sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Vira* o disco e toca o mesmo

Toca a descobrir diferenças.

Último parágrafo de "Ano novo, tempo novo", texto de António Costa no DN de 02.Jan.2016, com uma vírgula espúria entre Godinho e cantou:
«Em 1974, Sérgio Godinho, cantou que "a sede de uma espera só se estanca na torrente". Depois destes brutais anos de austeridade, temos de gerir com inteligência a torrente, transformando a sua força em energia e progressivamente ir alargando as margens, aplacando a velocidade a que corre o caudal, permitindo navegação tranquila e com rumo certo.»
Sete parágrafos antes, António Costa escrevera:
«O ano de 2016 é por isso marcado por este tempo da urgência de relançar a economia portuguesa e de recuperar as fracturas sociais da austeridade, de combate à precariedade. Mas a este tempo de urgência junta-se uma visão estratégica de reforço da cidadania, modernização da economia e do Estado, de desenvolvimento do país que assentará nos pilares do conhecimento: a cultura, a ciência e a educação.»

Pelas 10h00 de hoje, o senhor Primeiro-Ministro abriu o debate quinzenal na Assembleia da República, não se notando vírgula entre Godinho e cantou:
«Em 1974, Sérgio Godinho cantou que "a sede de uma espera só se estanca na torrente". […] Depois destes brutais anos de austeridade, temos de gerir com inteligência a torrente, transformando a sua força em energia e progressivamente ir alargando as margens, de forma a aplacar a velocidade a que corre o caudal, permitindo a navegação tranquila e com rumo certo.
Sendo o início do ano de 2016 muito marcado por este tempo de urgência de relançar a economia portuguesa, de recuperar as fracturas sociais da austeridade, de combater a precariedade, é tamém em 2016 que temos de começar a preparação do futuro. A este tempo de urgência deve juntar-se uma visão estratégica de reforço da cidadania, modernização da economia e do Estado, de desenvolvimento do país que assentará nos pilares do conhecimento, a cultura, a ciência e a educação.
[...]»

Catarina Martins, emBEvecida: «o senhor Primeiro-Ministro começou por Sérgio Godinho, eu cito também Sérgio Godinho: o que é que Portugal tem que é diferente dos outros?»

O que a BEata Catarina não sabia e à generalidade dos deputados terá escapado foi que o senhor Primeiro-Ministro acabara de plagiar despudoradamente um texto do doutor António Costa publicado no DN de quatro semanas antes.
Também admiro, muito, Sérgio Godinho.

Deixa ver se a grafonola do Plúvio tem... 
Tem.
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* Vinil, claro.