Em 14 de Julho último, Rebeca Hernández Alonso, professora na Faculdade de Filologia da Universidade de Salamanca, conversou durante quase duas horas com Vitor Silva Tavares, em Lisboa, para um trabalho que está a escrever sobre Os Condenados da Terra, de Frantz Fanon, Ulisseia, 1961. A Ulisseia era, na altura, dirigida por VST.
Fui pintor de bandeiras da libertação dos contratados.
[…]
Eu vinha da África com a convicção de que nunca mais na vida teria patrão, nunca mais iria fazer o que não partisse de mim, o que não quisesse, ainda que fosse preciso pagar a pior das moedas, não me importava nada de morrer, eu vi a morte, estive lá, na guerra…
[…]
enviámos a edição ao sr. Chaplin que nos mandou uma carta a dizer que era a mais bela edição de todas que conhecia.*
[…]
Venho de família muito pobre, de gente muito pobre, e portanto nunca tive acesso às grandes culturas, ir ali a Paris ou a Londres embebedar-me de cultura, não. A minha opção foi o trópico. Fui às Europas porque vivia numa ditadura e era lá que podia ter acesso a filmes, a teatros, a edições, a jornais, e coisas assim que aqui não tinha. Mas aquele tipo de vida nunca me fascinou.
[…]
A ênfase dada a cada livro tanto assenta na literatura como no seu enquadramento visual. Não há hierarquia entre o gráfico e o escritor.**
[…]»
Extractos de parte do depoimento de Vitor Silva Tavares a Rebeca Hernández
JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias, 30.Set.2015
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* "Charles Chaplin, Autobiografia" - 1.ª edição, Ulisseia, 1965.
** & etc
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«[…]Fui pintor de bandeiras da libertação dos contratados.
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Eu vinha da África com a convicção de que nunca mais na vida teria patrão, nunca mais iria fazer o que não partisse de mim, o que não quisesse, ainda que fosse preciso pagar a pior das moedas, não me importava nada de morrer, eu vi a morte, estive lá, na guerra…
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enviámos a edição ao sr. Chaplin que nos mandou uma carta a dizer que era a mais bela edição de todas que conhecia.*
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Venho de família muito pobre, de gente muito pobre, e portanto nunca tive acesso às grandes culturas, ir ali a Paris ou a Londres embebedar-me de cultura, não. A minha opção foi o trópico. Fui às Europas porque vivia numa ditadura e era lá que podia ter acesso a filmes, a teatros, a edições, a jornais, e coisas assim que aqui não tinha. Mas aquele tipo de vida nunca me fascinou.
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A ênfase dada a cada livro tanto assenta na literatura como no seu enquadramento visual. Não há hierarquia entre o gráfico e o escritor.**
[…]»
Extractos de parte do depoimento de Vitor Silva Tavares a Rebeca Hernández
JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias, 30.Set.2015
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* "Charles Chaplin, Autobiografia" - 1.ª edição, Ulisseia, 1965.
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