«[…]
é preciso
distinguir o mérito da meritocracia. Certamente que ninguém deixará de apreciar
os méritos dos estudantes e dos professores, identificando-os com a
inteligência, a cultura, o espírito crítico, o empenhamento no trabalho, enfim,
as diversas capacidades. Mas a meritocracia é outra coisa completamente
diferente, como sugere a composição da palavra, que estabelece uma relação entre
mérito e poder: é um projecto de engenharia social em que a identificação do
mérito de uns é a outra face da
selecção negativa de muitos outros. Esta crítica da ideologia meritocrática
está longe de ser exclusiva da esquerda e não recai necessariamente no
igualitarismo.
[…]»
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«[…]
convém não
esquecer que estamos em Portugal. Um país onde os cobardes são as pessoas mais
susceptíveis e onde a meritocracia disfarça o oposto da meritocracia.
[...]
Os [escritores]
dos países sempre em crise têm mais sumo para contar e, se lhes der para num
bar tentar seduzir uma pessoa, são mais românticos. Eu não posso competir em
sangue com um argentino e "las madres de la Plaza de Mayo". Já me aconteceu e
perdi, a australiana passou a noite com ele.
[…]»