domingo, 3 de maio de 2020

Gonçalo M. Tavares e outros

Reconheço-me leve e acentuadamente louco, obstinada e moderadamente compulsivo.
Da primeira, 06.Jan.1973, à mais recente, 01.Mai.2020, comprei e li todas as 2479 edições do Expresso. Por maior discordância ou desapontamento que ao longo destes 47 anos o semanário de Francisco Pinto Balsemão frequentemente me suscitou, julgo ter conseguido recolher de cada número proveito equivalente, no mínimo, ao dispêndio. Às vezes por uma única página, um determinado artigo. 
Não fosse por mais, e desta vez, como felizmente quase sempre, é por mais [basta não faltar, por exemplo, o "In memoriam", obituário semanal pela pena prodigiosa de José Cutileiro*], as duas páginas do  "Diário da peste - Dois séculos tem este século**" que Gonçalo M. Tavares vem assinando na E, revista do Expresso, desde 04.Abr.2020, resgatam com rendimento milionário, tornando quase simbólicos, os 4,00 € do jornal. Na edição de anteontem:
«[...]
Dois humanos não podem olhar para o céu ao mesmo tempo. Em alguns momentos, o céu é demasiado pequeno para dois, quanto mais para muitos...
[...]
Alguém leva uma pedra para espancar o mar porque a filha se afogou ali.
[...]
A Europa está mudada.
Em pouco tempo o medo põe o humano a aceitar a pergunta: para onde vai?
Temos todos de novo 5 anos.
A até alguém com mais de 90 anos está na rua como se perdido do pai.
Pode ser mais tarde ou mais cedo.
Mas toda a gente se perde do pai.
Pelo menos uma vez.
[...]»

E daí, Plúvio?
Nada. Compre e leia.
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Também li. Concordo incondicionalmente com Miguel Esteves Cardoso.

** «[...]
O segundo século XXI começou em Wuhan.
O primeiro, nas Torres Gémeas, 2001.
[...]»
Crónica de 25.Abr.2020