sábado, 1 de abril de 2017

Pudicícia rasca no caralho das caravelas

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No tempo dos Descobrimentos, o “caralho” era a cesta que se encontrava no alto dos mastros das caravelas. Era o lugar do alto de onde os vigias espiavam, pacientemente, o horizonte na procura de sinais de terra. Mas o “caralho” era também um lugar de altíssima justiça, para onde eram remetidos os que tivessem cometido alguma infracção a bordo.
[…]»

O flamejante doutor Carlos Coelho é apenas mais um da legião de lorpas que embarcaram na lenda urbana da explicação náutica do caralho. Com currículo deste gabarito assenta-lhe mal a crendice. Um colunista que participa na disseminação pública de patranhas não pode merecer grande respeito do leitor. Neste caso, trata-se de patranha que escorre há mais de um decénio na internet recorrentemente caucionada por uma fantasmagórica "Academia Portuguesa de Letras" [?!].  
Por fim, e isso não me encanita menos, se o doutor Carlos Coelho tem por historicamente certo que o caralho era uma cesta ou mesmo um mastro, por que caralho de pudor entalou o caralho nas aspas? Se caralho era cesta e o mastro caralho era, por que mistério despudorado não pôs Carlos Coelho aspas nas caravelas ou mesmo no horizonte?