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O fascismo
democrático contemporâneo manifesta-se de muitas maneiras […], mas nenhuma
delas é tão visível como a deformação, a simplificação e o empobrecimento da
língua, responsáveis por uma generalizada degradação da vida pública.
[…]
É, aliás, significativo
que alguns críticos mais indulgentes, perante a afirmação de Passos Coelho de
que a Constituição não fez nada por novecentos mil desempregados, o tenham
aconselhado a nunca fazer discursos longos improvisados, o que corresponde à ideia
orwelliana de que o falante da novilíngua “faz fluir o discurso articulado pela
laringe, sem nenhuma implicação dos centros cerebrais”.
[…]»