sábado, 17 de abril de 2021

Maria Antónia Palla e Sócrates-Savimbi, ainda

Nunca tive boa impressão da jornalista Maria Antónia Palla. Acho-a, o Olimpo me perdoe, tonta.

"Sócrates: porquê tanto ódio?" continua a suscitar gáudio nas capelas de socratolaria. O homo sapiens é, sabemo-lo, animal naturalmente religioso. Nada de novo.

No seguimento do postal de ontem, ocorrem-me duas peças de um jornalista enorme, Ferreira Fernandes.

 Maria Antónia Palla deu uma entrevista ao Expresso de 01.Abr.2017, em que lá pelo meio se declarava solidária com José Sócrates, principal arguido do processo da "Operação Marquês", agora pronunciado por seis crimes. Ferreira Fernandes — o último suspeito de odiar Sócrates — comentou o que a mãe do primeiro-ministro, António Costa, disse acerca da sua paixão por Jonas Savimbi e por Angola. Ora, se alguém conhece e sabe de Angola é FF
«[...] quanto me irrita quem escreve sobre o que o sabe. [...]
tudo o que ela poderia saber era de ouvido e longe [...]
Voltando à entrevista de Maria Antónia Palla: Portugal devia cortar relações com Angola, não se admite que um país que teve 50 anos de ditadura, tenha relações com outro que é uma ditadura, disse ela. E é esta frase extraordinária a que o Expresso dá destaque e refere na primeira página. E disse ela, ainda: Portugal devia esquecer, completamente, Angola.
Eis o outro patamar de ignorância confirmado. Já não é a forasteira que fala dos outros. Agora, Maria Antónia Palla fala de Portugal e não o conhece. Não o conhece, não o conhece, não o conhece. Não Portugal completamente, mas de parte que sem ela Portugal seria outro. E eu, afinal, fico a conhecê-lo bem melhor: andava-me a faltar este Portugal tão bem explicitado por Maria Antónia Palla.»
Ferreira Fernandes, "Ok, esqueçam. Completamente? Isso!" | DN, 07.Abr.2017

Que diria, por exemplo, Valupi, que adora Sócrates e venera Ferreira Fernandes? Alguém para descer das muralhas da cidade?...

➭ A outra não é uma peça qualquer. Tenho-a por jóia do jornalismo português, que conservo. Trata-se da reportagem fabulosa, magistral [17 páginas; texto e fotografias de FF], feita há 33 anos nos terrenos da UNITA/Jonas Savimbi.

Enfim,
dona Palla,
sabe pouco
do que
fala.