferença entre o mugido louvaminheiro na longuíssima tarde exequial de 14 de Março, das 15:00 às 19:30 (!), dos três canais de notícias no cabo [RTP Informação, SIC N, TVI24].
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* O padre Henrique Pinto, honra lhe seja, constituiu a isolada diferença entre o mugido louvaminheiro na longuíssima tarde exequial de 14 de Março, das 15:00 às 19:30 (!), dos três canais de notícias no cabo [RTP Informação, SIC N, TVI24].