«Excelentíssimo Senhor Cardeal-Patriarca de Lisboa, Eminência: ouvi as preocupações recentemente manifestadas por Vossa Eminência, em entrevista televisiva a pretexto da celebração dos seus 50 anos de vida eclesiástica, a respeito das famílias e dos cidadãos mais afectados pela actual crise e o apelo que na sequência fez a um reforço da solidariedade social por parte dos portugueses e, suponho, muito especialmente dos cristãos por cujo múnus Vossa Eminência tem particulares responsabilidades. Partilho dessas preocupações e congratulo-me com o apelo da Igreja Católica através do seu mais alto dignatário* em Portugal.
O que porém me leva a dirigir-me a Vossa Eminência é a sua declaração, na mesma entrevista, a propósito da actual situação política, social e económica do País: "Ninguém sai da política com as mãos limpas." (sic)**
[…]
Ouso, pois, interpelar Vossa Eminência para que se digne esclarecer, no que ao meu caso diz respeito, o sentido da afirmação supracitada. Por que razão acha que estariam as minhas mãos sujas após ter deixado a vida política?
Na expectativa da benesse desse esclarecimento, apresento a Vossa Eminência os meus mais respeitosos cumprimentos.»
Isabel Pires de Lima, "Carta aberta ao Senhor Cardeal Patriarca" | DN, 07.Out.2011
Isabel Pires de Lima, "Carta aberta ao Senhor Cardeal Patriarca" | DN, 07.Out.2011
A propósito, leio na blogosfera liberalóide fecalóide, estrebuchante de vindicta, que um socialista com poder é inevitavelmente um vigarista. Repugna-me concordar.
Acredito, por exemplo, em que a socialista, entre tantos, Isabel Pires de Lima, ex-ministra da Cultura, não foi uma vigarista no poder; nem é uma vigarista.
* E decerto não será o não saber escrever dignitário que macula a sua probidade.
**** Foda-se, Plúvio, quando deixas de subestimar os teus sábios leitores?
** RTP ***
*** Por via das dúvidas, informo que é uma piada. ****