sexta-feira, 26 de maio de 2023

Nada como políticos sinceros

Sinceramente, acho que  [0:01]  
Sinceramente, do meu ponto de vista  [0:36]  
Sinceramente, eu não vejo  [1:08]
Sinceramente, eu julgo  [1:45]  
Sinceramente, se há um escândalo  [2:21]   

Quando um sujeito como Paulo Rangel fala sinceramente a cada 28 segundos, é de ficarmos a pensar no grau de confiabilidade das suas afirmações não sinceramente certificadas.

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quinta-feira, 25 de maio de 2023

Advogado e suas causas

Mantenho grande e admirativa consideração por Rogério Alves.
Quando ontem ao serão se pronunciou exuberante e convictamente, durante seis minutos e meio na TV, acerca do desaparecimento em 03.Mai.2007 de Madeleine McCann, filha de Kate e de Gerry McCann de quem foi advogado e é amigo, a minha consideração não aumentou.
Já que o advogado não se iria inibir de falar do caso, caberia à jornalista Cristina Reyna não lhe ter pedido que falasse.



Bem sei, Ricardo Sá Fernandes é mil vezes pior.

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Na verdade

«Na verdade, não existiu nenhuma mentíura [sic) por parte do ministro João Galamba.»

Se me perguntarem pelo que entendo ser um cagalhoto na política sem outro préstimo que o de lamber os testículos do dono a qualquer preço, João Torres, caricato secretário-geral adjunto do PS, parece-me o arquétipo.

domingo, 30 de abril de 2023

Quatro mortes no Bairro da Boavista

Decorridas cinco horas sobre os factos, a jornalista/repórter Sofia Garcia veio relatar, no sítio, em directo e sem teleponto, o que se passara. Em três minutos fez prova de que, afinal, é possível saber contar, ser-se claro e pormenorizado acerca de uma tragédia complexa, exprimindo-se num português fluido de boa qualidade sem bengaladas de «então».

Parabéns, Sofia!
Aprendam, miudagem.

Para que não digam que o Plúvio só diz mal das pessoas.

terça-feira, 11 de abril de 2023

Rol de fatalidades

Experimente preencher o que falta nos seguintes ditos.

A manobra não surtiu ______.

Envidámos todos os ______.

Para o apanhar tive de estugar o ______.

Fizemos tudo o que estava ao nosso ______.

Cadáver encontrado em ______ estado de decomposição.

O fogo não deu ______ aos bombeiros.

Morreu de cancro no pulmão, era um ______ inveterado.

Foi apanhado em ______ delito.

Magríssimo, parecia uma ______  paralítica.

Não ganhou, apesar da enorme falange de ______.

Tive um rebate de ______.

Passo o tempo a ler, sou um leitor ______.

Luís Filipe Vieira foi ______ arguido.

Vou já, dá-me só um compasso de ______.

No cômputo ______, pode dizer-se que esteve bem.

Falhou uma oportunidade ______ de golo.

Sabes que nutro ______ admiração por ti.

Morreram no mesmo dia, ironia do ______.

Fui acusado mas durmo de ______ tranquila.

Deixa-te de ______ esfarrapadas.

Aproximou-se do elefante com a ______ cautela.

Todos erraram, com a ______ excepção do Eduardo.

Veio a Portugal para ______ saudades da família.

Aposto em como adivinho pelo menos 100% das respostas que você deu.
Isto raramente falha; fatal como o destino, ... cá está!  
Vai para 25 anos que colijo, de ouvido e por diversão, este género de fatalidades.
Merecem-me apreço crescente os profissionais da comunicação — raros como trufa branca — que se exprimem, na fala e na escrita, evitando-as.
A preguiça vocabular decepciona-me, que posso fazer? Mau feitio, bem sei.

Escrutínio acuradíssimo permite-me eleger, neste momento civilizacional, as três fatalidades mais fatais, tão fatalmente fatais que, não fossem os 'esforços', o 'passo' e o 'efeito', os verbos 'envidar', 'estugar' e 'surtir' estariam banidos há muito do Português europeu.  

Noto que o inventário atingiu um tamanho jeitoso. Não sei mesmo se não será o melhor e mais exaustivo "Rol de fatalidades1) algum dia elaborado na Bobadela.
Hoje sinto-me pródigo, não é tarde nem cedo: aqui o tem! Para uso e proveito irrestrito, incluindo o de limpar o cu com ele quando voltar a pandemia e o papel higiénico escassear.

1) Em actualização constante. Sugestões e reparos serão bem-vindos, o que não significa que os acolha — o Chove não é propriamente um foro de democracia.

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«[…]
Glossário de lugares-comuns
Bardadrac organiza-se de A a Z como um dicionário, ao longo de 463 páginas. A meio do volume, na letra M, surge o pequeno glossário intitulado "Medialecto", que preenche 54 páginas, entendendo-se por este neologismo o dialecto próprio dos meios de comunicação social em sentido alargado (jornais, rádio, televisão, Internet...). Estão em causa frases feitas, "bordões" ou lapsos que decorrem de tentativas de substituir palavras ou enunciados correntes por outros que soam moderno, fino e, porventura, tecnocrático aos ouvidos do profissional (apresentador ou jornalista) ou de diversos "actores" do palco da comunicação : políticos, escritores, juristas, entre outros.
O 'medialecto' impõe-se, de certa maneira, como espelho e modelo da nossa subcultura dominante. "Amnistia. Sempre ampla"; "Banalidade. Sempre aflitiva"; "Carreira. Dizer sempre "Eu não gosto desta palavra" (...)"; "Calor. Sempre comunicativo"; "Carismático. Equivalente mediático de fotogénico"; "Despotismo. Sempre esclarecido (no início)"; "Figura. Sempre emblemática"; "Geometria. Sempre variável"; "Imagem. Sempre de marca"; "Isolamento. Sempre esplêndido"; "Jovens. São de dois tipos: os jovens propriamente ditos, e os "menos jovens", que antigamente eram velhos": "Lapso. Sempre revelador; sublinhá-lo com tanto mais força quanto se desconhece o que revela"; "Necessidade. Sempre imperiosa"; "Oposição. Sempre estéril"; "Perdão. Equivalente mediático do "acto de pedir perdão": "O perdão do Papa às vítimas da Inquisição" (...). Essas vítimas já não estão infelizmente em estado de lhe conceder o perdão"; "Pragmático. Equivalente mediático de oportunista"; "Sedutor. Antigamente era sempre vil, hoje é sempre grande"; "Tema. Sempre recorrente"; "Vindicta. Sempre popular"...
Esta pequena perspectiva do glossário dos lugares-comuns da comunicação social, identificados por Genette, destina-se apenas a interessar o leitor. Com uma pequena ressalva: não tentem aplicá-lo aos meus próprios artigos. Corro o risco de encontrarem exemplos válidos para corroborá-lo. Afinal, quem escapa à tal "subcultura dominante", em que, a gosto ou contragosto, participamos?
[…]»

//
«[...]
Se chove muito, chove torrencialmente*. Se aconselhamos ou recomendamos com ênfase, aconselhamos e recomendamos vivamente. Se rejeitamos ou recusamos, rejeitamos e recusamos liminarmente. Mas se afirmamos, afirmamos categoricamente ou peremptoriamente. Quando acreditamos, acreditamos piamente; mas quando confiamos, já confiamos cegamente. Se nos enganamos, enganamo-nos redondamente; mas se falhamos, já falhamos rotundamente. E quando alguém mente, não raro, há uma rima: mente descaradamente. Sendo preciso reduzir algo, é preciso reduzi-lo drasticamente e trabalhar arduamente ou afincadamente para o conseguir. Aquilo que lamentamos… lamentamos profundamente… a ponto de, em algumas circunstâncias, chorarmos convulsivamente. Com fome e sede, comemos avidamente e sofregamente. E quando alguém pede… pede encarecidamente.
[...]»

* Então não chove!?...

domingo, 2 de abril de 2023

Todos e os outros, independentemente


A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte:
Capítulo I - Objecto, âmbito e princípios gerais
Artigo 1.º - Objecto
A presente lei estabelece as bases do direito à habitação e as incumbências e tarefas fundamentais do Estado na efetiva garantia desse direito a todos os cidadãos, nos termos da Constituição.

Artigo 2.º - Âmbito
1- Todos têm direito à habitação, para si e para a sua família, independentemente da ascendência ou origem étnica, sexo, língua, território de origem, nacionalidade, religião, crença, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, género, orientação sexual, idade, deficiência ou condição de saúde. *
2- A presente lei aplica-se a todo o território nacional.

Artigo 3.º - Princípios gerais
[...]»
__________________________________________
* Caracterizemos, pela mesma ordem tipológica, um exemplo de indivíduo abrangido inequivocamente por tal formulação:
ascendência e etnia berbere, dotado de próstata, pila e testículos, esperantofalante originário da Transnístria, de nacionalidade portuguesa e de credo copta, seguidor de dona Dolores Aveiro e crente nos benefícios dos banhos de luar no aumento da longevidade, anarco-iluminista doutorado em exobiologia, economicamente solvente, multigénero orientado sexualmente para anões, 48 anos, diabético manco. 

Mas, e os outros, que impediu de indiscriminá-los explicitamente? Porque não também independentemente do clube, das preferências musicais, da cor dos olhos, do regime alimentar, das convicções animalistas, competências profissionais ou do tamanho que calce?
Caso para recear que a um sportinguista, fanático de "hip hop", olhos verdes, vegetariano, amante de tourada, sem carta de condução, que calça 53, se depare alguma restrição no direito à habitação, nos termos e ao abrigo do artigo 2.º supra...

Enfim, «1- Todos têm direito à habitação.» não bastava?

Já agora e complementarmente, muito estranho que numa lei destas, confeccionada em legislatura geringôncica, não se tenha desdobrado o quantificador universal «todos», como manda Isabel Moreira e exige o código inclusivo.
Não espantará, pois, que em revisão próxima fique «Todos, todas, todes, todxs e tod@s têm direito à habitação [...]»

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Entre hoje e depois de amanhã

Passo Fundo, Brasil, 24.Jan.1980 - Yamandu Costa

Buenos Aires, Argentina, 26.Jan.1983 - Martín Sued

"Clara" - Lisboa, 05.Nov.2022  |  Que delicadeza, céus!

Parabéns.
E muito obrigado.

domingo, 8 de janeiro de 2023

Enxurrada de então

«[...] A Rua Mouzinho da Silveira acaba de ser ENTÃO reaberta ao trânsito nos dois sentidos. Esta que foi uma das ruas mais prejudicadas no dia de ontem pela forte tempestade que se abateu ENTÃO pela cidade do Porto depois de esta rua ENTÃO ter sido completamente devastada. Recordo que os paralelos do pavimento da rua foram completamente arrancados pela força da água. A rua foi ENTÃO há instantes mesmo reaberta nos dois sentidos. Falta apenas acabar de compor uma pequena parte das três vias da rua. É isso mesmo que estão a fazer ENTÃO os trabalhadores da Câmara Municipal do Porto que têm ENTÃO trabalhado afincadamente ao longo deste dia. Também desde esta manhã que aqui se encontram ENTÃO para reverter esta situação mas a Protecção Civil ENTÃO há instantes decidiu ENTÃO reabrir a rua nos dois sentidos. São boas notícias para ENTÃO quem precisa ENTÃO de usar esta rua para as mais variadas actividades. [...]
Por isso ENTÃO uma rua que ontem sofreu muitos danos não só também no pavimento. [...] Vários comércios que foram afectados também ENTÃO aqui pelo mau tempo na cidade do Porto mas ENTÃO esta boa notícia, a verificar-se ENTÃO há instantes aqui na cidade. Por outro lado também as pessoas tentam ENTÃO voltar à normalidade, tentam ENTÃO voltar a tudo que são as tarefas normais. Os turistas ENTÃO a ir para a esplanadas também, esplanadas essas que ontem foram muito afectadas e que agora ENTÃO se tentam recompor ENTÃO da forte enxurrada que se abateu ontem aqui pela cidade do Porto.
Fica ENTÃO o registo, há instantes, da reabertura da Rua Mouzinho da Silveira.»

Nada de surpreendente. É da escola.

sábado, 10 de dezembro de 2022

Bola

«O futebol é a melhor indústria portuguesa, de muito longe. A indústria do futebol é a melhor, a mais bem gerida, a mais competente, a mais séria, a que mais bens exporta, de Portugal inteiro. É verdade. É um facto. [...] Não há nenhuma actividade que tenha tanto sucesso em Portugal como o futebol. Nenhuma indústria, nada.»

É?

Hinódia no mundial do Catar

A introdução instrumental do hino do Uruguai é a mais longa dos 32 hinos nacionais na competição futebolística: 43 segundos exasperantes, quase tanto como a parte coral que dura 47.

Igualmente desmesurada mas não tanto é a introdução do hino do Brasil que dura 28 segundos antes dos 78 segundos em que se proferem sintagmas como margens plácidas | brado retumbanteraios fúlgidos | penhor dessa igualdade | raio vívido | impávido colosso | fulguras, ó Brasil, florão da América | o lábaro que ostentas estrelado | da justiça a clava forte.
Quero imaginar, por exemplo Raphinha, ou qualquer outro jogador, a explicar palavra por palavra o que acabara de cantar.
Quais egrégios avós, quais quê. Vendo melhor, a linguagem d' A Portuguesa é para pessoas simples.

Lembro-me, a propósito, de como a minha tia Emília, devota de missa diária que recitava o Credo de cor, ficava encalacrada quando lhe pedia que me explicasse o significado de «filho unigénito de Deus» ou o de «consubstancial ao Pai»...

Tudo isto para não falar, mas falo, do hino de Espanha, contido e austero, que vai por ali fora e se finda aos 49 segundos sem que os jogadores tenham oportunidade de abrir o bico. a)  Pois que não tem letra, o que o torna porventura no hino mais asseado do mundo.
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a) Terça-feira, 06.Jul.2021, 20h55. No estádio de Wembley vai começar a primeira meia-final do Euro 2020, procrastinado para o ano seguinte por causa da pandemia, entre a Itália e a Espanha.
Na altura dos hinos, começando pelo de Espanha, o jornalista Óscar Cordeiro, da TVI, diz que os hinos «arrepiam sempre» e passa a palavra a Nuno Gomes, antigo craque da bola, hinologista nas horas vagas:
«Sem dúvida que é um momento arrepiante e para os jogadores com certeza com muito orgulho a cantar os seus hinos. É um momento de grande concentração.»

Pude confirmar o orgulho e a concentração dos jogadores espanhóis. Não sei o que Nuno Gomes achou do momento; por mim, não me lembro de ter ouvido um hino nacional cantado com tanta afinação e dicção tão irrepreensível... 
Viva España!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Dicionário e catecismo

Idiossincrasia linguística menos preocupada com o dicionário do que com o catecismo?
Nada de novo.

«Por último, deixar a) ficar uma mensagem de pedido de responsabilidade a todas e a todos b). Nas próximas horas são expectáveis condições climatéricas c) equivalentes e é por isso muito importante que todas as cidadãs e que todos os cidadãos b) cumpram as recomendações das autoridades procurando também constituírem elementos activos da protecção civil que somos todos nós.»
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c) Helder Guégués não é tão fundamentalista como o Plúvio, que dirá sempre «climáticas», parece ser.

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Foi então que o camião perdeu os sentidos


José Carlos Castro- «Francisca, consegues explicar o que é que realmente aconteceu?»

Francisca Laranjo, verbatim- «Boa tarde. É aqui, junto à EB 2-3 Paulo da Gama que tudo aconteceu. Falamos ENTÃO de um camião que acabou por perder os sentidos. Foi exactamente nêsta passadeira que este camião perde os sentidos e acaba por se despistar primeiramente contra um veículo ligeiro. Acaba depois ENTÃO por a-a-a-balroar cerca de sete veículos. São pelo menos sete a) veículos ligeiros e também carrinhas que ficaram ENTÃO afectados. Os moradores contam um cenário de muito barulho. Foi por volta das duas da manhã deste sábado que se deu este estrondo e o barulho nêsta rua nesta zona foi realmente muito. São muitos os vidros ainda no chão. Há pouco tempo foi ENTÃO retirado um dos carros mas conseguimos ver ainda pelo menos quatro destes carros, conseguimos ver pelo menos destes quatro carros ainda estão no local. A verdade é que as autoridades já estiveram aqui, a PSP e também os bombeiros, e foram transportados dois feridos ligeiros.»

José Carlos Castro- «A reportagem em directo neste local onde houve um acidente esta manhã. Sete carros foram abalroados. Eles estavam estacionados. Um motorista desmaiou e perdeu o controlo do seu veículo.»


Saudades de Ana Barros.
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a) Se são pelo menos sete, eu diria «cerca de oito, oito e meio.»
Oh rigor!

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

«A questão dos meios aéreos»

Rita Rodrigues- Miguel Cabral, boa tarde. O fogo está activo...
Miguel Cabral- Boa tarde. O fogo permanece activo há mais de 24 horas.

«Neste momento são perto de 450 operacionais no terreno auxiliados por diversas viaturas e há também a questão dos meios aéreos; são sete meios aéreos no terreno, aliás, andam pelo ar — ahahahah — e está agora a sentir-se a presença, a chegada de um meio aéreo precisamente aqui ao teatro de operações. A vinda para o terreno demora algum tempo.»

Nenhum jornalista terá alguma vez condensado tão certeira e completamente a retórica dos incêndios em tão poucas palavras. Felicite-se, pois, Miguel Cabral, carteira profissional n.º 3893A.  
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domingo, 21 de agosto de 2022

Patrícia Gaspar, uma espécie de dispositivo

Bát€gas de milhõ€s no combate. Negócios multimilionários em meios, os mitificados aéreos e os, menos conspícuos, terrestres. Legiões de operacionais, espectáculo, pornografia no terreno, emoção ao rubro [literalmente], auditórios salivantes do teatro de operações — não saia do seu lugar, anunciam-se novas e fulgurantes projecções. Tudo isto enquanto o bicho lavra.
Na prevenção e na detecção precoce quanto gasta ou investe o doutor Costa?
Pois, não é grande negócio, visibilidade nula, espectáculo nenhum. 

Ao serão de anteontem, 19, com Portugal a arder mais do que nunca, a secretária de Estado Patrícia Gaspar respondeu durante 18 minutos a Rodrigo Pratas, mui codicioso jornalista que aprecio.
Falou muito, sem explicar grande coisa - «esse momento vai chegar». 
Ontem, Augusto Madureira apresentou um resumo da conversa. Respigo:
«[...] Se considerarmos aquilo que é a severidade meteorológica, os dados, os algoritmos e as contas feitas dizem que a área ardida que deveríamos ter devia ser 30% superior, ou seja, ardeu 70% daquilo que era suposto arder face às condições de severidade meteorológica que temos. Isto significa que, apesar da complexidade, o dispositivo tem estado a responder bem e tem estado a conseguir debelar grande parte das ocorrências, mais de 90% das ocorrências nos primeiros 90 minutos. Este reforço o que vai permitir é garantir que temos mais pessoas no dispositivo [...] Estas novas 100 equipas aquilo que nos garantem é uma primeira linha de confiança porque estas vão garantidamente estar 24 horas disponíveis.» 

Oiça-se — e aprendamos — como Patrícia Gaspar informa a população de que a vegetação está muito seca e que não se deve fazer lume perto de arbustos ou de árvores:  
«temos ainda níveis de secura dos combustíveis que poderão em caso de ignição dar origem a ocorrências mais complexas de incêndios florestais e portanto convém e importa manter a adequação dos comportamentos junto aos espaços florestais»

E se um Verão mais frio e húmido do que o costume está menos propício a ignições?
Patrícia Gaspar responde na esteira de Jorge Coelho; a escola é a mesma. Caprichos de São Pedro? Mérito da governação: 
PG- «há aqui uma dimensão de tempo [...] felizmente nós estamos com resultados este ano, eu diria, simpáticos...
Rosa Pinto, jornalista- O tempo também tem ajudado.
PG- O tempo tem ajudado mas o dispositivo também, e não é este ano, estamos a falar ao longo dos últimos 10 anos.»

Pergunto-me amiúde se esta prolixa criatura consegue agir com outro propósito que não o de propaganda.  

- Confessa aqui, Plúvio, um fraquinho pela Patrícia...
- Bom, não diria tanto, até porque a resposta aqui é bicéfala. - 29.Ago.2019

sábado, 20 de agosto de 2022

Pedir desculpa

«Na edição da semana passada [...] o Expresso publicou um artigo de opinião de Rita Carvalho como se defendendo a resposta "não" à pergunta se a hierarquia da Igreja estava a reagir bem às denúncias de abusos entre o clero. Como se lia no texto, Rita Carvalho respondia positivamente à pergunta. Pelo erro, O Expresso penitencia-se... e deixa as devidas desculpas à autora e aos leitores.»

Vamos cá ver, deixa desculpas ou pede desculpas? 
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