Joaquim Pais Jorge - muito provavelmente ninguém lhe arrebatará o recorde de “o pinículo de mais curto consulado”, 37 dias de 02.Jul a 07.Ago.2013 – é apenas um, mais um, ainda que desajeitado como nenhum, entre os multiplicados figurantes do capitalismo ultraliberalóide que pouco parecem dever ao desinteressado rigor da verdade e praticamente nada à ética cristã, formados e ungidos pela Universidade Católica Portuguesa.
Pressinto – uma muito estudiosa intuição, enfim - que os cursos de Direito e de Gestão/Economia/Ciências Sociais da Católica, com a devida resssalva das, muitas boas e algumas santas, almas que de lá saem, vêm crescentemente constituindo o útero da mais reputada e refinada sabidice arrangista na classe dirigente deste tão maltratado país. É vê-los por aí, em enxame, nos pelouros da governação [perco o fôlego a contar as lapelas pinículas do Governo de Passos Coelho moldadas na Católica ou que nela tenham tirocinado…] e das empresas, possessos de bom nome e de êxito profissional, sem prejuízo, claro, da presumida exigência didáctica do ensino superior concordatário.
Apetece perguntar, por exemplo ao excelentíssimo poeta Tolentino, padre lúcido e Vice-Reitor da Universidade Católica Portuguesa, que merda de catolicismo se anda por lá a inculcar nas cabecinhas brilhantes e crismadas dos alunos da burguesia que depois dão nisto. Onde está o sentido de serviço, missão, dádiva, despojamento, entrega, escrúpulo, verdade? Que faz esta gente ter, por exemplo, alergia à bela e nobre palavra trabalhador, como se fosse léxico do demo, usando e mandando usar na sua vez um dos mais repugnantes e mal-intencionados eufemismos do nosso tempo – colaborador?
Já agora, e só de passagem, estará alguém com saber e em condição, e com coragem, de revelar aos contribuintes exangues quanto confiou a Igreja Católica portuguesa, em toda a sua extensão e desdobramento institucional, vascular e capilar [paróquias, dioceses, congregações, conventos, seminários...], no e ao BPN, o mais mastodôntico e incomparável crime perpetrado na democracia portuguesa? De génese cavaquista, há que relembrá-lo sempre.
A padralhada será tudo menos ingénua.
O pinículo Pais Jorge é também mais um, como todos, que sai de consciência limpa - Saio sem qualquer arrependimento e de consciência limpa; ainda que a maioria use dizer, em situações de tal vezo, estou/saio de consciência tranquila. Como se a limpeza ou a tranquilidade da consciência do tratante nos pudesse tranquilizar. A mim desconforta-me muito mais a consciência sossegada de um bandido do que o seu eventual desassossego.