quinta-feira, 6 de abril de 2017

25 de ? - A data mais resvaladiça da galáxia

Sabe-se que em 30 de Março de 2017, quinta-feira, foi inaugurada em Lisboa uma exposição sobre tatuagens com o título belo e certeiro — tão belo e certeiro que não é português nem original — de "O mais profundo é a pele". *
Alvíssaras a quem souber até quando vai a exposição:
- segundo os insuspeitos promotores, MUDE [Museu do Design e da Moda] e Faculdade de Ciências, vai até 25 de Junho;
- os respeitáveis jornais de referência Público e Diário de Notícias, a exemplo da institucional Agenda Cultural de Lisboa, informam que vai até 25 de Julho;
- o electrónico e pujante Observador diz que vai até 25 de Outubro;
- a TSF, que vai ao fim da rua e vai ao fim do mundo, foge de informar até que data a exposição vai, ficando-se pela cautela de «durante os próximos 3 meses».
Vai assim Portugal.
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* «Ce qu’il y a de plus profond en l’homme, c’est la peau.» – Paul Valéry, em "L'idée fixe", 1932.
«O que há de mais profundo no homem é a pele.»
E é capaz de ser. Por exemplo, a inflamada constitucionalista Isabel Moreira, que não brinca com datas, parece alinhar pelo filósofo, escritor e poeta francês, subscrevendo avant la lettre o mote da exposição em apreço: sexta-feira, 8 de Janeiro de 2010, aprovação na Assembleia da República do casamento homossexual.

Li jornais, vasculhei a net, assisti a estes 18 minutos. Nem uma referência ou alusão à escolha do nome desta didáctica e apelativa [pele activa?] exposição que me apetece visitar. Quem se espantaria se surgisse por aí um qualquer lusitano tonyencarreirado a declarar-se criador do título?
Pelas minhas contas, perdão, cálculos, haveria de receber no telejornal seguinte os parabéns, se não promessa de comenda, do presidente-arlequim.