sábado, 1 de junho de 2013

Civilização, bom-senso e outras coisas sob o SupInDaCri

Sensivelmente a meio da 2.ª parte do Prós e Contras de segunda-feira passada, 27 de Maio, Pedro Madeira Rodrigues, que tem com a mulher três filhos naturais e um adoptado [Diogo, hoje com 6 anos], contou, na presença de Isabel Moreira [IM]:
«Temos o Diogo em nossa casa há seis anos… Nesta questão de que estamos aqui a falar hoje…, as crianças são muito simples e percebem tudo muito bem. Falei com este meu filho e disse Diogo, hoje vou à televisão e vou falar sobre o tema da adopção. Ele já sabe que é adoptado, ele já sabe isso, falámos com ele, com 5 anos… E dissemos-lhe Vamos falar sobre o tema porque a partir de agora … foi votada uma lei… em que pode haver dois pais ou duas mães…
- Dois pais?! Como, pai?
- Dois homens, com um pai; ou duas mulheres, com uma mãe.
- Ó pai, mas isso é uma estupidez! Não faz qualquer sentido.»

IM esteve anteontem no Inferno do Canal Q -
a partir do minuto 21:00 – à conversa com o competente e divertido anfitrião Guilherme Fonseca [GF], com quem simpatizo, porta-voz de facção tão exuberantemente entusiasmado que quase fez passar a sua convidada por criatura contida:
[…]
GF- Depois, também há o outro lado, que são os Dioguinhos que consideram uma es-tu-pi-dez! essa coisa de haver homossexuais a co-adoptar.
IM- De facto, para quem não viu, houve um interveniente no Prós e Contras que adoptou uma criança, que se chama Diogo, e ele disse «Ó Diogo, o pai vai ao Prós e Contras discutir isto», e ele disse «Que estupidez!».   
[…]
De facto, eu vi e ouvi e acho que IM narrou a reacção do Diogo de modo quiçá simplisticamente elíptico e um bocadinho deformante do contexto.

IM- Eu devo dizer que descambei e desatei a chorar...
Já eu devo dizer que conheço poucos tiques de conversa tão indicadores de personalidade autoritária como devo dizer. Sempre que me devem dizer dou um passo atrás de respeitoso temor.
 
Aludindo ao célebre episódio de 24.Fev.2012 no parlamento, em que a guerreira e inteligentíssima IM prevenira, antes de iniciar a sua declaração de voto, que estava «um pouco drogada», o simpático anfitrião lembra-se de que IM disse que estava sobre o efeito de drogas. GF não é a única pessoa culta do mundo a pronunciar-se sob o efeito da ignorância. De resto, não faltam estudos sobre o efeito dela.
 
Espanta tanta certeza; estonteia-me tanto regozijo gárrulo ungido de superioridade cívica, ética, científica, mas sempre – ai de quem duvide! – no exclusivo Superior Interesse Da Criança, havendo até quem, no SupInDaCri, seja tornado sócio do Sporting à nascença.
Por exemplo e ao acaso, o Nuno Azinheira reputou, na Notícias TV de 24.Mai.2013, a aprovação da co-adopção por casais homossexuais de nada menos do que «
um inevitável avanço civilizacional que mais não é do que o reconhecimento jurídico do bom-senso.» Ah, leão! Como se a bomba atómica não representasse, igualmente, um avanço civilizacional sobre a fisga. Mas OK, esse se calhar era evitável.      
Enquanto o resto da humanidade sofre e o islão medra, Portugal encaminha-se, em alta velocidade civilizacional, para ter a fufaria e a paneleiragem mais felizes do universo. Parabéns, Portugal. E digo-o sem nesga de assombro, eu que amo duas amantíssimas filhas, ambas sexuais, sou filho de casal sexual, adoptado por sexuais vários e aqui me declaro, por via de confusões ou mal-entendidos, homem sexual.
- Homofobia empedernida, senhor Plúvio?
- Jamais. Perplexidade tacteante, talvez.
Entretanto, queremos incesto, queremos poligamia, legalize-se a bestialidade, e o mais que a imaginação consinta ou o desejo reclame! E se de permeio puder ir tudo a referendo, tanto mais decente – como gostam os sábios sem dúvidas de proclamar – ficará o país, já que quem mais ordena há-de sempre ser o povo, não falando do papa Francisco e dos preços em 9, dentro de ti oh sim, dá-lhe!...
PS
Apreciei a relativa ainda que muito cuidadosa "coragem" com que Júlio Machado Vaz, assumido e declarado defensor do casamento homossexual, da co-adopção em casais homossexuais e da adopção plena por casais homossexuais, discorreu nos últimos 25 minutos de "O amor é..." de há oito dias, com Inês Meneses, apaniguada inoxidável da causa, pouco entusiasmada do outro lado, sobre um estudo de 2012, da universidade de  Austin, Texas, tão honesto e sério como os outros,  que, adivinho, nem Paulo Côrte-Real nem Isabel Moreira nem Fernanda Câncio algum dia se empenharão em publicitar. «Cuidado com a euforia ... São necessários mais estudos ...», etc.
Se quiser escutar JMV, faça favor.