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Neste processo, o Ministério Público exibiu despudoradamente uma das especialidades que vem cultivando há décadas: promover covardemente - e criminosamente - campanhas de difamação nos jornais, por forma a transformar a presunção de inocência em presunção pública de culpabilidade.
[…]»
Atenhamo-nos às quatro décadas de Procuradores-Gerais da República designados pela democracia:
João de Deus Pinheiro Farinha, 1974-1977
Eduardo Augusto Arala Chaves, 1977-1984
José Narciso da Cunha Rodrigues, 1984-2000
José Adriano Machado Souto de Moura, 2000-2006
Fernando José de Matos Pinto Monteiro, 2006-2012
Maria Joana Raposo Marques Vidal, 2012-
Pinheiro Farinha [1919-1994] e Arala Chaves [1914-1993] não estão cá para se defender. Mas por que esperam Cunha Rodrigues, Souto de Moura, Pinto Monteiro e a Joana para agir em desagravo e reparação do ultraje, da injúria, da calúnia, da ofensa, da desonra, do insulto e – usando vocábulo querido ao colunista do DN – da infâmia lançada sobre a instituição que dirigiram e Joana Marques Vidal hoje dirige? Onde está o vosso brio, prezados magistrados da nação?
Ou estou pitosga e a afirmação de José Sócrates não configura crime tipificado?
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Miguel Sousa Tavares, paladino desde sempre da não implicação do casal McCann no desaparecimento da filha Madeleine, convencido do rapto — Passa pela cabeça de alguém que os pais, o pai ou a mãe ou ambos, fizessem sumir o cadáver da miúda depois de inadvertida e desastradamente terem errado ou exagerado na dose para a manter quietinha enquanto estavam na comezaina e nos copos com amigos? Nunca jamais em tempo algum, só mentes pérfidas admitiriam um filme desses! —, afirmou o seguinte, em 3 de Maio corrente, no fecho do especial "Caso Maddie – 10 anos" na SIC Notícias:
«Infelizmente creio que hoje Maddie não estará viva já.»
Alto, pára tudo! Afinal, morreu? Como? Quem a matou? Quando? Porquê?
Reabra-se o caso desde o início, mais bem dito, desde que as tapas começaram a chegar à mesa.
Miguel Sousa Tavares endoidou ou esgueirou-se-lhe a língua para explicação mais verosímil? O mais verosímil, também quanto a mim mas em 3 de Maio de 2007, é Madeleine ter morrido. E quero crer que os pais sabem, por muito que tentem persuadir a galáxia doutra coisa. E se eles tentam!
Já Miguel Sousa Tavares, que acompanho há 40 anos e geralmente aprecio, é, sabemo-lo, um obstinado de causas fortes: do amor à caça, ao tabaco, ao Futebol Clube do Porto e à orla costeira, ao ódio sistemático, antigo e infrene ao Ministério Público, ao Acordo Ortográfico, à internet social e aos benefícios fiscais a pensionistas estrangeiros. Causas mais fortes do que ele, o Olimpo o abençoe.
Duas afirmações espantosas. Inconsequentes?