num epicédio de sentimentolindo!esplendordetextoquebonito!beijogrande como só ela sabe mas que recoloca o menino da lágrima a uma breve sístole da arte grande com a ténue diferença de que ela escreve para a urbanidade culta da igreja de manuel reis e o menino da lágrima é mais t3 na bobadela de ana cássia rebelo, a fernanda câncio, cuja escrita em minúsculas sempre me soou a maneirismo pífio, veio em público e para a tribo blogadora enlutada falar com o morto na segunda pessoa do singular - não, joão. tu eras mesmo espantoso … [tudo indica que tenha mesmo deixado de ser.]
nada de novo: o costume de tratar o morto por tu é antigo, afigurando-se eterno e insanável o desconchavo, até dos sages, perante a morte que, sendo talvez o único assunto que verdadeiramente importa à existência, acho combinarem melhor com ela o silêncio – ganho consolo, enfim, num ou noutro requiem de mozartes – e o recatado recolhimento. a merda é que a vaidade nos torna tagarelas e até um animal alegadamente lúcido como o maradona não resistiu a um abraço sabe-se lá a quem. ora o problema é justamente quem: quem é tu cujo corpo foi a cremar no alto de são joão pelas 14 horas de hoje?
entendo e sinto bem, ante a recorrente e educada perplexidade do revisor da rodoviária a conferir-me na foto do passe, que eu é um outro; agora, tu, quem é tu?
se calhar, a atenção que te – perdão! - lhe dei irremediavelmente tarde, sei lá, foda-se.