Ana Catarina Mendes, deputada, líder do grupo parlamentar do Partido Socialista, comentou ontem na televisão a decisão instrutória de Ivo Rosa no processo da "Operação Marquês".
«Eu não consigo mesmo, não consigo entrar num julgamento moral, público, de chacina na praça pública. Não consigo. E não consigo porque eu quero acreditar que a justiça funciona, com todas as fragilidades a que temos assistido, e já lá irei. Mas quero acreditar que a justiça funciona. E portanto eu não consigo entrar numa coisa de percepção, de suspeição, julgar os actos. Não faço isso, não contribuo para esse espectáculo, não quero contribuir.»
«Há uma coisa que me deixa absolutamente inquieta, que é pensar com base naquilo a que nós assistimos nos últimos anos, nos jornais, nas redes sociais, nos ataques, nos comentários, em tudo... Foi feito um julgamento popular, e está feito um julgamento popular. [...] Nenhum de nós conhece o processo na sua essência. [...] Nenhum de nós seguramente leu a acusação. Eu não a li, estou à vontade para o dizer. Mas há uma coisa que me inquieta muito.»
Ante a reiterada e confessada incapacidade de percepção dos actos de José Sócrates, mais espanta como consegue ACM percepcionar tão lestamente e fazer juízos de tão vasto alcance histórico como, por exemplo, o que com ousadia galáctica exarou há 10 meses acerca do nada menos do que prodigioso — pois então! — ministro Centeno.
Mas absolutamente inquietante é que uma pessoa com as responsabilidades políticas de Ana Catarina Mendes, porta-voz e opinadora investida em representação do partido que governa, empenhe tanta atenção à malvadez justiceira nos jornais e nas redes sociais, desprezando e desconhecendo, com o à-vontade alarve admitido ontem, a acusação judicial no processo da "Operação Marquês" divulgada em 10.Out.2017.
O Plúvio leu-a e não tem a responsabilidade remunerada que ACM tem de defender o PS na TVI.
Pergunto-me se Ana Catarina Mendes servirá para mais do que andar de turíbulo na mão a incensar os santos, e pecadores, da confraria e a absterger o fedor das acomodações...
Ainda há não muito, ACM me deixara à beira do vómito.