No Correio da Manhã de domingo passado, Maria Filomena Mónica surpreendeu-me e fez-me rir. Numa correnteza de grandes males, perdão, Males [agiotagem no preço dos artigos de protecção, assaltos aos velhos, egoísmo no desprezo pelas regras de confinamento social, teorias da conspiração...], e sem mudança de plano, inseriu o mal de ver filmes pornográficos na televisão durante a quarentena:
«[...]
Estou a pensar na médica Inês que não pode ir dormir a casa porque tem de cuidar de doentes atacados pela covid-19, da aluna Constança que, com umas amigas, se ofereceu para ir para um lar em Trás-os-Montes, na jovem Joana que transporta comida, como voluntária, a quem não se pode deslocar. Todavia, estes factos não nos devem fazer esquecer que, ao lado do Bem, existe o Mal.
Há quem especule com o preço das máscaras, do álcool e das luvas. Há quem assalte as casas dos velhos. Há quem aproveite a quarentena para ver filmes pornográficos na TV. Há quem, por egoísmo, despreze as regras sobre o confinamento social. Como se isto não bastasse, as teorias da conspiração multiplicaram-se.
[...]»Não venho, ai de mim, resgatar e promover a grande bem, perdão, grande Bem social as fitas pornográficas no sentido em que MFM parece considerá-las. Não vou tão longe, mas terei sempre por socialmente mais tóxica do que a pornografia "convencional" a exibição [três exemplos ao acaso]
ou da garagem de Cristina Ferreira, para não falar da vassalagem obscena que Portugal, de Marcelo a Costa, lhe presta - «isto é um negócio.»,
tudo à vista das crianças e sem bolinha vermelha no canto superior direito.
No mais, respeito a pudicícia de Maria Filomena Mónica. Mas lá que me fez rir, fez.
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ÚLTIMA HORA
Terça-feira, 12.Mai.2020, 23h15 - 5.ª descontaminação das ruas de Bobadela, pela Senhora.**