quinta-feira, 13 de março de 2014

O Credo, o PIB e o Hino

Sem fé que me valha, fui ver [não confundo com "participar"] a missa das seis.
Pelos 25 minutos da celebração, todos os presentes menos eu desataram a recitar, de cor e em coro, sem qualquer hesitação prosódica ou sintáctica, isto:
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigénito  de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro;
gerado, não criadoconsubstancial ao Pai.
[…]
Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho;
[…]
espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há-de vir. Amen!»

À saída, pedi separadamente a quatro senhoras ao calhas, na casa dos 60-70, todas dando mostra de andarem a rezar aquilo de cor, pelo menos uma vez por semana há mais de 50 anos, se me explicavam o que significa cada uma das palavras e expressões avivadas  a negrito.
Ainda contribuí no «procede»  — quem sabe significasse o mesmo que aquilo que se ouve na CP: o comboio procedente da Azambuja… — mas nenhuma me ajudou por aí além; todas admitiram, com bonomia e simplicidade desvanecedoras, que foi como aprenderam, que na igreja há palavras difíceis de entender e que o importante é a Fé.
Perguntei-lhes ainda se sabiam o que é o PIB.
Têm ouvido falar disso na televisão, mas nenhuma fazia ideia. Eu também não.

Aposto dobrado contra singelo — ao contrário é usura, doutor Pedro Marques Lopes...  — em que aquelas simpáticas fiéis também não sabem o que são egrégios avós; e isso, não só o dizem há mais anos do que o Credo como até cantam de cor. Foi o que lhes ensinaram.
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* Eu acredito neles todos; feitos todos à imagem e semelhança do homem. Enfim, alguns têm barbas brancas muito compridas e nem todos usam báculo